Seria pedir demais ?

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15 dias viajando até a costa, 30 dias trancafiada em um barco até chegar a Transilvânia. Dias andando a cavalo até chegar à algum lugar , eu nem me dava conta mais de onde estávamos.

Brice me acordou com cutucões no ombro , me chacoalhando até que eu levantasse e visse seu rosto dentre o breu.

—Lady Aubinet, nós chegamos.

Abro meus olhos com dificuldade , arrumando a postura assim que ergo as costas.
Está tudo tão escuro, mas consigo sentir um cheiro estranho, um cheiro nada familiar.

—Que lugar é esse? — Pergunto , olhando mais uma vez dentre o breu que me aguarda. Não avisto casas ou um vilarejo, apenas um poço no meio do nada. — Não há nada aqui.

Se ele é um rei, onde está seu reino ? Já devíamos ter visto pelo menos uma placa indicando o nome do vilarejo ou sua localização, mas não há nada aqui além de frio e escuridão.

—Bom , só posso ir até aqui , Milady...—Brice diz , erguendo as rédeas do cavalo.

—Como assim só pode vir até aqui ? Eu tenho que chegar até minha casa! —Esbravejo , olho mais uma vez para trás mas só vejo escuridão e árvores, não posso me esquecer do pequeno poço em nossa frente.

—O Castelo de Pittsburgh fica logo em frente, nunca adentrei nessas matas , Milady.

— Então está me dizendo que teria de guiar meu cavalo até lá sozinha ? — Brice ergue o lampião , não diz mais nada , apenas entrega-me e se ajeita para partir. —Brice, não me deixe aqui sozinha!

—Não tenho permissão para ir além dessa área...—Ele olha para o chão. Fico confusa. O condutor de animais coloca minha bagagem atrás da minha cela , prendendo-a no cavalo para que não caia. Uma única valise grande, onde tudo oque sobrou da minha antiga vida estava.

Está frio aqui , sinto que a neve está próxima.

Brice parece constrangido com a situação, como se algo o impedisse de falar uma coisa importante. Arqueio umas das sobrancelhas para ele , esperando qualquer explicação.

—Não posso ir além também , não sozinha. Esqueceu-se que jamais estive nessas terras ?! — Esbravejo, franzindo o cenho.

— Milady, imagino como deve estar confusa agora mas apenas você poderá guiar esse caminho —Olha para o breu. —Sou apenas um Cocheiro , um pobre homem que jamais poderia adentrar no território do Conde Drácula.

Drácula ?

—Conde? Este homem não é um rei ? —Me refiro a meu noivo.

—Um rei , um conde , dono de tudo isso que vemos a frente...— Brice olha para baixo.— Nenhum de nós do vilarejo jamais o viu. Seu noivo é um homem muito rico, milady...Você verá um castelo gigante em breve.— Brice arreou mais uma vez as rédeas do cavalo e acenou para mim , não tive tempo de gritar por ele pois assim que tentei o fazer, já ouvi o galope do cavalo distante.

Meus olhos se estendem até oque me aguarda. Ergo o lampião para iluminar meu redor enquanto meu cavalo vai adiante. Não vejo nada que possa me guiar além de árvores iguais e um caminho coberto de folhas.
Meus braços e mãos tremem, e o vento gelado parece ficar cada vez mais forte conforme entro na floresta.

Olho para o céu, a lua está cheia.
Penso como as coisas devem estar no meu antigo lar, em como tudo deve estar normal e pacífico. Fecho os olhos tentando me imaginar no inverno em Portmeirion, as folhas caídas no chão , os animais se escondendo em busca de calor.
Eu, papai e mamãe sentados em frente a lareira enquanto esperamos tio Burk e tia Sally chegar.

Respiro fundo , posso até sentir o cheiro das tortas , das maçãs e do vinho recém aberto...

Meus olhos se enchem de lágrimas mais uma vez.

Prometida ao Drácula Onde histórias criam vida. Descubra agora