CAPÍTULO 10: Rastros, espionagem e os gays

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Eles voltaram na manhã seguinte para a Escola e Suguru agradeceu as divindades pela ideia da festa de Gojo, pois o clima de ressaca era o suficiente para mascarar o humor sombrio que rodeava os dois.

Entretanto, uma pessoa continuava tão bem quanto quando partira.

- Qual foi a causa da briga dessa vez, hein? - perguntou Choko.

Aparentemente, sua Técnica Reversa curava suas ressacas.

Suguru balançou a cabeça e inventou uma mentira qualquer. Choko não insistiu mais, pelo menos, até eles chegarem no Portão da Escola.

Para a completa surpresa de Suguru, Gojo agia como se nada tivesse acontecido, ele sorria e flertava com a garota do segundo ano, que se escorava em seus ombros, dizendo que estava enjoada. Eles e os outros alunos foram na frente, deixando Choko e Suguru para trás.

- Você sabe que pode contar o que quiser para mim, não é? - ela perguntou.

- Sim, é só que... é confidencial.

- Eu sei, mas se precisar de algo, não pense duas vezes em me chamar, Geto.

Ele pensou em apenas acenar, mas decidiu ir por outro caminho.

- Porquê? - Perguntou.

Choko o encarou com seus olhos marrons divertidos.

- Eu escolhi ser uma feiticeira, não foi? Eu quero ajudar as pessoas, principalmente se elas forem os meus amigos.

Suguru lhe lançou um sorriso de lado.

- Choko, todo mundo fala essa mesma merda - disse.

Como ele pensava, ela riu.

- Mas é verdade! - disse ainda risonha. Entretanto, esperou alguns segundos para completar: - Pelo menos em partes - seu rosto ficou sério e ela suspirou de cansaço - Há dois anos atrás, eu estava decidida em não seguir essa carreira, tipo, eu vi a vida da minha família ser destruída por esse mesmo trabalho.

Suguru sabia um pouco sobre essa história, Choko herdou a Técnica do pai, que também era um curandeiro, mas abandonou o trabalho após enlouquecer devido a morte prematura da esposa.

- Então, eu me afastei o máximo que consegui desse mundo - ela mordeu o interior da boca. - Eu tinha um irmão, sabia?

Suguru não sabia.

- Quando eu soube que ele tinha sido ferido em uma missão, corri para ajudá-lo, mas minhas habilidades eram inúteis. Uma vez, a morte da minha mãe acabou com meu pai, mas a do meu irmão me deu um objetivo: me tornar mais forte para não perder mais ninguém.

Suguru não conseguia imaginar a dor de perder um irmão, claro que, ser afastado pela sua família foi dolorido, mas com certeza não era o mesmo sentimento.

Ele tocou no ombro da amiga.

- É um objetivo muito bonito - disse com sinceridade. - E se eu precisar de algo, eu pedirei, Choko.

***

Gojo examinou o seu quarto com os olhos atentos.

- É tão arrumadinho - disse, entrando.

- Quarto limpo, mente limpa - recitou Suguru, aquele era o mantra de sua mãe.

Ele não gostava de ter Gojo ali, se sentia exposto demais, nu demais. Suspirando, Suguru aceitou seu destino e sentou-se na sua cama, ele não tinha tempo para o seu lado introvertido idiota.

Gojo continuou caminhando pelo seu quarto. Ele passou os olhos pela escrivaninha lotada de pilhas de dever de casa e um computador, mexeu nas cortinas, foi até o armário e quando o abriu e meteu a cabeça lá dentro, a paciência de Suguru se esgotou.

Nós Nascemos para MorrerOnde histórias criam vida. Descubra agora