Único

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Avisos Iniciais: Essa OneShot surgiu da ideia fixa que tinha sobre Petruchio não fazer o estilo de homem que bebe (apesar da cara de beberrão) e de como seria a reação de Catarina ao vê-lo dessa forma pela primeira vez. Peço encarecidamente que comente caso goste, o incentivo é realmente importante para que a inspiração me visite mais vezes. Dito isso, boa leitura!


~X~

Ele nunca havia gostado de beber, nem mesmo quando era um rapagão inconsequente pelas ruas de São Paulo.

Não gostava da sensação do álcool queimando sua garganta, tirando qualquer resquício de dignidade que ele tanto se importava. Eram raras as ocasiões que aceitava uma taça de licor - diga-se de passagem dos mais fracos- para que não fizesse feio em eventos cheios de pompa.

Mas aquela noite não era um evento especial, ele nem mesmo queria comparecer se não fosse pela insistência de Catarina argumentando que ficaria feio não ir a festa de aniversário de tio Cornélio, especialmente quando ele já havia o ajudado tanto.

Preferia ter ficado na fazenda junto de sua esposa, as crianças haviam acabado de entrar no sexto mês de vida e na última semana estavam particularmente enjoadas. Só queriam colo e após um episódio de febre alta em Laurinha resolveram chamar o doutor que logo atestou, o aparecimento dos temidos primeiros dentes. E se essa fase já era complicada com apenas um bebê, imagine em dose dupla.

Os últimos dias haviam sido cheios, estavam muito manhosos e por mais que os cuidados de Neca e Mimosa fossem de muita serventia não haviam ajudado muito, eles só queriam os pais. Petruchio havia perdido as contas de quantos banhos mornos tinha ajudado Catarina a dar nos pequenos durante a madrugada por conta da bendita febre, e de quantas trocas de camisa havia feito pois dar colo significava uma cachoeira de baba manchando sua roupa.

Por isso que naquela noite quando Catarina  disse que não iria até a festa de Cornélio pois estava muito apreensiva em deixar as crianças, ele se sentiu aliviado, também não estava com um pingo de vontade de ir. A verdade é que havia se desacostumado a sair sem Catarina em seu encalço, principalmente para festas, se sentia muito deslocado e seu pensamento sempre acabava nela ou nas crianças em casa o esperando.

Ainda se lembrava do diálogo fresco em sua memória:

— Então eu também num vo. — Sentenciou enquanto balançava pelo quarto um Augusto adormecido em seu colo.

—Como não vai? Esqueceu que seu tio só fala disso no último mês?—Catarina sentada na cama retruca. — E no quanto conta muito com nossa presença já que não irão muitas pessoas? Você deve ir, é bom que faz companhia a papai que também estará lá. Eu vou ficar bem com os dois. —Ela faz uma pausa, observando o rosto contrariado do marido.—E além do mais, Neca e Mimosa estão aqui para caso eu precise de ajuda. Só não volte muito tarde, ouviu grosseirão?

E agora ele estava ali, no meio daquela sala luxuosa, muito a contragosto e com uma roupa engomadinha que muito contrariado Catarina havia o ajudado a escolher e colocar. No fim a mulher possuía a razão, ele devia ir, mesmo que isso significasse ficar pouco tempo na festividade. O tio havia sido o único familiar que o apoiava em seus tempo de miséria, e emprestava boas quantias de dinheiro quando ele não tinha mais ninguém a recorrer. Era um grande amigo e até mesmo tinha ajudado a se acertar com Catarina quando ele estava cego por um ressentimento estúpido contra ela. Estava na hora de retribuir, não é mesmo?

— Petruchio! — Ele escuta a voz inconfundível de Cornélio enquanto se esgueirava por entre as pessoas na sala. — Que felicidade você aqui meu sobrinho, estava mesmo te esperando!

Inebriado - OneShot CatruchioOnde histórias criam vida. Descubra agora