REMEMBER THAT NIGHT?

Parte única

Suspirei guardando as últimas roupas em minha mala, depois de longos quatro meses de intercâmbio em Kyoto finalmente era hora de voltar para a Escola Técnica Superior de Jujutsu de Tóquio. Ouço batidas apressadas na porta e ao abrir se trata de meus colegas de Kyoto vindo se despedir. As despedidas foram curtas, acompanhadas de convites para meu retorno ou até mesmo uma possível transferência, a qual eu prometi pensar no caso apesar de já ter certeza sobre a resposta.

Quando finalmente retornei para o polo de Tóquio, segui direto para o meu dormitório e me joguei na cama, como era bom estar de volta ao meu cantinho, pela tarde sai com Maki para um passeio e voltei novamente para meus aposentos, coloquei petiscos para minha shikigami.
Eu sabia que minha gatinha não estava mais viva, que seu corpo agora era feito por minha energia amaldiçoada, mas sabia que a alma de Suki estava ali e mesmo que não estivesse ainda faria o mesmo, eram seus preferidos em vida. Após também comer algo acabo por ir dormir junto com Suki.

Era madrugada quando acordo com batidas em minha porta, Suki está toda arrepiada em cima de mim, ela vai até a porta e a cheira, olhando para mim com confusão em seus olhos. Vou até ela pegando em meus braços e abro a porta. Olho para a pessoa à minha frente sem acreditar no que via, passo a mão pelos olhos a fim de limpar a vista, mas ele ainda continuava ali.

— A quanto tempo, Yuta. — digo acompanhada por um miado de Suki, pelo visto ela reconhecia seu antigo dono. O moreno olha de mim para a gatinha em meus braços.

— É. já faz um tempinho. — Mordi a língua para não retrucar que os dez longos meses que levei para realmente ficar bem depois da última vez que o vi não era apenas um "tempinho". — Ela é igualzinha a Suki.

— Ela é a Suki. — digo simplista.

— Como? — seus olhos estão levemente arregalados e eu pondero por um minuto se devo contar ou não. Se ele está aqui pelo menos agora deve saber algo sobre jujutsu e entender a maldição que o rodeia.

— Bom, digamos que agora ela é minha Shikigami. — Digo simplista e sinto todos os músculos do meu corpo retesar ao ver ele se aproximar, não tinha nada contra Yuta, o problema era a maldição que o acompanhava. Sabia que agora poderia exorcizá-la, mas Suki talvez ficasse assustada aí vê-la.

— Posso? — ele questiona levantando a mão em direção a pequena gatinha em meus braços e eu olho para ela, segurando a vontade de correr com ela para longe — Nada daquilo vai acontecer de novo. — Volto a olhar para seu rosto — Eu... dispersei a maldição da Rika. —  apenas aceno em confirmação com a cabeça e ele faz carinho em Suki enquanto processo o que acabei de ouvir. Após receber um pouco de carinho Suki voltou para cama, Yuta e eu ficamos nos encarando por alguns segundos.

— Ela é bem preguiçosa, agora que já viu que está tudo bem ela voltou a dormir.

— Bom, então ela não mudou nadinha — ele a observa dormir com um sorriso suave por alguns segundos e então se volta para mim. — Podemos dar uma volta?

Encaro o garoto à minha frente, estava pronta para negar quando suas palavras me vem à mente, "Eu... dispersei a maldição da Rika." Após um suspiro eu aceito seu convite.
Passeamos pelos arredores da escola, a conversa entre nós era leve e isso me fazia lembrar do tempo que passamos juntos há quase um ano atrás. Uma chuva torrencial nos pegou e corremos para nos abrigar, apesar de já estarmos encharcados, encontramos apenas um pequeno ponto de observação para nos proteger do aguaceiro que nos atingia.

Ofegantes pela corrida logo nos sentamos lado a lado no chão, conversamos mais um pouco e acabei por perceber que por mais que eu dissesse o contrário, meus sentimentos por Yuta ainda estavam lá. Ficaram adormecidos pelo tempo longe um do outro, mas ali estavam eles, saindo do casulo e batendo suas asas pelo meu estômago