A Coroa e a Cicatriz

Capítulo 1 : A plebéia e o Príncipe ♔︎

Evangeline nunca imaginou que sua vida mudaria tão drasticamente naquela noite sombria.
Filha de um modesto artesão do reino de Veridia , ela vivia nos limites da cidade , longe das intrigas palacianas e das pompas da corte.
Sua rotina consistia em cuidar dos irmãos mais novos , ajudar o pai na oficina e tecer histórias fantásticas nas horas vagas.

Naquela noite , porém , tudo mudou quando ela decidiu visitar a feira noturna para comprar ingredientes para o jantar da família.
As ruas estavam agitadas , iluminadas por tochas e lanternas que lançavam sombras dançantes nos prédios antigos.
Evangeline caminhava com agilidade , seus passos rápidos e determinados refletindo a urgência em voltar para casa antes que a noite caísse por completo.

Um grito ecoou pela rua escura , fazendo - a parar subitamente.
Seus olhos se arregalaram ao vislumbrar um grupo de homens encurralando alguém contra a parede de pedra.
Instintivamente , Evangeline se escondeu nas sombras , observando com o coração acelerado.

" Onde está o príncipe ? " Um dos homens rosnou , empunhando uma faca reluzente.

" Eu não sei do que você está falando ! " A voz que respondeu era jovem e firme , tingida com um leve sotaque real.

Evangeline piscou , reconhecendo a figura do jovem príncipe Lysander, o herdeiro do trono de Veridia.
Seu coração disparou.
O príncipe sempre fora retratado nos jornais como um jovem nobre , cercado de luxo e protegido por guardas.
Vê-lo ali , desarmado e em perigo, despertou um senso de urgência em Evangeline.

Sem pensar duas vezes , ela agarrou uma das tochas apagadas ao lado dela e , com um movimento rápido, acendeu-a novamente.
O clarão repentino revelou sua presença , e os homens viraram-se para encará-la , surpresos.

" Deixem-no em paz ! " Ela gritou , sua voz tremendo de nervosismo , mas carregada de determinação.

Os homens hesitaram por um momento , avaliando a situação.
Evangeline segurou a tocha firmemente, mantendo o príncipe atrás dela enquanto seus olhos escaneavam rapidamente as sombras em busca de uma rota de fuga.

" Quem é você ? " Um dos homens Perguntou , sua voz áspera com desconfiança.

" Sou apenas uma cidadã de Veridia , mas isso não importa agora.
Deixem o príncipe ir ! "
Evangeline respondeu , seu coração batendo descompassadamente.

Antes que os homens pudessem reagir , sons de passos rápidos ecoaram pela rua.
Luzes brilharam á distância, revelando a chegada de uma patrulha da guarda real.
Os agressores amaldiçoaram baixinho e , em um movimento rápido , desapareceram nas sombras da noite.

Evangeline suspirou aliviada , sentindo o peso da tocha em suas mãos.
Ela virou-se para o príncipe, cujo rosto estava iluminado pela luz fraca.

"Você está bem , alteza ? " Ela perguntou , sua voz suavizando-se com preocupação genuína.

Lysander assentiu , seu olhar fixo no dela.
"Obrigado por me salvar... você é corajosa".

Evangeline balançou a cabeça , desconcertada pela proximidade repentina com a realeza.
" Foi instinto.
Eu não poderia simplesmente deixá-los machucá-lo."

O príncipe estudou-a por um momento , como se visse além das roupas simples e da tocha que ela segurava.
" Qual é o seu nome ? "

" Evangeline , " ela respondeu rapidamente , sentindo - se subitamente consciente de sua própria aparência desalinhada.

" Obrigado , Evangeline, " Lysander disse sinceramente , oferecendo-lhe um pequeno sorriso que fez seu coração bater ainda mais rápido.

Antes que ela pudesse dizer mais alguma coisa , a guarda real chegou ao local , seus uniformes brilhando á luz das tochas.
Evangeline se afastou discretamente , deixando que os soldados cuidassem do príncipe.

Ela observou de longe enquanto Lysander era levado para longe da cena , cercado por guardas vigilantes.
Seu coração ainda martelava no peito , e ela mal podia acreditar na reviravolta dos acontecimentos naquela noite.

Enquanto se afastava , Evangeline sabia que aquele encontro não seria esquecido facilmente.
A vida tranquila que conhecera até então estava prestes a mudar , e ela não tinha idéia do que o destino lhe reservava agora que havia cruzado o caminho do príncipe.

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