Um Amor Além do Tempo

Capítulo 09: O colega de classe

Já imaginou ter sua vida, da qual você amava, ser arruinada por outra pessoa sem motivo algum?

Bem, isso aconteceu com a Chloe quando aquela pessoa entrou na vida dela...

— Mas que merda é essa? — digo, sentindo repulsa cada vez que deslizo o mouse nas mensagens de texto, cujo autor não é mencionado, que o desconhecido mandou ao longo de 5 meses.

As mensagens se tornavam cada vez mais conturbadas com o passar do tempo. A princípio, começaram com palavras simples como "Olá, bom dia.", depois com "Você vai à escola amanhã" e então começaram: "Você fica tão sexy quando usa esse pijama no seu quarto."

E não acaba por aí.

Não bastavam as mensagens de texto extremamente desconfortáveis, ela também recebia fotos dela mesma no seu dia a dia. Fotos dela saindo de casa, indo para a escola, estudando na sala de aula, jantando e tendo um tempo em família. Sem contar as inúmeras fotos dela sozinha e distraída no próprio quarto, trocando de roupa ou estudando. Tudo, absolutamente tudo isso, foi fotografado e enviado para ela junto de textos ainda mais absurdos que os anteriores.

Isso não é um caso simples de uma garota que teve seu trágico fim por descuido de velocidade, isso é um caso de stalker, do mais perturbador e repugnante.

Nem imagino como a Chloe deve ter se sentido ao ver tudo isso.

— Que merdinha! — murmurei, cerrando os punhos, extremamente irritada. — Quem esse psicopata acha que é?

Tudo que eu podia sentir ao ler aqueles e-mails era nojo e ódio ao mesmo tempo. Nojo dessa pessoa, nojo do que ela fez, e ódio do que iria fazer caso Chloe não tivesse fugido naquele dia.

Talvez esse seja o motivo de eu não conseguir ter acesso a todas as memórias dela. Ela está com medo, mesmo depois de morta, com medo de reviver aquele mesmo pesadelo de novo.

— Se eu ao menos tivesse controle sobre essas memórias, eu iria...

— Irmã! — sou pega de surpresa quando a voz de Jonathan surgiu atrás de mim, me chamando.

Bruscamente, olho para trás, surpresa com sua aparição repentina. Ele não deveria estar ocupado fazendo o jantar?

— Sim? — respondi, nervosa, pois o computador ainda estava ligado naquele e-mail. Se ele ver isso, pode contar para todos, e isso seria uma dor de cabeça. — O que foi?

— Você tem uma visita — anunciou ele, vindo em minha direção calmamente.

— Uma visita? — perguntei, deslizando minha mão sobre o mouse para tirar o e-mail da tela. — Pensei que não teria visitas por um tempo depois da minha alta.

— Eu também pensei isso, mas, aparentemente, a pessoa estava bem ansiosa para te ver. — disse Jonathan, com o sorriso bobo que aprendi a gostar com o tempo.

— Se é assim... — disse, levantando-me da cadeira e indo rapidamente em sua direção, agarrando seu braço e o virando em direção à porta. — Vamos juntos recebê-lo, não queremos fazê-lo esperar, não é mesmo? — perguntei, puxando-o pelo braço.

Eu ainda não consegui tirar o e-mail da tela, então minha única opção era afastar Jonathan e ir atender essa visita.

— Tá tudo bem? Você parece meio agitada — perguntou ele, confuso.

— Imagina, eu... só estou curiosa para saber de quem se trata. Até porque, além da minha família, não recebi nenhuma visita enquanto estava no hospital — disse, como desculpa. Eu preciso mantê-lo afastado desse quarto até despachar essa visita.