Um Olhar Vale por Mil Palavras

26 1 1
                                    

Para ser sincera,não me lembro exatamente como tudo aconteceu,tudo o que consigo fazer agora é correr,ouvindo os passos dos três atrás de mim. A noite está fria,a chuva intensa deixa meus olhos pesados,e a terra úmida está me fazendo escorregar,mesmo assim continuo correndo.

A propósito,não me apresentei,meu nome é Akane Hinode,e gostaria de dizer que é um prazer te conhecer,mas não sei se vou sobreviver essa noite. Me recordo de estar tranquila a algumas horas atrás,antes de... antes de tudo ocorrer.

Era a filha mais velha de uma família simples,e não,você não leu errado "Eu era"... Meus pais eram pessoas humildes,e eu tinha dois irmãos mais novos. Kota,era meu irmão mais novo,que por sorte puxou meu pai,Akira,um homem calmo e doce... Ele sempre me ouvia quando precisava de conselhos. Já minha irmã do meio,Miyo,tinha cabeça quente kkk,mas vivia atrás de mim,era tão doce...
Minha mãe,Ayumi,era uma mulher de temperamento forte,talvez fosse por causa de seu cabelo vermelho,herança que eu e minha irmã recebemos.

Meus pais trabalhavam com plantações de arroz,e apesar de não ser um trabalho de muito prestígio,era o suficiente para tudo oq eu e meus irmãos precisávamos. Eles valorizavam coisas simples como: educação,determinação e bondade,e fizeram questão de sempre ensinar isso para mim e meus irmãos. Éramos felizes,bom... Pelo menos,até algumas horas atrás...

A tempestade de agora estava menos intensa,quando três homens pediram abrigo a meu pai por causa da chuva. Aquilo parecia inocente a nossos olhos,mas foi apenas quando entraram,que percebemos que era tarde demais.

Nunca vi Onis em minha vida,então quando vi aqueles homens virarem figuras completamente abomináveis,meu sangue gelou por completo. Não tivemos como nos proteger,e quando menos percebemos,meu pai,que estava a frente de nós,recebeu um golpe brutal na barriga,o que arrancou gritos desesperados de meus irmãos e mãe,enquanto eu estava completamente chocada.

Quando pude pensar,no segundo seguinte peguei uma faca,e como reflexo,acertei nos Onis. Pensei que ajudasse em algo,mas foi o suficiente para ganharmos tempo. Contra minha vontade,meu pai e mãe mandaram eu e meus irmãos corrermos para a floresta,em busca de ajuda e para nos esconder.

Sem escolha,corremos nós três o mais rápido que pudéssemos,o desespero correndo em nossa circulação sanguínea,acelerada pelo medo e adrenalina. Pela tempestade,acabei perdendo Kota e Miyo de vista,me fazendo ficar ainda mais desesperada. Gritei pelos dois com toda a força que pude,ignorando o som alto dos trovões.

Até que do meio das sombras,em um dos clarões de um raio,vi os três Onis não muito longe de mim. Paralizei de imediato,vendo os três cheios de sangue... o sangue fresco de minha família. Se tudo estava ruim,então minha sorte simplesmente sumiu,porque os três me viram.

Agora aqui estou eu,correndo em meio a chuva,cansada e assustada,já quase sem fôlego em meus pulmões,que doem quando respiro. Minhas pernas estão doloridas e com os joelhos e cotovelos machucados das quedas que tive pelo solo molhado. Os Onis são rápidos,mas sou ágil o suficiente para conseguir fugir e atravessar por lugares pequenos.

Para meu desagrado,sinto uma pancada forte em minha perna esquerda,me fazendo cair com tudo no chão. Minha perna ficou presa em uma pedra pesada,impedindo uma tentativa de fuga,estava indefesa.

Vi as três criaturas me cercarem,seus olhos brilhando com um desejo sanguinário,aclamando pelo meu sangue. As árvores do monte que tinha subido para me esconder pareciam seres imensos das sombras,querendo me ferir com seus longos galhos. A lua está cheia,iluminando a floresta,acompanhada pelos raios.

O Vermelho Nem Sempre É Ódio Onde histórias criam vida. Descubra agora