Oi oi, voltei porque Vit, Borken e Fernanda me ameaçaram!
Boa leitura
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O batom vermelho não se desgastava com o tempo, um investimento que ela gostava e apreciava. Os dentes capturavam seu lábio inferior, fruto de uma dedicação e atenção redobrada quando o assunto eram arquivos a serem analisados. Anita Berlinger sempre mergulhava de cabeça em seus casos, de trabalho e extraconjugais, na exata mesma proporção. Se fosse parar para de fato analisar os corridos dez anos anteriores, a mulher poderia ver com facilidade o grandioso rastro que havia deixado para trás quanto suas atividades amorosas em demasia.
Sempre calma, fria e extremamente calculista em seu trabalho. Sempre intensa, quente e impensada quando o assunto eram amores perigosos. Uma balança que quase nunca estava equivalente, a noite pesando para o lado das paixões que a faziam esquecer dos horrores no trabalho. Ossos do ofício, como Anita gostava de pontuar se questionada.
O peito arfava quase igual. Olhos no caso. Olhos na porta que se abria pela madrugada quando os olhos de todos os outros repousavam. Gostava da quase vida dupla que vivia, e talvez fosse por isso que mantivesse seus amores impossíveis por tanto anos. Nunca em relacionamentos sério, sempre em aventuras que lhe tiravam o fôlego. Como apertar o gatilho de uma arma pela primeira vez, se repetindo a cada caso para o qual ela se entregava nua e despida de julgamentos.
Berlinger nunca possuira convicções fortes sobre amores duradouros, e nem mesmo poderia dizer que isso se devia em vista de algo doloroso que não deu certo no passado. Pelo contrário, suas convicções sobre veracidade e caráter ficavam presas no uniforme de operações da DHPP, e facilmente se perdiam quando as luzes se apagavam e as peças de roupas caiam. Talvez fosse mais fácil apenas sair no meio da noite, sem explicações ou apegos. Explicações e apegos... Porque com Verônica a regra não se aplicava?
Pilhas e pilhas estavam dispostas em cima de sua mesa, se fazendo como muros de proteção nada estruturados contra a tentação que era apenas levantar seus olhos e os fazerem se fixar na figura de fios castanhos escuro. Se afundar no trabalho sempre fora e sempre se faria como a melhor opção para sua mente tão extremamente racional. Assim Anita gostava de pensar, e acreditar piamente.
Os dedos tamborilavam sobre a mesa enquanto ela anotava alguns pontos de investigação, porém, a mente se fazia longe. Fora o barulho insistente de seu celular que a tirara da confusão latente que se formava em sua cabeça por pensar em Verônica e trabalho ao mesmo tempo.
Como figura importante no DHPP, a delegada precisava estar sempre ciente de tudo, sempre organizada com sua agenda e rotina. O celular estava lhe avisando sobre a necessidade de escolha do vestido para a noite especial que se aproximava com rápidez. Os olhos rolavam, totalmente descrentes.
"Todo ano a mesma festa chata de arrecadação de fundos para "melhorias" que nunca se mostravam feitas."
Engolira seco. Ambas as mãos se apoiaram na borda da mesa a sua frente e assim ela afastara a cadeira para trás, se levantando logo em seguida. Com os pertences em sua posse, ela caminhara com tranquilidade para fora, visto que a delegacia não pegava fogo como de costume. Os olhos mapeavam o local por baixo, sem deixar que fossem percebidos ao imaginarem a cena perfeita que se desenrolaria a seguir. A lentidão começava a ser aplicada em doses em seus pés, se aproximando mais e mais da mesa que tanto lhe chamara a atenção o tempo todo naquele dia.
A mão direito se apoiara ao meio das costas de Verônica, apertando de súbito enquanto sua feição permanecia relaxada. Anita sorrira.
────Vem comigo, é só pegar suas coisas e levantar. ────O tom era baixo, e extremamente cordial, saindo da estranha comodidade do tom áspero que a mulher sempre usava. O cenho de Verônica franzira.
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Under a secret | veronita fanfic
FanfictionQuantos segredos São Paulo era capaz de guardar sob suas luzes coloridas e prédios bem apessoados? O casamento de Verônica e Paulo sempre fora sinônimo de harmônia para quem quer que tivesse o prazer de cruzar o caminho dos dois, uma paixão avassal...