You drafted my heart - Nika Mühl

Capítulo 24 - Pré temporada

NOVEMBRO 

Os meses que se seguiram entre Agosto e Novembro passaram em um piscar de olhos, um verdadeiro borrão de dias divididos entre treinos, aulas e momentos com Nika. 

Os meus dias começavam cedo, com o som insistente do despertador me arrancando do mundo dos sonhos. Eu levantava, ainda meio sonolenta, e me preparava para mais um dia. As manhãs eram dedicadas aos treinos intensos, onde eu me entregava completamente à quadra, sentindo cada músculo do meu corpo trabalhar, cada gota de suor escorrer. Passar pela transição de uma clássica armadora para uma ala-armadora não foi fácil, mas cada arremesso certeiro, cada movimento fluido me fazia sentir mais confiante.

Depois dos treinos, as aulas ocupavam boa parte do meu dia. Cursar Neurociência e Bioquímica era desafiador, mas fascinante. Eu adorava mergulhar nos mistérios do cérebro humano, entender os processos químicos que regiam nossas emoções e comportamentos. Era uma espécie de dança, complexa e intrincada, mas que me encantava. Os corredores da UConn, sempre movimentados, eram testemunhas do meu ritmo acelerado, correndo de uma sala de aula para outra, com livros e cadernos em mãos. Nika e eu compartilhávamos algumas aulas de psicologia, o que tornava o dia mais leve. Nos intervalos, trocávamos olhares cúmplices e sorrisos, aproveitando cada pequeno momento juntos.

E então as noites eram dedicadas aos momentos que eu mais prezava: os que passava com a sós com minha namorada, em uma mistura de estudos e momentos de tranquilidade ao lado de Nika. Encontrávamos um equilíbrio perfeito entre nossas responsabilidades acadêmicas e o tempo para nós duas. Muitas vezes, nos encontrávamos na biblioteca, onde estudávamos em silêncio, mas com a presença reconfortante uma da outra. Outras vezes, caminhávamos pelo campus, mãos dadas, aproveitando a brisa fresca do outono e conversando sobre nosso dia.

Aos finais de semana, explorávamos cada canto de Storrs juntas, descobrindo novos cafés, livrarias escondidas e parques tranquilos. Cada passeio, cada refeição compartilhada, era um pequeno refúgio da correria do dia a dia. Niki tinha um jeito especial de transformar os momentos mais simples em algo mágico, e estar ao seu lado era como encontrar um pedaço de paraíso em meio ao caos.

E assim, os dias se transformaram em semanas, e as semanas, em meses. Quando dei por mim, já era a primeira semana de novembro. O outono pintava as paisagens de Connecticut em tons de laranja e vermelho, e o ar estava mais fresco. Eu sentia uma mistura de ansiedade e excitação tomar conta de mim. Meu primeiro jogo oficial por UConn estava se aproximando rapidamente. Mesmo sendo apenas um jogo de exibição contra Kutztown, a pressão era palpável. Eu sabia que todos os olhos estariam voltados para mim.

Lembrei-me de como foi dar os primeiros passos na quadra de UConn, de como me senti pequena diante de uma equipe tão grande e talentosa. Mas, com o tempo, fui encontrando meu espaço, meu ritmo. A conexão com minhas novas companheiras de equipe cresceu, especialmente com Nika, que sempre estava lá para me incentivar e me apoiar.

Naquela semana, cada treino parecia mais intenso, cada arremesso mais crucial. Eu me concentrava em cada detalhe, cada movimento, querendo estar preparada para dar o meu melhor. A noite antes do jogo, mal consegui dormir. Fiquei deitada na cama, olhando para o teto, com mil pensamentos passando pela minha mente. Lembrei-me de tudo o que me trouxe até ali, de cada desafio superado, cada momento de dúvida e cada vitória conquistada.

Na manhã do dia 6 de novembro, acordei mais cedo do que precisava. Aproveitei então para fazer uma sessão de corrida na academia do campus. A adrenalina já estava correndo pelas minhas veias, e eu precisava liberar um pouco dessa energia antes do grande jogo.