Capítulo 5

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    — Srta. Aoba, o doutor.... Não disse que eu me comportei mal mais cedo, né? — Will corou de vergonha ao dizer isso. — Na verdade eu fui só um pouquinho impulsivo quanto outra enfermeira trouxe meus medicamentos. Ela sequer deu "bom dia"! Eu fiquei triste por não te ver.... — explicou-se o menino, ao qual Yayoi respondeu entre risos:

— Eh... Jun me disse um pouco sobre isso... — começou ela — Na verdade, eu fiquei bastante feliz quando Jun me contou isso, quer dizer que você gosta da minha companhia. — Yayoi bagunçou o cabelo ruivo de Will, o qual sorriu desconcertado. — Mas, por favor, nunca deixe de tomar seus remédios por isso, ok? — avisou a jovem ternamente — Será muito pior se você nunca mais pudesse jogar, não é mesmo?

Will assentiu com a cabeça.

— Continue se esforçando muito para melhorar e assim que isso acontecer eu prometo que irei ver sua primeira partida! — Yayoi exclamou.

    Já fazia uma hora que Jun tinha saído do hospital para se reunir ao resto do time do Ajax no horário de treino. E devemos concordar... que vida corrida! Não preciso mencionar novamente que fazia um frio de congelar os ossos e Misugi não se surpreenderia se em vez de minúsculas gotas de suor escorrerem de sua testa caíssem cristais de gelo sobre ele! Graças aos céus por eles terem ótimas roupas de treino e que eram muito bem aquecidas! Afinal faltavam apenas dois dias para as quartas de finais começarem na KNVB Beker (também conhecida como Copa da Holanda) seria um jogo muito importante! Jun tinha feito uma pausa, por isso foi até um dos bancos pegar um garrafa d'água. Na metade do percurso, Cruyfford aproveitou para conversar com ele:

— Cara, o que aconteceu na noite passada? Você desligou de repente... Aconteceu algo ruim? — Brian indagou expressando preocupação, enquanto seguia-o.

Jun suspirou.

— Yayoi teve um desmaio... tive que desligar e correr para socorre-la — explicou secando o pouco suor que tinha em seu rosto. Ele estremecia toda vez que lhe voltava a mente aquele momento terrível. — Ela está no hospital agora. Assim que acabar aqui vou voltar correndo para lá. — concluiu Misugi.

— Ah, então tá explicado. Sinto muito mesmo, cara. Espero que ela melhore logo. — Cruyfford confortou o companheiro de time. — Sei que ela tem te ajudado muito desde que você chegou a Holanda.

— Na verdade, Cruyfford, não desde que chegamos a Holanda. Yayoi esteve comigo em todos os momentos mais especiais da minha vida. Eu a conheço desde que éramos pré-adolescentes e ela tem me apoiado desde então. Em todas as terapias, exames, campeonatos, vitórias, derrotas, ela estava comigo e mesmo quando eu não merecia, quando eu agia como um completo babaca,  ela estava lá. Vamos nos casar em junho desse ano, quando for verão no Japão, tenho certeza de que nunca fiz escolha melhor em toda a minha vida. — contou Misugi a Brian com o brilho da lembrança e expectativa.

— Jun, quando eu conhecer alguém especial espero mesmo que seja assim — Brian fez o colega emitir uma leve risada nasal com aquelas palavras. — bom, é melhor voltarmos a treinar antes que o técnico venha nos buscar aqui. — brincou Cruyfford.

    O treino finalmente tinha acabado e ele então pode voltar ao hospital. Estava escuro e tinham muito menos pessoas rondando a recepção do lugar. Tinha uma quantidade menor de pacientes também. Ao que parece o lugar estava agradavelmente vazio. Jun foi quase que correndo ao quarto onde estava sua noiva. Através da janela do quarto contemplou uma bela donzela de cabelos castanhos que dormia profundamente. Misugi não pode deixar de contemplar a cena com um breve sorriso brotando de seus lábios. Ele lenta e cuidadosamente abriu a porta, puxou uma cadeira próxima a cama onde ela estava e começou a acariciar a cabeça de sua noiva com ternura.

    Ele se lembrou dos exames que ela tinha feito mais cedo e que, dependendo dos resultados dos exames, ela receberia alta no dia seguinte. Jun deixou o quarto na mesma velocidade com a qual tinha entrado, cumprimentou a enfermeira Margaret, que passava por ali com um carrinho de remédios, em um corredor e se dirigiu apressadamente a sala onde eram feitas as análises dos exames. Talvez algum médico que trabalhava lá tivesse alguma resposta para o que sua Yayoi tinha. A sala de análises estava bastante escura, então ele ligou as lâmpadas do lugar e deu uma rápida olhada nas análises da Aoba. Não havia qualquer infecção, intoxicação, vírus ou bactéria no resultado do exame­­­ ­e isso era uma ótima notícia! Porém, se ela não tinha nada disso o que havia de errado com ela? Jun permaneceu vendo todos os exames por quase três horas e o resultado era sempre o mesmo – Nada, absolutamente nada. "Talvez ela só estivesse sobrecarregada e precisasse apenas descansar" foi sua reflexão final.

   Misugi foi para seu escritório e começou a folhear um colossal dicionário de Anatomia esperando ser chamado novamente. Ele não entendia o porquê, mas naquele dia ele estava feliz em cumprir o plantão. Já tinha atendido vários pacientes e foi auxiliar em uma cirurgia cardíaca terrivelmente complicada e arriscada, então por que diabos ele não queria descansar ou ir para casa? Foi só quando, passando pelo corredor daquela sessão que ele entendeu: Era ela. Ela era o motivo dele não querer sair dali. Jun só queria ficar o mais perto possível e estar com Yayoi a cada momento.

    Já era quase manhã em Amsterdã e também era chegado o fim do plantão de Misugi. A cadeira de plástico que ele tinha colocado ao lado da cama dela ainda estava lá. Ele se sentou na cadeira, que mesmo não sendo nada confortável, fez com que ele se sentisse agradecido. Ele reclinou a cabeça e adormeceu sobre o mesmo travesseiro que sua noiva com um sorriso no rosto. Para ele era simples, estar com Yayoi era mais poderoso do que qualquer remédio receitável.

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