24 | preto angústia

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Em um mar de incertezas, meu medo é a sombra escura que me cerca.

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Enquanto dirigia a toda velocidade, o mundo ao redor parecia não existir.

O barulho do carro, dos outros veículos, das buzinas e do vento não conseguia tirá-lo do buraco negro em que sua mente tinha entrado minutos antes. Lembrava-se de quando Jimin se ofereceu para buscar seu irmão em um dia qualquer que precisava conversar com Leung. Sabia que Jimin não ofereceu ajuda com más intenções, até porque ele ainda não conhecia Jungkook, mas ter permanecido perto dele foi uma escolha própria, uma escolha que ele discordou desde o início.

Taehyung repetiu milhões de vezes que Jimin não deveria se aproximar, tentar algo ou se meter em confusões, mas foi exatamente o que aconteceu. Jimin se aproximou mesmo sabendo que ele era contra, chegou tão perto a ponto de começarem a dormir juntos, e o pior de tudo era que já fazia meses desde que ele buscou Jungkook no estúdio, o que provavelmente significava que eles estavam escondendo o que quer que estivesse acontecendo por muito tempo.

Imaginar aquilo, imaginar que seu irmão estava se aproximando, dormindo e saindo em encontros com alguém tão inadequado quanto ele, colocava uma pressão tão forte em sua cabeça que ele preferia que ela explodisse. Não queria, não aceitava. Não queria que Jungkook estragasse a vida ao escolher ficar com alguém tão inadequado para ele. Jimin poderia ser quem fosse, ter o dinheiro que tivesse, ser bonito o quanto fosse, mas nunca teria uma alma pura e digna como a de seu irmão. E Taehyung, melhor que ninguém, tinha certeza disso. Porque ele, mesmo sendo irmão de Jungkook, sabia que não deveria contaminá-lo com sua própria impureza.

Mas ele era egoísta demais para deixá-lo ir.

Além de tudo isso, Taehyung estava se sentindo traído. Jimin dizia a Deus e ao mundo que queria ser seu amigo, nos últimos dias até começou a chamá-lo de "amigo", invadia sua sala e mostrava-se sempre impressionado com suas pinturas. Amigo da onça. Que tipo de amigo pegava o irmão do cara que estava tentando se aproximar, fingia que nada estava acontecendo e, no fim, enfiava uma faca nas suas costas daquele jeito? Jimin poderia ser tudo, menos um amigo como tanto enchia a boca para dizer.

Jungkook era seu irmão, tinha sua própria vida e poderia fazer o que quisesse com ela. Apesar de estar triste por ele esconder algo como aquilo, Taehyung não estava com raiva; afinal, Jungkook podia fazer o que quisesse. Mas Jimin... Jimin não devia nada a Taehyung. Era um completo estranho que entrou em sua vida querendo se tornar seu amigo, e no fundo, ele confiou, tanto que permitiu a aproximação dele com sua esmeralda preciosa. Jimin o traiu, e Taehyung se sentiu um idiota por achar que poderia confiar em alguém tão parecido com ele mesmo.

Apesar da ignorância, Taehyung sentia que estava se aproximando mais de Jimin, mas perceber que estava errado sobre ele deu um gosto azedo na sua boca. Na única vez que permitiu a aproximação de alguém estranho daquele jeito, recebeu em troca a pior traição que poderia vir de um amigo.

Mas, no fim, eles não eram amigos.

Parou o carro de qualquer jeito em frente ao prédio já conhecido. Não sabia nem como tinha chegado ali, não lembrava de nada do caminho e nem se parou nos sinais fechados. Sua mente não parecia estar funcionando. Apertou a campainha várias vezes, sem paciência para esperar o porteiro atender sua chamada; queria apenas poder arrombar aquela porta.

Boa noit...

— Quero ir pro apartamento 38 — disse sem muita gentileza; o porteiro que o perdoasse, mas não estava em um dia bom.

Qual é o nome?

— Kim Taehyung.

Foi só naquele momento que Taehyung percebeu que provavelmente seu nome não estava na lista de autorizados. Ele havia estado naquele prédio apenas duas vezes, exatamente três anos atrás. Lembrava do apartamento por sorte, mas com certeza não seria liberado para entrar e acabaria fazendo um barraco ali mesmo.

cores são sentimentos, tysOnde histórias criam vida. Descubra agora