sodade - capitulo único

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"sodade meu bem, sodade...
sodade do meu amor" - sodade - de baco exu do blues

Amaury.

A cortina movimentava calmamente a medida que o vento entrava de forma gentil no quarto, juntamente com a luz que pousava no canto da cama.

Enquanto eu ali sozinho, sem ele, sem sua presença, acordava mais uma vez.

Pode parecer dramático mas desde sua partida não venho sendo o mesmo, a casa não está mais alegre, nada mais parece estar como antes.

Eu errei, eu sei que errei, o que me atormenta é que não sei como consertar. Não sei como trazê-lo novamente para meus lençóis...para meus braços.

Saudade de seu cheiro, do cheiro leve de seus cabelos quando acordavamos. Saudade de ver seus olhos passando pelo meu corpo enquanto me arrumava pro trabalho.

Agora estou aqui, sem meu amor e sem meu emprego desde mês passado

Saudade do meu amor...

Diego.

Eu tento esquecê-lo, sua presença não está nas festas que eu fui, nem nas ruas que andei, ultimamente não esbarro com seus olhos curiosos em nenhum lugar.

O cheiro do drink que ele fazia pra mim depois que voltava do trabalho, sinto falta de desafrouxar sua gravata enquanto sentia suas mãos na minha cintura, sinto falta do cheirinho que ele dava no meu pescoço antes de dormimos agarradinhos na sua cama, sinto falta dos lençóis, de sua perna presa na minha por baixo dos lençóis.

Fecho os olhos e sinto a água passar pelo meu corpo inteiro. Estou cansado de sentir sua falta, sentir saudade de arrepiar na medida que sua língua passeava pelo meu corpo.

Respiro fundo tentando afastar as lembranças de nossos momentos mais quentes em que eu despertava aquele olhar dele enquanto o mesmo me fodia do jeito que só ele sabe fazer.

Eu cansei.

Não dependo dele pra viver. Porém viver com ele era tão bom, complementava a minha vida, me trazia alegria.

Mas também lembro de como ele gritou comigo, de como seu estresse pós briga com o chefe favoreceu para ficar bravo comigo.

Não tenho notícias dele, não fiz questão, ou pelo menos me forcei a não fazer questão de saber qualquer notícia relacionada a ele.

Mas eu cansei de fingir que não quero ele de volta

"Não, por favor não...Não brinque de me esquecer"

Amaury.

Sai cedo de casa. Liguei o carro e andei pelo centro da São Paulo extremamente movimentada.

Meu plano era ir visitar minha mãe, ficar uns dias por lá e contar pra ela que eu e Diego terminamos. Sim, ela não sabe ainda.

Pelo menos acredito que não, se Diego não contou então ela não sabe.

Acredito que quando eu contar ela se entristeça, já que ela e Diego se gostavam demais. De todos os meus namorados, minha mãe sempre foi mais próxima de Diego.

O trânsito está mais parado que o normal. Aproveito pra ligar o Spotify e colocar "limão siciliano" do baco pra tocar.

E então depois de olhar a vista pelo vidro do carro, o vejo.

Ali, dentro de um ônibus, sentado, com fone no ouvido, com a cabeça encostada no vidro do automóvel com os olhos fechados

O semblante dele é sereno, parece adormecido, apesar do barulho irritante de buzinas e motores de carro. Poderia ficar ali pra sempre. Naquele trânsito parado observando aquele rapaz.

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