Ⅶ • Um de nós

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Marck

Todos nós estávamos tremendo, com medo do futuro, ou melhor, da ausência dele. A neblina voltou, fazendo o clima ficar mais congelante do que já estava. O frio estava insuportável, meus dentes batiam uns nos outros. Mas ao se ter medo, essas sensações ficam de lado. O frio era uma delas. Senti minha mão coçando; tinha medo de usar isto errado, mas era necessário.

A criatura estava correndo em nossa direção. Suas pernas, molengas, eram rápidas e finas. Quando a criatura estava a mais ou menos 60 metros de nós, continuávamos em choque, parados. Até Sophie levantar a mão e atirar em cheio no peitoral dele. Tinha esquecido, com o passar dos anos, o quanto era alto o barulho de uma arma. Todos nós gritamos por um segundo, depois voltando àquele mesmo silêncio assustador, sem saber o que fazer agora. Ela olhou nos olhos de Sophie, que não teve medo de encarar de volta e começou a correr ainda mais rápido. O chão tremia e Alana estava soluçando ao meu lado.

A criatura chegou perto o suficiente para pular em cima de Sophie, e enquanto o Tall Man estava no ar, ela o esfaqueou na barriga e correu para o outro lado, fazendo ele cair no chão. A criatura olhou para Sam, que estava ao seu lado, mas a ignorou. Sam deu uma facada nele, nervosa. Não parecia ter surtido muito efeito, pois ele continuou a ignorando. Por trás, Alana deu uma flechada nele com aqueles arcos de Sophie. Dentro da criatura saia uma gosma preta e pegajosa.

"Usa sua mão, burro" ouvi Bones.

"Cala a boca"

O homem alto se virou para Alana e deu um soco nela, deixando a cara dela roxa. Ela voou longe, cerca de 3 metros, caindo com força contra a grama. Ele olhou novamente para Sophie, que atirou mais uma vez. O tiro foi no ombro dele, o fazendo jorrar aquela gosma preta mais ainda.

Enquanto ele estava correndo em direção a Sophie, que começou a correr com a arma em mãos, corri em direção a ele. Gritei de dor enquanto de minha mão saia um osso, de quase 30 centímetros agora. O osso rasgava minha pele e eu sentia o sangue fervente pulsando dentro de minhas veias. Apesar do osso ser útil, não era muito bonito visualmente.

Assim que ele ia puxar os cabelos de Sophie para alcançá-la, soquei ele nas costas com o osso.

A criatura gemeu. A dor agonizante que se formava em som para nós era tão amedrontadora quanto a forma do mesmo. Ele virou, parado, por alguns instantes, até se direcionar para mim. Ele era tão alto que eu estava na mesma altura que a cintura dele. Magro como um humano que não comia há meses. Não tenho certeza do que aquilo era, mas sei que estava longe de ser normal.

Quando ele se virou contra mim me empurrou para longe, mais de dois metros. Senti meus ossos tremerem quando cheguei no chão, dolorido. Enquanto o Tall Man estava tocando seu próprio ferimento. Alana, que estava perto dele, tentou esfaqueá-lo, e até conseguiu um corte profundo, mas a faca ficou presa nele. A sua face era de puro terror. A faca simplesmente não saía, diferente dos gritos por ajuda de Alana. O homem alto a olhou. O olhar dele era assustador. Você conseguia ler ele, conseguia ver a alma daquela criatura lá. Se é que ele tinha uma.

No momento em que seu olho completamente escuro pousou em Alana ele retirou a faca de si e deu um soco na barriga de Alana. Ela voou longe, pelo menos 2 metros. A cara dela de dor foi inevitável, junto do grito que a acompanhou. Ela ficou com uma cicatriz e um hematoma tão escuro que ela parecia uma rosquinha. Uma rosquinha gaga, no caso.

Sandy tentou pegar a faca que naquele momento estava no chão, mas o homem alto o deu um empurrão com o braço, o fazendo cair no chão antes. Ele começou a correr naquela sua velocidade insana em minha direção, e me levantei. O osso, que já estava se escondendo, abriu-se com tudo novamente, rasgando minha pele ainda mais. 

O Abismo do MedoOnde histórias criam vida. Descubra agora