Bordados & Drinks

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O vento suave daqui sussurra segredos para mim. Esta manhã, acordei cedo, diferente de ontem, quando esperei Lidia despertar para descermos juntas para a área de Direito. Hoje, no entanto, me perguntei como meu pai conseguia administrar a cafeteria sem minha ajuda. "Ah!", pensei, "está claro: ela não aprecia o sol logo pela manhã". Na minha opinião, é melhor deixá-la dormir e me aventurar pelos campos sozinha.

A multidão me observa enquanto escrevo, com meu diário apoiado em uma mesa de cimento que parece ter histórias para contar, e há apenas um pequeno espaço para minhas pernas. Os professores discutem a importância do curso e o valor de nossa presença aqui. "Hum", exclamo em voz baixa, "as pessoas daqui estão tão bem vestidas". Coloquei meu moletom sobre minha calça preta, admirando o bordado delicado do bolso que traz um toque especial ao meu visual.

Quando todos começaram a almoçar, eu decidi me afastar e ir para o campo, buscando um momento de tranquilidade. Lídia me avisou por telefone que deveria esperar por ela ali. "Hum, você", reconheci aquela voz. "Tem algum problema?" As pessoas ao meu redor se vestem como universitários comuns, seguindo um padrão que parece ser universal. No entanto, ele se destaca: bem vestido e usando cores escuras que realçam seus olhos.

Ele puxou meu casaco com um sorriso de lado: "Saudade do calor da Califórnia", ele comentou. Ele é tão... intrigante! "Você parece realmente gostar do frio", eu respondi, enquanto ele sorria novamente, mostrando apenas o canto dos dentes e passando a língua sobre os lábios.

"Hum", ele continuou, "te vejo por aí." O que será que isso quer dizer? Por incrível que pareça, sempre esbarro com ele nos lugares. Esse jeito misterioso e distante me fascina. Ainda não sei qual é o curso dele. "A gente se vê por aí", ele disse... realmente nos veremos?

Ok, diário! Aqui estão minhas anotações noturnas. Estou adorando essa experiência e a viagem. Lídia passou o resto do dia dormindo após o almoço. Voltamos para o quarto e ela me contou sobre a festa. Pelo que entendi, ela e o Jackson estão se dando muito bem; parece que ele está realmente empenhado em conquistá-la. Fico feliz por essa evolução! Mas olha, ela ronca alto! "Hihihi", e se ficar em silêncio por um momento, acaba falando dormindo também.

Querido diário,
Fazem dois dias que não escrevo, e a verdade é que estou tão ocupada aproveitando tudo o que Cornell tem a oferecer que deixei a escrita de lado para viver cada momento ao máximo!

Lídia e Jackson estão mais grudados do que nunca. Saímos para comer em uma das pizzarias locais, e eu realmente não imaginava que brócolis e queijo combinassem tão bem! Fiz algumas amizades com o pessoal de Direito; eles me chamam de "California" e adoram meu cabelo. Sinceramente, acho que fiz uma boa escolha ao não mudar meu cabelo de moreno para loiro. "Hum", eu brinquei, "iria acabar parecendo com a Lídia!" E ri.

Fui convidada para uma festa no lago. Adolescentes bêbados à beira de um lago... Qual é a probabilidade de dar errado?!

Mais tarde, Lídia me disse que eu deveria ousar no vestido. Eu não costumo usar modelos justos, mas ela insiste. Devo admitir que, nos últimos meses, meu corpo tem contribuído para que esse estilo fique bem em mim. "Acho que você está certa", eu concordei. "Meu bem, eu sempre estou", ela respondeu com aquele tom convencido dela. Não pude evitar um sorriso e alguns gritos de animação, já que todos estavam se preparando para ir à "festa".

Logo que chegamos, pedimos um drink de morango. Na Califórnia, não costumo beber; na verdade, aprecio de vez em quando, mas minha resistência a bebidas destiladas é quase nula. De repente, Lídia e eu estamos dançando, e todos nos observam. O ritmo das batidas me deixa leve e feliz. A única parte chata é a necessidade constante de ir ao banheiro. Preciso aproveitar a festa antes que decidam descer até o lago...

Ao sair do banheiro, dou de cara com um rapaz de cabelos escuros apoiado no pilar, enrolando um cigarro. "É óbvio que você fuma", eu digo com a voz trêmula, tentando parecer descontraída com as mãos na cintura. "Como assim?" ele pergunta, me encarando com curiosidade. "Ah, deixa pra lá", eu respondo, me encostando na parede em frente a ele. Ficamos a poucos centímetros de distância; ele continua a me olhar intensamente enquanto guarda o cigarro e tenta se aproximar.

Ai, céus!

"O que você está fazendo?" questiono, sentindo meu coração acelerar com a atenção em seus olhos. "Ah, estou apenas buscando uma abordagem para trocarmos uma ideia", ele responde lentamente, enquanto se aproxima ainda mais. "Tro... trocarmos uma ideia?" Antes que eu consiga completar a frase, ele já está tão perto que posso sentir sua respiração e seu aroma; sua sombra cobre meu rosto como um manto misterioso. "É bom ter cuidado por onde anda", ele diz com um sorriso enigmático.

Fiquei perplexa: "E por que eu deveria?" pergunto, erguendo a sobrancelha direita em desafio. Ele começa a se afastar lentamente. "Adolescentes alcoolizados à beira de um lago", ele responde com um tom divertido.

Ele realmente mencionou aquilo. Talvez eu estivesse um pouco embriagada, mas suas palavras tinham um magnetismo irresistível.

Todos seguiram em direção ao lago, enquanto eu permanecia ali, saboreando os drinks e absorvendo a atmosfera. Caminhava na extremidade do pilar, tentando manter o equilíbrio, sentindo o vento suave acariciar meu rosto e respirando profundamente a cada momento. Lidia e Jackson estavam aconchegados no banco com os amigos, enquanto eu me sentia à vontade na minha solidão. Mas, de repente, tudo começou a girar, e lutei para não perder o equilíbrio. "O que está acontecendo?", pensei, um pouco assustada.

Meus pés vacilaram e, num instante, senti alguém segurando minha cintura. Era ele, o rapaz loiro do primeiro dia. Com uma expressão de preocupação nos olhos, ele me afastou do pilar, como se fosse um escudo contra a instabilidade ao meu redor. "Você está bem?" Sua voz era suave e envolvente. Fiquei perdida em seus olhos azuis, tão radiantes quanto o céu ensolarado da Califórnia. "Bem, acho que sim", respondi distraidamente, agarrando-me aos seus ombros fortes enquanto tentava recuperar a compostura.

O silêncio entre nós era carregado de uma tensão sutil até que ele quebrou a magia: "Que sorte que eu estava por perto então, Kessie." Fiquei paralisada, questionando como ele sabia meu nome. Mas assenti com a cabeça, hipnotizada por seu olhar intenso e pelo vento brincando com meus cabelos. "Tenha cuidado por aí", disse ele antes de se afastar. Agradeci com um leve sorriso: "Obrigada!"

Mais tarde, ao retornar ao quarto com a mente ainda flutuando nas nuvens do álcool e da adrenalina, esbarrei no rapaz moreno que tinha visto antes. "Você está sempre por perto", comentei, tentando decifrar seu olhar enigmático. Ele apenas sorriu de forma irônica, como se estivesse zombando da situação. "Acho que está me seguindo", provoquei com um sorriso travesso.

"Talvez", ele respondeu com um brilho provocador nos olhos.

"Parece que você já se entregou ao álcool."

"Hum, e você nunca ficou bêbado?", perguntei, apoiando-me na parede como se ela fosse meu único suporte.

"Bem, talvez se eu bebesse..." Ele deixou a frase no ar como uma promessa não cumprida.

Essa revelação era uma novidade para mim — um verdadeiro mistério!

"Penso que é uma escolha sensata", afirmei com firmeza. Ele ergueu a cabeça e retirou um cigarro do bolso; notei que minha cabeça girava levemente e meu corpo se entregou aos braços do jovem que se aproximava rapidamente.

"Não faço ideia do seu nome", murmurei suavemente, com a voz já trêmula.

"Alex", ele respondeu antes de tudo se apagar — como se meu corpo tivesse desligado e apenas relaxado sob o calor de sua presença.

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