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彡★ Capítulo 19: O festival da lua.
Arrumamos tudo antes de sair do esconderijo. Estava ainda abalada pelo que aconteceu e, depois que os ânimos se acalmaram, fiquei me perguntando se Rosa havia escutado aquela gemedeira toda. Imediatamente, a consciência começou a voltar, e um senso de decoro, que parecia não fazer parte de mim, tomou conta. Não sabia como encarar a Astri depois de ela ouvir tudo aquilo, mas isso era algo para se resolver mais tarde.
Segui Xariar até o jardim. Não entendi muito bem o que ele estava fazendo e até cheguei a cogitar se ele sairia do castelo pela porta da frente, sem mais nem menos. No entanto, em vez de seguir pelo caminho principal para o portão, ele entrou em uma sebe e, antes que eu pudesse o seguir, me puxou pelo braço para atravessar o muro de folhas.
Era como se estivesse passando por dentro de um furacão, e no final, estava cheia de galhos e folhas no cabelo e nas roupas, passando a mão desesperada para tirar tudo.
— O que está fazendo? — ralhei com Xariar.
— Shiiiiiu. — ele me silenciou, colocando o dedo na frente da boca, pedindo silêncio. — Os guardas vão escutar.
— E daí? O máximo que vai acontecer é surgir boatos de que fomos pegos atrás da moita. — ironizei.
Ele revirou os olhos, dando um sorriso malicioso, mas parecia estar procurando algo entre as sebes e o muro altíssimo que se estendia à nossa frente. Ele percorreu de um lado para o outro, se agachando no fim, antes de soltar um murmúrio de triunfo. Tirou vários galhos e folhas secas de um ponto específico e depois me mostrou, orgulhoso.
— Ta-da! — ele sussurrou.
Era uma passagem suficientemente grande para passarmos engatinhando sem sujar as roupas. Um milhão de perguntas surgiram em minha mente enquanto ele indicava que eu deveria passar primeiro. Fiquei com medo de ficar presa na passagem, mas, com um pouco de esforço, consegui passar no aperto para o lado de fora, seguida por Xariar, que tampou a passagem ao sair. Minha mente fervilhava com mil perguntas.
— Como você sabia da existência disso? — estava notavelmente surpresa.
— Um sultão tem seus segredos... e digamos que a vida no castelo às vezes pode ser sufocante. — ele tirou a poeira das vestes e ajeitou o xale roxo sobre o ombro. — Recomendo que você faça o mesmo. — indicou que eu cobrisse a cabeça.
— Não trouxe véu. — mordi o lábio, enrolando uma mecha de cabelo no dedo indicador nervosamente.
A passagem dava direto para um beco, no qual nos encontramos no início, e algumas pessoas que passavam já percebiam nossa presença, nos olhando com expressões nada amigáveis.
— Você trouxe dinheiro? — perguntou ele, e minhas mãos gelaram na hora.
— Não.
Eu havia esquecido completamente desse detalhe; na verdade, não tinha como prever isso, já que meu plano original era ir ao mercado depois que todos estivessem dormindo. No entanto, eu não sabia onde Sherazade guardava dinheiro.
— Vou voltar para buscar.
Eu já estava me ajoelhando, pronta para passar pela passagem de novo, quando Xariar me fez levantar e tirou um saco de estopa do bolso, chacoalhando-o na frente do meu rosto.
— Q-quando você? — gaguejei, um tanto boba, tentando entender.
— Peguei antes de irmos para nosso lugar de sempre. Eu já planejava sair com você. — ele piscou, jogando o saco no ar, fazendo as moedas tilintarem antes de cair na sua mão novamente.
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O feiticeiro e o deserto.
FantasíaTorthaí é um lugar pertencente ao domínio dos Astris, uma espécie de fada. Jade, uma jovem humana que após ser levada para trabalhar na mansão do um duque de Limethorm, um Astris, por conta de uma dívida, acaba descobrindo um livro que ao abri-lo, f...