Capítulo Treze.

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Já se passaram uma semana desde a fatídica noite em que eu descobri que William estava noivo de outra mulher... justamente naquela fatídica noite em que eu decidi me entregar a ele! Desde que foi embora, ele nunca deixou meus pensamentos. Me sinto tão vazia e sem sentido a ponto de viver todos dias o mesmo dia e todas as noites a mesma noite, tento ficar bem para não demonstrar fraqueza mas a noite é quando tudo vem a tona, é quando eu posso ser fraca e baixar a guarda e eu prefiro que seja assim, prefiro que seja sozinha. Embora minha avó me questione por várias vezes o que há de errado comigo; eu respiro fundo e digo que estou bem ou até mesmo minto dizendo que é cansaço mas não ouso tocar no nome dele pois sei que se começar a falar não vou conseguir para de chorar.
Alika e Tim tem vindo aqui várias vezes ao decorrer dos dias, eles trazem lanches, assistimos alguns filmes juntos, jogamos alguns jogos e até que fico bem quando eles estão por perto me distraindo mas no momento em que eles passam pela porta o vazio me invade novamente e tudo volta a ficar como antes, são mudanças de humor, estresse, pesadelos recorrentes... a passagem de William pela minha vida foi como experimentar uma droga viciante, penso nele a todo momento, desejo ter ele a todo tempo e isso me machuca, me queima por dentro como um viciado prestes a entrar em abstinência com a falta de sua droga...

— Malie! — Minha avó chama minha atenção antes de eu me esconder novamente em meu quarto. — CHEGA! Vai me dizer agora o que está acontecendo, não aguento mais te ver assim! Hoje é sábado e você nem ao menos tocou no assunto de sair com seus amigos.
— Estou muito cansada, vovó e... — Antes de continuar sou interrompida por ela.
— Eu criei você, Malie, já faz uma semana que você diz que está cansada e que está ansiosa e preocupada com a faculdade quando eu sei que não é só isso, não posso mais deixar você nesse estado catatônico... me conta o que está te magoando. — Ela me questiona. — Foi aquele turista, não foi? — Os olhos dela começam a lacrimejar ao me ver assentir. Ela pousa sua mão sobre a boca como se quisesse segurar sua reação.
Comprimo os lábios enquanto tento reprimir o choro mas quando noto já estou desabando nos braços de minha avó. Ela me abraça e se mantém de pé como uma fortaleza, sinto meu corpo tremer enquanto coloco toda a minha tristeza para fora mas minha avó não move um músculo, ela se mantém ali firmemente chorando junto comigo e me mantendo de pé.
Alguns minutos se passaram e minha avó me trouxe um chá e agora eu já não estou mais chorando mas parte da tristeza que sentia se diminuiu.
— Quer me contar o que aconteceu?. — Ela pergunta. Nego balançando a cabeça e tomo um pouco do chá.
— Somos só eu e você desde sempre, preciso que sejamos sinceras uma com a outra... O que esse rapaz te fez, Malie? — Ela me questiona novamente.
Baixo meu olhar envergonhada, não sei se tenho coragem para contar isso à minha avó. Ela costuma me dizer que uma mulher tem que pertencer ao seu primeiro homem a vida inteira e o homem para quem eu meu entreguei tem outra e não volta mais. Embora eu discorde desse pensamento retrógrado eu ainda respeito muito a ideologia da minha avó.
— Ah não, Malie, não me diga que se deitou com aquele homem! — Ela me pressiona com a pergunta. Já me sinto sufocada suficiente para seguir escondendo então assinto para ela e já foi o suficiente para que ela entendesse. Ela não diz uma palavra mas sua expressão é de partir o coração, a única coisa que eu poderia fazer para desaponta-la eu fiz.
— O que mais está me escondendo, Malie!?.
— Ele vai se casar... em breve... — Respiro profundamente e fecho os olhos para impedir que as lágrimas desçam. — Descobri na noite em que ficamos juntos.
Minha avó esta estática me observando e seus olhos estão saltados, parece que ela ainda não digiriu as coisas que contei.
— Não posso acreditar que se envolveu com um homem comprometido. — Vovó responde enquanto me analisa cabisbaixa.  — Minha filha, eu sei que isso te machucou, mas não deixa isso te destruir. Tem tanta coisa boa pra acontecer na sua vida, tem a faculdade, tem pessoas novas que você vai conhece e tudo isso que aconteceu nesse verão ficará para trás... se levanta, vai trabalhar e juntar o seu dinheiro para a sua ida para a faculdade. Esqueça esse rapaz e recomeçe!
Eu esperava algo mais abrasivo da parte de minha avó, mas ela me apoiou e parece estar esforçada em me motivar. Em momento algum eu pensei em desistir da faculdade mas me senti tão mal que não senti vontade alguma de ir para Nova York.
— Se você não quiser mais ir para Nova York nós podemos ver algumas universidades por aqui. — Ela comenta. No mesmo instante volto a ter esperança dentro de mim novamente.
Minha avó e eu ficamos horas no sofá, fazendo planos para a minha ida a faculdade e conversando sobre o futuro, parece que tirei um peso enorme das minhas costas e agora vou poder recomeçar, o que mais estava me preocupando era como ela reagiria ao fato de eu ter perdido a virgindade com um completo estranho mas felizmente ela reagiu bem e me apoiou, estamos fazendo planos juntas e eu até mesmo me esqueci o motivo da minha preocupação.
— Amanhã eu vou me levantar e vou sair para vender meus modelitos no último dia de festival, vou colocar o meu melhor sorriso no rosto e levantar a cabeça, vou recomeçar, vovó! — Falo com total convicção. Sinto minhas energias renovadas.
Minha avó aplaude como se eu tivesse dado um show e se anima também.
Depois de uma longa semana chorando todas as noites; essa é a primeira vez que me deito e sinto meu corpo leve novamente, sem aquele vazio, sem tristeza, só eu cheia de esperança.

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