Capítulo 46

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੭࣪  46
Taehyung

LEVANTEI DE MAU HUMOR E AINDA PUTO COMIGO MESMO, COM ELA E COM QUALQUER outra coisa que aparecesse na minha frente

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LEVANTEI DE MAU HUMOR E AINDA PUTO COMIGO MESMO, COM ELA E COM QUALQUER outra coisa que aparecesse na minha frente. Me limitei a tomar meu café de um gole só, peguei a prancha e segui pelo caminho que levava até a praia.

A água estava mais fria naquela época do ano, mas quase agradeci. Me concentrei nas ondas, em controlar meu próprio corpo enquanto as dominava, no sol nascendo lentamente atrás da linha do horizonte, no barulho do mar...

E, quando terminei, exausto na água com os braços sobre a prancha, os pensamentos que eu estava tentando enterrar voltaram com força total.

Ela. E aqueles lábios macios com sabor de limão.

Fechei os olhos, suspirando fundo.

Que merda era aquela que tinha acontecido?

Saí da água quase mais irritado do que entrei, e voltei para casa. Deixei a prancha na varanda e vi que Jennie tinha se levantado e estava na cozinha, atrás do balcão, preparando uma xícara de café. Engoli em seco, tenso. Ela me olhou meio de lado.

— Por que você não me acordou?

— A gente ficou até tarde ontem à noite.

Jennie colocou uma mecha de cabelo atrás da orelha.

— Sim, mas você sempre me acorda.

— Bem, hoje não. Sobrou café?

— Acho que um pouco.

— Ótimo.

Tomei o segundo do dia e abri a geladeira para procurar algo para comer. Como eu temia, ouvi a voz dela atrás de mim. E foi o tom... aquele tom que dizia que ela não ia simplesmente deixar passar. Aquele tom que eu não queria ouvir.

— Taehyung, o que aconteceu ontem à noite...

— Aquilo foi uma aberração do caralho.

— Você não está falando sério — ela sussurrou, tremendo.

Soltei o ar que estava segurando e apoiei o quadril em um dos móveis da cozinha. Olhei nos olhos dela. E fui firme. E duro. Como eu tinha que ser.

— Jennie, você me pediu aquilo, que eu te desse um beijo. Eu dei, mas agora sei que não deveria ter dado. Acho que eu deveria ter imaginado que você confundiria as coisas, e não te culpo. Você está passando por uma fase difícil. E você é... é...

Ela deu um passo à frente.

— Eu sou o quê? Fala!

— Você é uma menina, Jennie.

— Você sabe que isso me machuca.

— Aos poucos você vai perceber que a dor, às vezes, cura outras coisas.

E ela tinha que se curar de mim, o que quer que estivesse passando pela cabeça dela. Eu não tinha muita certeza do que ela sentia e, como aconteceu naquele dia, anos atrás, quando vi os corações no diário dela, eu também não quis saber. Tem coisa que é melhor deixar como está até desaparecer. Evitar. Olhar para o outro lado.

Era mais fácil assim. Muito mais fácil...

Peguei uma caixa de suco de maçã.

— Eu não acredito em você, Taehyung. Eu senti. Eu senti você.

Ela veio na minha direção a passos lentos. E a cada passo eu sentia uma maldita revirada no estômago. Vi a garota que ela tinha sido antes, aquela que pulava no vazio sem pensar, a que não conhecia a palavra “consequências”. A apaixonada. A intensa. A que permitia que as emoções transbordassem porque ela não tinha medo delas. A que você nunca sabia o que ia fazer. A que pintava quase de olhos fechados e se deixava levar pelo que sentia, sem analisar cada traço, sem ter consciência de que o que ela fazia era mágico.

— Eu sei que te pedi isso. Mas foi de verdade. O beijo.

— Jennie, não complica as coisas — resmunguei, bravo.

— Tá bom, então admite e eu paro.

— Não vou mentir só para te deixar contente.

Guardei o suco e fechei a geladeira empurrando a porta com força, enquanto pensava na confusão em que eu me tinha me metido por causa de uma besteira. Deixei-a ali e saí para a varanda.

Que ideia de merda resolver ficar bêbado com ela. Que ideia de merda ceder e me deixar levar pelo impulso. Que ideia de merda tudo isso. Porque eu não entendia o que estava acontecendo. Que aquela garota que eu tinha visto crescer estava agora me pedindo para admitir que aquele beijo tinha sido real.

Se Oliver descobrisse, ele me mataria.
E, caralho, o que Douglas Jones diria sobre isso?

Quando essa pergunta me veio à cabeça, franzi a testa.

Era a primeira vez que eu pensava nele assim, como se ainda estivesse em algum outro lugar. Esfreguei o rosto.

Eu nunca tinha entendido essas pessoas que, quando acontecia alguma coisa boa, acreditavam que aquilo era um presente de seus entes queridos falecidos, que seria obra deles; e, quando algo de ruim acontecia, ao contrário, repreendiam-se, acreditando que estavam decepcionando seus mortos. Pura ilusão. Apegar-se à esperança para sobreviver.

O copo meio vazio me dizia que, se a situação dos primeiros meses tinha sido difícil com ela sem falar e trancada no quarto, aquela que começava a se desenhar seria ainda pior. O copo meio cheio me gritava que, de alguma forma meio torta, Jennie estava sentindo. Sim, estava sentindo o que não deveria, mas pelo menos estava, o que era melhor do que a outra opção: o vazio.

Mas mesmo esse pensamento não me tranquilizou quando, pouco depois, ela saiu para a varanda e me olhou como se eu fosse uma merda de um príncipe encantado.

Eu sabia que tinha que fazer algo drástico.

Algo para cortar aquilo pela raiz.

Algo para cortar aquilo pela raiz

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𖹭

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