Capítulo 4

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A noite foi realmente agradável, mas estava na hora de por meu plano em prática. Digo à Donna que irei ao banheiro, a trançada me mostra o caminho, mas eu fui exatamente ao lado contrário. Desde que cheguei observei o local, minhas coisas já estavam prontas, e agora, era só pular a janela até o primeiro andar, pular as grades do fundo, quando os guardas estiverem trocando de turno e voilà, livre desse lugar.

Até que eu gostei do pessoal, conversamos sobre de tudo um pouco. Schneider por outro lado se retirou já havia um tempo. Acho que ele não tem muita paciência em socializar.

Desço até o primeiro andar e vou em direção de uma das torres de um dos guardas, nesse exato momento estavam em troca de turno, então não estavam prestando muita atenção.
passei discretamente por baixo da torre me desviando da luz.
Cheguei perto da grade, mas por cima havia uma cerca elétrica, que eu já desliguei têm uns dez minutos.
Avaliei a situação, e essa não seria a minha melhor fuga, nem a mais fácil.

Senti um cheiro de cigarro forte, varri o local e me deparei com uma sombra, alguém estava me observando a algum tempo.

— Eu não faria isso se fosse você. - eu conheço essa voz.

— Ah, é ? que bom que não sou você então. 

a sombra solta uma risada.

— Os guardas podem estar em troca deste lado, mas tem muitos outros por fora. - Olho ao meu redor analisando. Não tinha pensado nos de fora. - O que foi? pensou que no seu primeiro dia aqui já iria conseguir sair fora ? tsc.

— Quem é você mesmo? Não lembro de ter pedido opinião, muito menos ajuda de ninguém.

— Ah, que isso, meu bem. - A sombra se move, revelando um rosto, o rosto dele. - Acabei de te livrar de uma, se te pegassem iriam te trancar no mínimo
por uma semana no porão.

— Pensei que você não tivesse língua, quase não escutei sua voz lá em cima. - O garoto me olha com uma sobrancelha levantada - Por quê não está curtindo a festa ?

— Eu que te pergunto, parecia tão em casa. - O garoto diz jogando o cigarro no chão e logo pisoteando o mesmo.

— Sabe como é né, nem sempre o que vemos é real.

Dito isso, com minha mochila em minhas costas, vou de encontro do mesmo local que desci. Pensei que meu plano iria dar certo, nem pensei na volta.

— Sabe, a não ser que você seja a nova versão do homem aranha, acho que você não consegue subir aí não. - Schneider diz com tom irônico, me observando.

— O que foi? virou minha sombra agora ?

— Você não merece tanto - Diz convencido - Conheço um caminho, quer minha ajuda ou não ?

Eu estava sem opções.

— Já que insiste.

O garoto me olha com um sorriso de lado, se movendo para uma pequena porta que eu se quer tinha notado. O loiro a abre, revelando um grande lance de escadas.
Subimos degraus por um tempo, acredito que uns cinco minutos até chegarmos de volta nos corredores masculinos.

— A festa já acabou, acho que deve voltar para seu dormitório. Escapou de ser pega lá em baixo, mas ainda corre risco por aqui.

Assenti, e Schneider se virou tomando seu rumo.
Mas antes, o chamei.

— Schneider ? - O garoto, que já estava na metade do corredor se vira. - Obrigada.

                                                     ✾

— Ele te ajudou!?

Eu acabei contando sobre ontem para Donna, até por que a mesma havia me perguntado o porquê do sumiço.

— Foi. - Digo adentrando pela porta da sala de história.

— Ele não ajuda ninguém, deve que estava muito drogado. - Donna diz sussurrando na cadeira de trás da minha.

O professor chega na sala e logo toda a sala fica em silêncio.

— Podem me chamar de Sr. Dusey. Quero completo silêncio em minhas aulas e participação, se nada disso for realizado, detenção em todos os feriado. Não aceito atrasos e-

O Sr. Dusey logo foi cortado por uma cabeleira loira que adentrava a porta.
Schneider estava bem arrumado, e com aparência bem calma, mesmo passando bem cara a cara com o Sr. Dusey.

Esperei para que o Sr. Dusey gritasse, o expulsasse de sala, mas ele simplesmente não disse nada, parecia até com medo.
que porra?

— Bom, vamos dar início à nossa aula.

Após a aula de história tivemos mais quatro longos horários, e finalmente havia chegado a hora do almoço.
Eu estou sozinha, Donna estava resolvendo algo no dormitório e eu indo até o banheiro antes de entrar no refeitório.
Quando passo pelo banheiro escuto sussurros e gemidos.

A porta de onde vinham esses sons estava fechada, mas minha curiosidade foi maior, e acabei a abrindo.
Quando passo pela porta vejo um garoto moreno e magro no chão, outros dois garotos ao redor agredindo o garoto e falando coisas terríveis.

Apresso meus passos e vou até um dos garotos que praticava a agressão, pego seu braço e puxo com força o torcendo, o garoto urra de dor e vem para cima, pego o mesmo e derrubo no chão com um soco giratório.
O outro garoto estava com cara de susto, acho que ele não esperava que o amiguinho dele fosse tão derrotado por uma garota.

— Vem mano. - Diz levantando o amigo desnorteado do chão, passando pela porta e sumindo das minhas vistas.

Olho para o chão e vejo o garoto com alguns machucados em sua face, sua mão cortada e seu rosto em completo choque.
Chego até ele e agacho.

— Ei, você está bem ?

— Estou sim, agora estou. - Pego em sua mão e o ajudo a levantar - Muito obrigada por isso. Mas não precisava ter se intrometido assim, agora eles vão atrás de você.

— Relaxa, se eles vierem eu acabo com eles de novo. - O rosto do garoto estava detonado e sua mão toda cortada - Você precisa cuidar disso.

— Ah, tudo bem. Logo passa, já estou acostumado.

— Qual seu nome ? - Pergunto segurando seu braço e o levando para o corredor em direção à enfermaria.

— Luke, e o seu? - o garoto responde ainda com a voz trêmula.

— Blake. - chegamos na enfermaria e logo uma das enfermeiras o ajuda - Você não deveria se acostumar com algo assim, o que aconteceu para que eles fizessem isso com você ?

— Eu sou gay. - Diz Luke descendo da maca - Olha, estamos perdendo o almoço.
Vem comigo, eu te pago algo.

—  Não precisa pagar nada, te ajudei por que quis. Mas vamos até o refeitório sim.

No caminho do refeitório Luke me contou que veio parar aqui por ter fugido para a américa do Sul quando seu pai descobriu sobre sua sexualidade, que ele causou um inferno na família, mas que não era exatamente do agrado dele.

Luke parece uma boa pessoa, fiquei triste em pensar que todos os três anos que já passou aqui, ficou todo o tempo sozinho.

— Sabe, eu fico sozinho mas ao menos observo muita coisa - Diz pegando um pedaço de pizza - Sei do seu grupo e que é nova aqui.

Se ele sabe sobre isso, deve saber do Schneider também.

— Hm, então você sabe algo sobre o Schneider ? - Pergunto sem demonstrar muito interesse.

— Ele é muito discreto, se já o vi falando mais de dez frases foi muito. Sei que todo mundo tem medo dele, que ele é o favoritos da Sr. Belman, e acaba passando muito tempo no porão.

O mistério só aumenta, quem será realmente esse Schneider ?

— Por que a pergunta ? - Indaga Luke me despertando dos meus pensamentos.

— O achei interessante.

— Cuidado, Blake. - Luke segura minha mão, me fazendo encara - lo - Ele não é boa coisa.

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⏰ Última atualização: Jul 09 ⏰

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