Adrenalina

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Um jovem destemido, conhecido no submundo das corridas de racha ilegais. Com seu carro modificado, ele desafiava todos os limites, sempre em busca de adrenalina. Numa noite, depois de mais uma corrida ganha, seu carro teve um problema sério. Sem opções, e querendo que pudesse consertar ainda naquela noite, encontrou uma oficina aberta com apenas um homem.

"Ahn, boa noite? Tudo bom? Será que pode me ajudar? Tive um probleminha com meu carro, será que o senhor poderia dar uma olhada?"

Megumi o analisou rapidamente, provavelmente não era muito mais velho que ele, e ser chamado de "senhor" pareceu estranho. E imaginava muito bem de onde ele poderia ter vindo.

Sempre foi o tipo de pessoa que seguia as regras. Trabalhava duro na oficina que herdou de seu pai, mantendo uma vida tranquila e previsível. Era perceptível o contraste dele: tinha um olhar determinado e roupas não muito convencionais. Normalmente, jamais teria permitido que um criminoso entrasse na sua oficina, mas sentiu que dessa vez deveria ajudar.

Fez um sinal com a mão que ele rapidamente entendeu e então colocou o carro na oficina. Explicou o que poderia ser o problema do carro, e Megumi, embora ainda relutante, aceitou consertá-lo.

"Você veio das corridas, não é?" Perguntou, embora já soubesse.

"Já ouviu falar de mim?" Ele sorriu empolgado. Subiu ao topo rapidamente e agora comandava as corridas, e se orgulhava da influência e poder que adquiriu.

"Tento não ouvir, a maioria acaba com problemas quando se envolve com vocês." Mesmo que não tenha sido a intenção, a frase saiu como uma farpa, que o atingiu diretamente.

Ele até gostaria de ter um argumento, mas aquilo era verdade; constantemente tinha problemas, e é por isso que teve que procurar um mecânico naquele horário.

"Não se preocupe, eu não vou contar a ninguém que estive aqui..."

Megumi sentiu algo que não entendeu, e preferiu trocar para algo menos desconfortável.

"E como são? As corridas."

Foi como ter apertado um botão. Enquanto trabalhava, ele falava com paixão pela velocidade e notou a chama nos olhos dele ao falar das corridas. E, novamente, sentiu algo.

Explicou a ele que teria que deixar o carro na oficina, pois o problema era um pouco mais do que imaginavam.

Durante o tempo em que consertava o carro do nomeado Itadori, continuava a imaginar como seria para ele nesse mundo, e como ele teria entrado e se apaixonado por algo tão perigoso. Os dias passaram e o carro estava pronto. Yuji, agradecido, insistiu para que ele assistisse a uma corrida. Hesitou; já era arriscado ter aceito aquele carro na sua oficina, e agora iria diretamente para o covil?

Mas aquele sentimento o fez aceitar o convite. Estava atraído, era como um pequeno inseto sendo atraído pela luz que, no fundo, sabia que iria lhe envolver em problemas no final. Mas naquela noite, ele o viu correr e, pela primeira vez, sentiu a adrenalina que ele tanto falava. A poeira subiu, os carros aceleraram e, quando percebeu, estava torcendo para que ele ganhasse. E, quando saiu do carro vitorioso mais uma vez, foi diretamente a Megumi agradecer.

Continuou sendo atraído por ele e a ir nas corridas. Yuji não participava de todas, às vezes os dois torciam juntos e, com a experiência que tinham, sempre sabiam exatamente quem iria vencer. A cada corrida, eles se aproximavam mais. Ele já não fazia tanta questão de esconder isso, sempre chegava perto demais, encontrava desculpas para vê-lo e flertava vez ou outra.

No entanto, Fushiguro ainda lutava contra o medo e a insegurança de se envolver com alguém tão diferente. Tinha medo do que poderia acontecer, ter passado por uma situação quase tão semelhante a do seu pai, temia ter o mesmo fim.

Depois de uma noite de chuva, após uma corrida, eles ficaram presos na oficina. E, enquanto esperavam a tempestade passar, ele se sentiu confortável ao lado de Itadori para abrir seu coração.

"O meu pai... Ele era dono daqui e era incrível personalizando carros, e sempre consertava os carros dos rachas daquela época. Até um pessoal rival tentar obrigar ele a modificar os carros deles. Obviamente ele recusou, não podia trair o grupo dele. Então... Foi assim que ele morreu."

Sentados lado a lado, Magumi esperava que agora ele entendesse o porquê dele ter medo daquela relação, das corridas...

"O seu pai foi incrível, continuou sendo leal mesmo sabendo das consequências, e não abandonou o grupo. Mas eu garanto, que agora comigo no controle das corridas, isso nunca mais vai acontecer. Principalmente com você."

A química entre eles era inegável, mas ele ainda hesitava. Sabia que se envolver com Yuji significaria entrar num mundo desconhecido e perigoso, no qual seu pai já havia experimentado e se sacrificado. Não sabia se era certo seguir o que estava sentindo por ele, mas valia o risco, e já não conseguia mais não estar ao seu lado.

Uma semana depois, ele foi até a pista de corrida, determinado. Chegou a tempo de vê-lo alinhar para mais uma corrida. Quando o viu, soube que não poderia mais ignorar o que sentia.

Correu até o carro antes que desse partida e bateu na janela, viu ele se assustar e abrir a porta. Assim que entrou, não teve tempo de falar, a corrida começou e o carro acelerou. Nunca tinha estado nesse ponto de vista, e, se do banco do passageiro conseguiu sentir a adrenalina de cada curva naquela pista, imaginou como seria para ele pilotando. Não se surpreendeu com o brilho no olhar e o sorriso no rosto de Itadori durante as voltas.

Após a corrida, ainda dentro do carro e, com o coração acelerado, Fushiguro confessou o que não podia mais ser evitado: ele precisava de Yuji, e queria ele ao seu lado, apesar de tudo. Surpreso e emocionado, admitiu que também o amava. Eles se beijaram, selando um laço que jamais poderia ser quebrado.

Com o tempo, encontraram um equilíbrio.  Ele a ajudou a entender os perigos das corridas, e o outro o ensinou a viver a vida com mais paixão. Juntos, enfrentaram desafios, mas nunca se separariam.

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