Rosas e Rimas - Tavin Mc

Beijo técnico

Adeline Montenegro

— Querida! — disse Lúcia, a mais velha esbanjava um sorriso simpático. Ela cuidava do teatro, responsável também pela direção da peça.

— Olá, Lúcia! — digo, me aproximando — Cadê o resto do pessoal?

Analiso o palco, geralmente lotado por outras pessoas que faziam parte da peça estava vazio.

— Dispensei eles, hoje queria falar com você e Lorenzo a sós.

— Por que? — franzi o cenho.

— Querida, você e ele estão desconectados. Eu quero química entre vocês, nem olhar nos olhos dele você consegue e eu sei o quanto você é talentosa mas está sem emoção nenhuma durante todo o ensaio — exclamou. A porta faz um barulho anunciando que alguém chegou, logo Lorenzo surgi no meu campo de visão.

— Lúcia — cumprimentou ele, Lorenzo se inclina na direção do meu rosto consigo desviar a tempo da sua intenção — Desculpa o atraso, tive um imprevisto — explicou sem graça.

— Tudo bem, estava nesse instante explicando para Adeline o porquê dessa reunião.

— Ah, fico feliz que agora vamos todos cooperar em prol das crianças, deixando de lado os problemas pessoais para fazer um bom trabalho — senti uma leve alfinetada, Deus como pode ser tão cara de pau.

— Então vamos começar.

Foram uma, duas, três, quatro tentativas entretanto eu conseguia ter mais conexão com uma porta do que ele. Estávamos ensaiando o primeiro 1* ato,  Romeu conhece Julieta Capuleto e se apaixona perdidamente por ela. O primeiro clichê a gente nunca esquece!

— Adeline, olhe nos dele. Como dizia o poeta olhares são poemas calados. — brincou Lúcia.

Lorenzo delicadamente com suas mãos envolvem meu rosto, seus olhos azuis me encaram transbordando algum tipo de sentimento.

— Confia em mim, Adeline. Eu não sou um monstro — murmurou. Um som ecoa, indicando ser um toque de celular.

— Licença, queridos!

Porém, minha atenção está focada no garoto. Nossas mãos se entrelaçam.

— Eu te procurei por todos os cantos depois que você saiu daquela sala sem se despedir.

— Você foi um dos motivos de eu ter abdicado, você me quebrou —digo, meus olhos marejavam. "Você é tão idiota Adeline. Eu só queria te comer e nem isso você foi capaz de dar" foi o que ele disse em uma de nossas brigas.

— Eu sei, fui um babaca mas eu mudei por você. Eu te amo, Adeline. — suas palavras me pegam de surpresa — Eu te amo, Adeline. Queria te dizer isso, mas você foi embora aquele dia com o Tavin pensei que vocês nem se conhecessem.

Aquele dia você foi grosso comigo, penso.

— Lorenzo... — suspirei, ele segura meu rosto com mais firmeza, Lorenzo então cola nossos lábios iniciando um beijo lento. Quando beijei Lorenzo pela primeira vez, eu poderia sair da órbita da terra pois me senti flutuar, agora, não me sinto como da primeira vez. E antes que eu possa empurrá-lo uma voz chama.

— Acho que chegamos na hora errada — direciono meus olhos para a porta, tinha uma pequena plateia. Barreto, Doprê, Apollo estavam parados ali surpresos assim como Emília e Otávio por outro lado inexpressivos.