Capítulo um - Liz K.

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Seis anos antes.
07 de outubro.

Antes de acharem minha única tia viva, passei por um orfanato.

Uma assistente social me disse que isso não duraria nem uma semana. Mas fiquei lá por cinco meses.

A noite, eu só conseguia pensar na cena. A cena que me fez morrer juntos. A morte dos meus pais. Foi na minha frente.

Fechava meus olhos, e eu voltava naquela noite. Ouvia a sirene. Ouvia as pessoas gritando. Ouvia meus pais dizendo que me amava. Fechava meus olhos e minha garganta formava um nó.

Mas assim que encontraram minha tia, fui adotada e levada para a casa dela.

– Liz, você precisa tomar seus remédios. – Minha tia apareceu no quarto, que eu dormia.

— Já disse que eu não preciso disso, Amanda.—- Continuei a ler meu livro.

— A psiquiatra te receitou, então você precisa sim.

— Eu não sou louca, Amanda.

Coloquei meus fones novamente, e continuei lendo meu livro.

Era a minha única terapia.

Ler meus livros assombrosos, era a minha salvação. Viver sem meus pais não foi nada fácil. Passar cinco meses em um orfanato não era nada "vívivel", ao meu ver, pelo menos.

Todos insistiam que as freiras do orfanato eram um anjo na terra. Em um lugar que abrigava crianças, que, quase todas igual à mim, perderam seus genitores.

Meus pensamentos nesses meses que passei nesse orfanato foram: eu irei matar aquele que fez isso com meus pais.

Meus sangue ferve até hoje quando se trata dos meus pais. Mas, o questionamento passa por minha mente, o tempo todo: Por que eles?

Minhas mãos tremem toda vez que tento falar com a psicóloga sobre meus pais.

— Que merda.

Murmuro para mim mesma, quando escuto o carro de Louiz estacionar na frente da casa.

Desço as escadas, e saio rápido da casa, correndo em direção ao carro de Leonard, meu irmão mais velho.

— Aonde você estava?! — Assoprei assim que ele abaixou o vidro. — Nossos pais morrem, e você não dá uma notícia? Qual o seu problema, Louiz?

— Eu estava viajando à trabalho, Kerzhakob. Você sabe muito bem disso. — Se explicou.

— Não mandou-me se quer uma mensagem, Louiz. Em. Cinco. Meses. — Minas palavras saem com dificuldade, já que eu não sou de brigar.

— Me desculpa, pequena. Mas o meu trabalho é muito mais importante do que os nossos pais. — Estalou o céu da boca.

— Você vai voltar para Bahamas? — Perguntei esperando uma resposta positiva dele.

— Vou morar com pessoas da empresa. Não vai poder vir comigo.

— Por quê? — Minha voz saí um pouco rouca. — Eu conseguiria viver com eles.

— Não, você não iria conseguir viver com eles! — Contrariou no mesmo instante que eu terminei de falar. — Liz, você não vai morar comigo. Além de ser perigoso, não é nada comparado com a casa da Amanda.

— Eu não gosto daqui. Você sabe que eu não gosto de nenhum de nossos parentes, Louiz. — Olhei em seus orbes azuis.

Seus globos azuis brilharam assim que eu disse, ele parece perceber o meu pedido de ajuda daquela casa que não me fazia bem.

— Meu amor, você não pode morar comigo.

— Mas eu quero.

— Quando você fizer dezoito anos, você poderá. — Continuou. — Eu te amo, se cuide.

Seu carro sai de minha visão, e entro dentro da casa, correndo e subindo as escadas. Meus olhos se limpam com lágrimas, e me deito na cama me afundando nos meus pensamentos.

Zanzando meu aplicativo de fotos, acho muitas artes que eu fiz com meu casal preferido literária.

Minhas janelas estão abertas. Meus fios de cabelo voam com a ventania que zanza do lado de fora. Olho para as estrelas, pensando que daqui a algumas semanas, o Halloween irá vir novamente.

Assim que olho para baixo, vejo uma caixa preta no jardim. Fico confusa, e grito para Amanda olhar o que é. Mas, quando ela pega a caixa, ela me traz imediatamente.

Ela saí do quarto, me deixando com a caixa. Hesito por instantes, mas meu lado leitora de livros obscuros, cujo a protagonista fode com um demônio que entra no quarto dela no meio da noite.

Abri a caixa, e encontro uma máscara...

Cacete.

É a máscara da pessoa que matou os meus pais no Halloween. Eu vi matar os meus pais na minha frente.

Pego a máscara, e logo caí um papel dela, pego e abro esse papel.

"Não tenha medo de usar-me, Kerzhakob. Estaremos combinando com a morte de seus pais. Te espero no Halloween, boneca."

— Que porra é essa?

Minha voz saí um pouco alta, mas logo tampo minha boca. Me sento na cama, observando cada letra, que eram repicadas de jornais e revistas.

— Liz, eu fui buscar as encomendas, e achei umas cartas para você. — Ela entrou e deixou uma pilha de cartas na escrivaninha.

Desde quando essa pessoa me manda cartas?

Abro todas elas, e percebo que todas são na mesma forma. Repicadas. Todas me chamando por meu sobrenome. Como essa pessoa sabe o meu nome?

Mesmo com medo, postei uma foto com uma música um pouco inesperada. Assim que postei, as pessoas que me seguiam, me enviaram mensagem perguntando se eu estava bem.

Como estar bem com a máscara da pessoa que matou os meus pais?



O Lado Obscuro de um AtletaOnde histórias criam vida. Descubra agora