With every breath I adore u

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"I see you
My world blooms around you
A timelapse in a flash
I see my whole life beside you"


Finalmente, abriu os olhos. O quarto ainda era o mesmo, os móveis não haviam mudado um centímetro de lugar. A luz fraca daquela manhã nublada adentrava a janela que Plutão abrira antes de sair do aposento. Tudo parecia normal, como boa parte das manhãs até então, mas algo estranho tinha acontecido a Júpiter alguns minutos antes de ele despertar: havia tido um pesadelo.

Júpiter não tinha sonhos ruins desde a morte de seu pai. Na época, ainda criança, era preciso ser contido por sua mãe para que não se debatesse mais durante o sono. Acordava suado, chorando e era no colo dela que ele se acalmava, retornando ao sono em pouco tempo, vencido pelo cansaço. Dessa vez, sua mãe não estava ali — devia estar em seu sono de beleza, ainda, a alguns quilômetros de distância —, e o sonho já não era mais sobre seu pai. Era sobre Lupita. E, mais precisamente, sobre o casamento dela.

Mas Lupita iria se casar? Você deve estar se perguntando. E, bem, a resposta é não. Mas a mente perturbada de Júpiter estava pregando peças ao (quase) herdeiro havia semanas e ele não conseguia tirá-la da cabeça. Num dia, sonhava que dançava com a amiga novamente, no meio de um campo de girassóis. No outro, agonizava ao criar todo um cenário mental dela subindo ao altar e dizendo "sim" a Guto.

Levantou-se da cama num sobressalto, passando as mãos nervosamente pelos cabelos curtos. O que estava acontecendo com ele? Não era aquilo que ele queria, no começo de tudo? Que ela se apaixonasse por Guto e fosse feliz com quem a amasse de verdade? Não foi por esse motivo que passou semanas a fio "treinando" o estagiário para que ele se tornasse o homem perfeito aos olhos dela? Não era aquilo o certo a ser feito por uma amiga tão especial? Então, por que aquele sonho o havia deixado, assim, tão ansioso e tão... triste? Por que imaginar a si mesmo como o padrinho de casamento de Lupita e Guto fazia Júpiter sentir um aperto tão grande no peito? Ele sabia a resposta para todos aqueles "porquês", mas não conseguia aguentar o peso que aquele fato carregava.

"Eu tô ficando maluco", pensou ele e, sem pestanejar, saiu do quarto e desceu as escadas, indo até a cozinha para tomar café. Talvez uma boa xícara de café o fizesse parar de pensar naquilo.

— Bom dia pra você também, Júpiter — disse Andrômeda sentada à mesa, fazendo o irmão dar um pulo de susto.

— Pelo amor de Deus, Andrômeda! Você quer me matar do coração? — perguntou Júpiter, colocando uma mão sobre o peito, enquanto respirava ofegante. Não tinha visto Andrômeda ali quando entrou na cozinha.

— Tá com a cabeça onde, hein? Pra não ver essa grande estrela, que sou eu, bem aqui na sua frente, cê só pode estar bem distraído, mesmo.

— Grande estrela, aham. Tá bom — Júpiter deu um risinho irônico e revirou os olhos, ficando de costas para Andrômeda e começando a preparar seu café na bancada da pia. Não estava com um humor tão bom para dar muita corda a ela — E minha cabeça tá ótima, ok? Você só me pegou desprevenido porque... Porque eu acabei de acordar. Só isso.

Ele depositou um pouco de café numa xícara e bebeu todo o conteúdo numa só golada, aflito, mesmo sentindo o calor da bebida descendo raspando por sua garganta. Não queria transparecer o quão estranho ele estava se sentindo, principalmente na frente de Andrômeda, mas sabia que, se começasse a falar, acabaria contando do pesadelo que havia tido.

— Hum, sei... — disse ela.

Andrômeda olhou para ele desconfiada por alguns segundos, mas deu de ombros e comeu o último pedaço de pão em seu prato. Então, tornou a falar:

Bloom | LupiterOnde histórias criam vida. Descubra agora