Cap 36 | Você

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ᴀʟɪᴄᴇ's ᴘᴏɪɴᴛ ᴏғ ᴠɪᴇᴡ 🏁

O hospital parecia ser mais longe do que nunca agora. Eu não me lembro exatamente como levantei da cama, ou como troquei de roupa tão rápido, eu só lembrava de estar descendo as escadas do hotel correndo, do sol estar acinzentando o céu com a chegada de um novo dia, e de como eu parei o primeiro taxi vago praticamente me enfiando na frente dele. E aqui estava eu, balançando as pernas como se fosse levantar voo no banco de trás do carro, e não estávamos nem perto de chegar ainda. 

—  O senhor pode ir mais rápido? Eu estou com um pouco de pressa... —  Acariciei minhas mãos tentando me apaziguar, mas nada estava adiantando. 

— Não posso furar os sinais, moça. 

—  Você pode fazer isso só desta vez, não? Por favor, é uma emergência! 

Ele olhou bufando para o retrovisor, não deve ter notado muito em mim quando entrei, mas agora parecia estar focando muito no meu rosto. 

— Você... Eu te conheço de algum lugar? 

— Pode só ir mais rápido!? 

— Você é a namorada daquele piloto! 

Joguei as costas no banco com força, colocando as mãos na cabeça enquanto tentava me acalmar. Já havia se passado quase meia hora e eu ainda estava na porra desse carro. 

—  Tudo bem garota, só desta vez, porque a sua vida está uma tragédia. 

Ele parecia certo disso. Não me surpreendia de nada que todos sabiam da minha vida depois de ter virado manchete de várias primeiras páginas de fofoca e de próprios jornais esportivos. O carro começou a acelerar e eu finalmente senti que estava chegando em algum lugar. Quando chegamos na frente do hospital, a única coisa que consegui fazer na pressa foi pular para fora do carro e jogar uma nota de cem dólares no banco do passageiro. Era com certeza mais do que o necessário, mas eu não estava me importando com isso. 

O elevador foi outra batalha para a minha pressa. Agoniava meu ser estar tão longe e tão perto. Charles estava acordado, ele finalmente acordou. 

Chegando na recepção do seu andar, Gasly já estava lá, e veio na minha direção quando corri até eles. 

— Já podemos entrar? — Foi a primeira coisa que disse quando nos aproximamos. 

— Abriram uma exceção, pelo horário não era permitido mas... Ele é o Charles Leclerc. Ele já fez alguns exames e Pascale está lá dentro com ele.

— E ele... Se lembra? 

— Não teve sequelas de memória, ele está falando... Está bem. 

Por um momento, o mundo ficou mais leve, e mesmo assim, quando senti o peso saindo dos meus ombros, me apoiei em meus joelhos, respirando fundo.

—  Charles sabe que está aqui. 

Fiquei quieta, voltando a me portar direito em meus pés. 

Eu ainda não sabia o que iria fazer, nem como ia falar com ele, tampouco sabia se ele me queria por perto, eu me sentia imensamente culpada por tudo o que aconteceu. Eu o abandonei tantas vezes que era impossível ele me querer de volta. E não era justo com ele que eu me intrometesse de novo na sua vida e estragasse tudo. 

Beyond The Finish Line | Charles LeclercOnde histórias criam vida. Descubra agora