PEDRO (MEADOS DE UM PASSADO NÃO TÃO DISTANTE...) PASSADO PÓS INVASÃO

14 4 0
                                    

Pedro, o caçador, nasceu em uma família pobre, filho de uma mãe bruta e de um pai muito trabalhador. Aos dez anos, seu genitor o ensinou a atirar com armas antigas capturadas das naves aliens na época da rebelião. Rebelião essa que fez os humanos retomarem sua autonomia dentro de Origem e, aos quatorze anos, sua mãe arranjou uma esposa quatro anos mais velha que ele. Segundo ela, precisava manter a tradição do casamento que há gerações esteve em sua família.

Depois de chorar no altar, o menino foi abandonado por sua pretendente, o que lhe rendeu uma surra. Entretanto, mesmo com a intervenção dos conselheiros da base onde tinham se instalado, para a infelicidade de seus pais, o garoto negou-se a casar com outra mulher.

Aos dezessete anos, Pedro viu os humanos instalarem uma fonte de energia que não falharia mais nos locais que conquistaram. Ele não comemorou. 

Não entendia pra quê tanto alarde por uma bobagem. 

Nessa mesma época, conheceu a criatura mais linda que já tinha visto: uma garota de quinze anos com longos cabelos loiros, dona do sorriso e do olhar mais doce que ele já tinha visto em toda a sua vida.

Lúcia. Era esse o nome da menina pela qual também se apaixonou à primeira vista. Lú era membro de uma família simples e minúscula na qual sua avó era a única sobrevivente. Aos treze anos, um homem mais velho de alta patente na base se apaixonou por ela e logo a apresentou às pessoas que tomavam as decisões pela raça humana restante dentro daquele território, dentre elas, Frigga, que, depois de um tempo, se tornaria sua amiga, mãe de James e Ynnori.

O homem mais velho, nomeado Juven, na época, riscou o nome de Lúcia da lista de futuras mulheres inseminadas, alegando que ela agora lhe pertencia. Assim foi durante o primeiro ano de relacionamento, onde ela engravidou dele e veio dar à luz sua primeira filha, aos treze anos: uma garotinha de cabelos loiros, pela qual nutria um amor incondicional.

Apesar de amar sua prole, a jovem mãe se apaixonou aos quinze anos, quando a menininha tinha dois anos, por Pedro, com quem manteve um caso secreto extraconjugal com seu parceiro mais velho e agressivo pelo tempo que pôde.

Os dois pombinhos inicialmente começaram a se encontrar aos arredores do prédio laboratorial da base, onde mantinham encontros esporádicos e secretos ao passar dos anos. Isso acabou gerando para ela mais uma gravidez não planejada. Ele, aos vinte e sete anos, ela, aos vinte e cinco. Diante disso, a mulher passou todo o período de gestação escondida de seu marido na casa dos pais de Pedro, que a protegeram da punição que receberia caso a gravidez fruto de uma traição fosse descoberta. Antes que a barriga crescesse, ela tratou de abruptamente romper o relacionamento com o homem mais velho, Juven, que a castigou, impedindo-a de ver sua preciosa menininha de doze anos.

Sete meses depois, o parto que aconteceu no sofá da casa de Pedro pesaria como dez anos a mais para a jovem moça. 

A nova criança ruiva, do sexo masculino, não poderia ser vista por ninguém, de jeito nenhum. Então, contragosto, a mãe de Pedro acolheu o menino, que inicialmente foi criado pela avó paterna, recebendo apenas visitas esporádicas de Lúcia, que decidira retornar para seu relacionamento de fachada com o poderoso Juven com a finalidade de voltar a conviver com sua primogênita.

Três anos depois, Juven descobriu a traição e o fruto dela. Como forma de puni-la, ordenou que Lúcia fosse levada à força para a inseminação e, pelo positivo para gravidez híbrida de risco, aos vinte e oito anos, ela recebeu liberação para passar o período com sua família. Mas não tinha uma. Seus pais haviam morrido, assassinados por aliens enquanto caçavam suprimentos para a base, e sua avó materna havia deixado a vida há alguns meses. Tudo que havia lhe restado era Pedro, que indignado com toda a situação, resolveu fugir com ela.

Formação de CinzasOnde histórias criam vida. Descubra agora