DICIOTTO | RESTI DI UNA NOTTE

26 4 0
                                    

C E C Í L I A

165

SENTI ALGO PESADO sobre meu corpo quando me mexi, abri os olhos mas não vi diferença na escuridão do lugar que eu estava. Me remexi mais uma vez e identifiquei braços e pernas enroscadas em mim. Tateei ao meu redor até encontrar a cabeceira na lateral da cama e pegar o controle sobre ela, pressionei em um botão qualquer e as cortinas do quarto se abriram pela metade.

A princípio não consegui enxergar com a forte luminosidade do sol que adentrou o quarto, mas aos poucos minha visão foi se acostumando com a claridade e pude enfim visualizar tudo ao meu redor.

O quarto estava uma verdadeira bagunça. Tinha garrafas de champanhe jogadas no chão, meus saltos um em cada lado do quarto, roupas, sapatos, terno, tudo estava espalhado para todos os cantos possíveis. Não era meu quarto, mas - agora - reconheceria o design da casa dos Moralez sem precisar de esforço.

Estava no quarto de Eveline, na cama de Eveline, dormindo com Eveline.

Virei para o lado e ela estava dormindo serenamente, deitada de lado com as pernas por cima do meu corpo e os braços envoltos na minha barriga. Uma cena fofa, se eu fosse bem franca comigo mesma.

Mais uma vez olhei ao redor e aos pouquinhos senti a racionalidade cair sobre mim. Precisava levantar, tomar um banho gelado e beber café preto e puro, para passar a ressaca que já ameaçava em minha mente.

Com um enorme esforço, consegui me afastar do aperto de Eveline e levantar da cama, vestia uma camisa provavelmente dela e apenas isso para cobrir o corpo. Não me importei em pegar minhas coisas, certamente alguém entraria no quarto e ajeitaria tudo.

Caminhei nas pontas dos pés até a porta do quarto, abri, sai e a fechei atrás de mim, tudo num completo silêncio. Soltei o ar que prendia e segui caminho para meu quarto. Tudo estava exatamente no lugar, como esperado; fui direto para meu banheiro, tomei um banho demorado e gelado, lavei os cabelos para tirar todo aquele laquê dos fios, me enrolei na toalha e pus outra no cabelo, optei por uma roupa simples e confortável, sendo uma camisa de mangas longas e um short de malha folgadinho.

Deixaria meu cabelo secar naturalmente sem usar nenhum produto para cachear, visto que no dia seguinte iria passar horas penteando ele, então fazer isso hoje seria perda de tempo.

E tirando o fato que ele ficaria como uma juba e um misto de definição e friz, tudo ficaria bem.

Sai do quarto rumo a cozinha e agradeci aos céus ao encontrar a mesa pronta. Isabella estava sentada terminando seu café quando me juntei a ela.

"Bom dia, bela adormecida." - brincou e eu revirei os olhos.

"Ainda está muito cedo para piadas, Bella." - resmunguei com uma careta.

"Cedo? Já passa das dez horas."

"E o que você está fazendo tomando café tão tarde?" - retruquei com uma sobrancelha erguida. Ela abriu a boca fazendo menção de responder e então sorriu, apontando o indicador em minha direção.

"Muito esperta, Srta. Denaro" - avisou com ironia. - "Ou já posso chama-la de Sra. Moralez?"

"Ai, nem me lembre, já é amanhã."

"Não está ansiosa?"

"Estou, justamente."

"Eu também, estou quase surtando."

"Que bom que resolvemos tudo a tempo de poder deixar o penúltimo dia para descansar, não aguentaria fazer nada hoje se fosse preciso." - confessei após um suspiro.

Amor Vermelho Sangue - Livro III | Trilogia Amor De BandidoOnde histórias criam vida. Descubra agora