Eles voltaram na manhã seguinte para a Escola e Suguru agradeceu as divindades pela ideia da festa de Gojo, pois o clima de ressaca era o suficiente para mascarar o humor sombrio que rodeava os dois.
Entretanto, uma pessoa continuava tão bem quanto quando partira.
- Qual foi a causa da briga dessa vez, hein? - perguntou Choko.
Aparentemente, sua Técnica Reversa curava suas ressacas.
Suguru balançou a cabeça e inventou uma mentira qualquer. Choko não insistiu mais, pelo menos, até eles chegarem no Portão da Escola.
Para a completa surpresa de Suguru, Gojo agia como se nada tivesse acontecido, ele sorria e flertava com a garota do segundo ano, que se escorava em seus ombros, dizendo que estava enjoada. Eles e os outros alunos foram na frente, deixando Choko e Suguru para trás.
- Você sabe que pode contar o que quiser para mim, não é? - ela perguntou.
- Sim, é só que... é confidencial.
- Eu sei, mas se precisar de algo, não pense duas vezes em me chamar, Geto.
Ele pensou em apenas acenar, mas decidiu ir por outro caminho.
- Porquê? - Perguntou.
Choko o encarou com seus olhos marrons divertidos.
- Eu escolhi ser uma feiticeira, não foi? Eu quero ajudar as pessoas, principalmente se elas forem os meus amigos.
Suguru lhe lançou um sorriso de lado.
- Choko, todo mundo fala essa mesma merda - disse.
Como ele pensava, ela riu.
- Mas é verdade! - disse ainda risonha. Entretanto, esperou alguns segundos para completar: - Pelo menos em partes - seu rosto ficou sério e ela suspirou de cansaço - Há dois anos atrás, eu estava decidida em não seguir essa carreira, tipo, eu vi a vida da minha família ser destruída por esse mesmo trabalho.
Suguru sabia um pouco sobre essa história, Choko herdou a Técnica do pai, que também era um curandeiro, mas abandonou o trabalho após enlouquecer devido a morte prematura da esposa.
- Então, eu me afastei o máximo que consegui desse mundo - ela mordeu o interior da boca. - Eu tinha um irmão, sabia?
Suguru não sabia.
- Quando eu soube que ele tinha sido ferido em uma missão, corri para ajudá-lo, mas minhas habilidades eram inúteis. Uma vez, a morte da minha mãe acabou com meu pai, mas a do meu irmão me deu um objetivo: me tornar mais forte para não perder mais ninguém.
Suguru não conseguia imaginar a dor de perder um irmão, claro que, ser afastado pela sua família foi dolorido, mas com certeza não era o mesmo sentimento.
Ele tocou no ombro da amiga.
- É um objetivo muito bonito - disse com sinceridade. - E se eu precisar de algo, eu pedirei, Choko.
***
Gojo examinou o seu quarto com os olhos atentos.
- É tão arrumadinho - disse, entrando.
- Quarto limpo, mente limpa - recitou Suguru, aquele era o mantra de sua mãe.
Ele não gostava de ter Gojo ali, se sentia exposto demais, nu demais. Suspirando, Suguru aceitou seu destino e sentou-se na sua cama, ele não tinha tempo para o seu lado introvertido idiota.
Gojo continuou caminhando pelo seu quarto. Ele passou os olhos pela escrivaninha lotada de pilhas de dever de casa e um computador, mexeu nas cortinas, foi até o armário e quando o abriu e meteu a cabeça lá dentro, a paciência de Suguru se esgotou.
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Nós Nascemos para Morrer
FanfictionAntes de Shibuya, antes de Yuta Okkutsu e até mesmo antes de Riko Amanai, a história de Geto e Gojo começou. Aos dez anos, Geto descobre ter uma habilidade única e rara ao mesmo tempo que percebe um mundo cheio de maldições. Em contrapartida, o jov...