Mavie Hale é uma singular jovem adulta da cidade pacata de Aspen, onde seu sonho de ser uma escritora renomada tarda a acontecer pela décima vez em apenas um mês.
Prestes a ser despejada, a única alternativa da jovem era pedir seu emprego de volta e...
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| Aspen, Colorado Às 07h17 - Noite. Quinta-feira.
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ㅡ Quando você decidiu virar jornalista? ㅡ Travis questionou-me, terminando de por o prato da batata assada e recheada em minha frente. Aquele era o primeiro jantar oficial desde que ele veio morar aqui, o que aumentou minhas perspectivas um pouco.
Eu não era nada acostumada ver um homem cozinhando, muito menos eu. Claro que morar sozinha tem seu peso, mas eu sempre acabava fracassando no meu lado gastronômico e pedia comida sempre. Era lanches, comidas japonesas, mexicanas, coreanas, tailandesa... Eram diversas comidas que eu pedia pela Internet. A mais comum eram as pizzas.
Até hoje não sei como sobrevivi tanto tempo.
ㅡ Acho que eu me vi planejando minha vida jornalística com 16 anos ㅡ Soltei, puxando o garfo. ㅡ Eu estava no ensino médio, me vendo perdida no meio daqueles alunos, até que descobri um segredo obscuro de uma popular. Após aquilo surgiu a ideia de criar um blog anônimo, onde eu expus todos os segredos obscuros dos meus antigos colegas.
Travis riu quando terminei de contar, sentando-se na cadeira da frente para comer também. Eu estava ansiosa para provar sua comida.
ㅡ Meu Deus, Mavie. Nunca pensaria isso de você.
ㅡ Qualquer jornalista começa espalhando fofocas ㅡ Concretizei, porque era verdade. A gente não cria esse amor aleatório por fofocas de repente. ㅡ Eu era uma desconhecida, então era fácil me infiltrar no meio de todo mundo para saber das coisas e publicar depois. Meu blog fazia omaior sucesso na época.
O pior é que era verdade.
Todo mundo gosta de saber da vida do outro, para criticar, julgar, crucificar. Era exatamente por isso que eu gostava de fazer isso. Eu não sou perfeita, eu sei, mas expor o segredo daqueles populares ridículos que gostavam de humilhar os outros era gratificante.
ㅡ Qual era o nome do blog?
ㅡ Fofocas.com. ㅡ Sorri abertamente, ouvindo ele rir de novo. ㅡ O que foi? Parecia bom antigamente.
ㅡ E por quê parou de escrevê-lo?
ㅡ Fui descoberta, na verdade. ㅡ Suspirei em derrota. Eu adorava aquele blog. ㅡ Porém, fui descoberta só depois que eu terminei o ensino médio. Eu me despedi do blog revelando que a rainha do baile estava falindo, então já era a hora de parar e investir em algo melhor.
Travis me encarou.
ㅡ Wow, você é um perigo mesmo, Mavie.
O observei, mordendo meu lábio inferior.
ㅡ Isso é ruim?
ㅡ Não, não é. Só vou ter que tomar cuidado para nenhum segredo meu ser revelado por você.
ㅡ Bom, eu diria que deveria tomar cuidado mesmo ㅡ Debochei, voltando a olhar para a batata. Estava chamativa e cheirosa. ㅡ Mas, eu não sou aquela adolescente mais. Eu escrevo matérias de verdade agora.
Ele enclinou a cabeça para o lado, parecendo ter a visão mais ampla do meu rosto.
ㅡ Quantos anos você tem, aliás?
ㅡ 27.
ㅡ Quase 30 anos, Mavie! ㅡ Travis pôs a mão no peito, forçando uma expressão chocada. ㅡ E não é casada?
Engoli em seco.
ㅡ Por quê?
ㅡ Sei lá... Acho que eu não seria a esposa perfeita. ㅡ Desdenhei, pegando a faca para cortar a batata. Era a hora de prová-la. ㅡ Pelo menos, até agora nenhum homem me viu como uma esposa.
ㅡ Isso foi triste.
Soltei uma risada.
ㅡ Estou falando sério, Travis. Nenhum homem, até agora, me viu como alguém que vale a pena se relacionar sério sem um pingo de mentira e traição ㅡ Comentei, levando o pedaço de batata até boca. Ela facilmente se dissolveu em meu paladar, me levando a sentir o gosto super conhecido de almôndegas. ㅡ Oh, meu Deus!
ㅡ O que?
ㅡ Travis, isso aqui tá uma delícia! ㅡ Peguei mais um pedaço da batata, levando até a boca. ㅡ Como você aprendeu a cozinhar tão bem??
ㅡ Com a Tay.
O encarei, boquiaberta.
ㅡ A Tayla sabe cozinhar?
ㅡ Por incrível que pareça, sim. ㅡ Concordou, comendo também. Eu continuava comendo, saboreando aquela delícia, sem deixar de olhá-lo. ㅡ Sei que não aparenta, mas ela é uma cozinheira de mão cheia.
ㅡ Dá para ver de onde vem o talento, então. ㅡ Cantarolei, bebericando o refrigerante em meu copo.
ㅡ Fico feliz em saber que eu te agradei.
O sorriso estampado nos lábios bonitos do Travis era o que me encantava. Seus lábios eram tão bem desenhados, rosados, parecendo relativamente secos pela distância dos meus. Aquele era o contraste perfeito nele e, consequentemente, incrível demais.
O que eu fiz de tão bom para receber um homem tao gostoso como esse na minha casa??
ㅡ O que foi? ㅡ Travis indagou, soltando uma risada, ao perceber que eu passei tempo demais observando-o.
Senti minhas bochechas quentes, voltando a atenção para a batata.
ㅡ Por quê decidiu vir para Aspen? ㅡ Minha pergunta praticamente soltou dos meus lábios. Eu era curiosa, mas também era uma incógnita saber o que aquele homem veio para aquela cidade tão pequena sendo que veio diretamente de Miami. ㅡ Tipo, Miami é um sonho. Na minha cabeça, quem mora lá, é muito feliz por estar na cidade.
Como se a cidade pudesse trazer a felicidade de alguém.
ㅡ Eu segui meu instinto.
Juntei minhas sobrancelhas.
ㅡ Como assim?
ㅡ Eu moro em Miami desde que nasci, nunca nem sequer saí da cidade. Claro, eu adorava lá, porque lá sempre trouxe uma sensação de conforto para mim. Eu tenho amigos lá, família, parentes próximos... É um conforto ㅡ Travis explicou, gesticulando, com um brilho diferente encontrando seus olhos. ㅡ Só que de uns tempos para cá, percebi que minha vida estava monótona demais, entende? Eu amo Miami, mas também tenho direito de conhecer coisas novas. Eu não conseguir vir no casamento da Tayla, mas eu ainda podia vir vê-la quando eu quisesse, então eu vim também para recompensá-la.
ㅡ Só para recompensá-la?
ㅡ Me encontrar, também ㅡ Especificou, apoiando os cotovelos na mesa. ㅡ Sempre achei que preso na minha cidade natal não iria me conhecer verdadeiramente.
ㅡ Acha que é em Aspen que irá se conhecer? ㅡ Investiguei, ainda confusa. ㅡ Eu também amo Aspen, mas Miami é...
ㅡ Isso é porque você nunca morou lá desde que nasceu. ㅡ Completou Travis, me interrompendo. ㅡ Toda cidade tem suas vantagens e desvantagens, Miami também tem. Basta ir visitá-la e passar uma longa temporada lá.
ㅡ Sabe que isso vale para Aspen também, né?
ㅡ Concordo. ㅡ Confirmou com a cabeça, soltando uma risada baixa. ㅡ Mas, até o momento, Aspen só me mostrou as vantagens dela.
O olhar que ele lançou causou um rubor em minhas bochechas, ao mesmo tempo que meu coração acelerava pelas suas palavras.
