Amor de Aluguel - Vhope

Tempestade

Taehyung apoiou os cotovelos sobre a mesa e soltou um suspiro cheio de frustração. Ele lançou um olhar vazio para as contas espalhadas sobre a mesa, ficando atordoado por um longo tempo até que o som de seu celular tocando o acordasse. O número estava salvo como 'cobrança'. Taehyung levantou, ignorando a chamada até que ela desligasse sozinha.

Ele recolheu as contas e as guardou. Sua situação ultimamente não estava nada favorável. Seu pai morreu há dois anos e sua mãe, que também descobriu uma doença grave, estava hospitalizada a vários meses. Eles não eram tão pobres antes, mas depois de pagar pelo tratamento e o funeral do pai e logo depois arcar com a hospitalização da mãe, todas as economias e bens da família foram esgotados.

Taehyung tinha acabado de sair da faculdade e apesar de já ter um emprego, o dinheiro que ganhava não era o suficiente para pagar as contas e ainda sustentar seus dois irmãos mais novos. Ele vinha fazendo horas extras todos os dias e já havia adiquirido um par de olheiras escuras sob os olhos.

Taehyung abriu a geladeira quase vazia e bebeu o último gole de água da garrafa. Ele tentou enchê-la na pia, mas mesmo depois de girar a válvula da torneira até o fim, nenhuma gota de água caiu. Beleza! A companhia de água cortou o abastecimento da casa! Taehyung sentiu uma onda de raiva subir por sua garganta como um refluxo ácido. Ele gritou e socou a parede. Doeu muito. Doeu pra caralho!

Seus olhos se encheram de lágrimas enquanto ele sacudia a mão. De alguma forma, a dor aliviou um pouco do sentimento reprimido. Ele se encostou fracamente no armário, sentindo a pressão que parecia se acumular sobre ele, dificultar sua respiração. "Hyung?" Taehyung virou a cabeça e viu um menino meio crescido parado no arco da porta. Ele controlou a respiração ofegante e se forçou a sorrir.

"Você está acordado?" Ele fez um gesto para o menino se aproximar.

"Eu ouvi o hyung gritar, então acordei. O hyung está bem?" A criança perguntou.

Taehyung olhou com culpa para o irmão mais novo e não soube o que responder por um longo tempo. Nessa idade, Taehyung estava vivendo uma vida boa e sem preocupações. Ele frequentava uma boa escola e morava em uma boa casa. Ele nunca precisou se preocupar com comida ou roupas e seus pais eram harmoniosos. Mas seus irmãos mais novos tiveram que enfrentar uma calamidade após a outra em tão tenra idade. Taehyung se sentiu mal por eles, mas ele já estava fazendo o seu melhor. Se ao menos tivesse outra saída...

"Volte a dormir." Taehyung evitou a pergunta. "Amanhã será um longo dia."

O menino olhou para ele com seus grandes olhos, parecendo ainda querer dizer algo. Taehyung notou sua hesitação, mas ele realmente não queria perguntar sobre isso. Se ele dissesse que precisava de algo novo ou faltava alguma coisa para levar para escola, Taehyung não poderia fazer nada a respeito. Ele não perguntou, mas a criança ainda falou. "Hyung, eu estou com fome." Ele disse. "Mais cedo no jantar, eu dei minha parte para o pequeno San comer."

Taehyung cerrou os dentes. Pequeno San, Taesan, era o caçula de apenas seis anos. Taeyi, o irmão do meio, tinha doze anos esse ano. Ele estava em fase de crescimento, mas por ter apenas lamen para comer todos os dias, ele ainda não era tão alto quanto os outros garotos de sua idade. "Meu estômago dói e eu não consigo dormir." Ele confessou, seus olhos grandes olhando para Taehyung com expectativa.

Taehyung fechou os olhos com força, sentindo-os arderem. "Não há nada em casa. Hyung vai sair e comprar. Espere por mim, certo?" Ele disse e viu o garoto assentir animado.

Ele pegou o casaco e saiu rapidamente. Ele andou a passos rápidos, sua vista estava um pouco embaçada. Se ao menos houvesse uma maneira de ganhar um pouco mais de dinheiro... Ele faria qualquer coisa! Não importa o quão árduo ou humilhante, desde que ele pudesse ter o suficiente para atravessar essa tempestade. Mas não havia nada! Não havia nenhuma luz no fim do túnel. Ele se sentiu perdido e atordoado. Ele tinha apenas 25 anos. Ele acabou de se tornar adulto, mas já tinha que suportar tanto.