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| LUNA |

Não sentia mais meu corpo, doía cada parte e eu tremia de frio. Hugo decidiu mandar um vídeo pra grego, tentando me afogar várias e várias vezes. O frio da madrugada era cortante, ainda mais estando em alto mar.

Minhas roupas estavam encharcadas,eles me largaram aqui fora perto da ponta do barco. Chorei algumas vezes, minha vida estava uma merda.

— Ae garota, patrão mandou tu comer. - joga um pão encima de mim.

Pego desesperadamente, fiquei o dia todo sem comer. Meu estômago revirou quando dei a primeira mordida.

Vi de longe Hugo conversar no telefone, parecia alterado gritando algumas vezes. Ele desligou e caminhou até mim. Me encolhi esperando o pior.

— parece que meu irmãozinho decidiu colaborar, nosso vídeo fez efeito. - sorri me encarando.

— você é doente. - digo trêmula por causa do frio.

— Você se parece tanto com ela. - passa a mão no meu cabelo. — Se o porra do seu pai não tivesse roubado Yara de mim, ela estaria viva.

Minha mãe? Entro em choque.

A mulher era a minha mãe, como assim meu pai roubou ela dele ?

— aquela filha da puta era uma piranha interesseira também. - diz amargamente. — dava pra mim e pra ele e quando viu que ele tinha conquistado o morro, foi correndo.

— é mentira, minha mãe não era assim. - digo querendo chorar.

— Ela era, e eu fiz certo em ter mandado matar aquela puta. - se levanta olhando pro mar. — se ela tivesse ficado comigo estaria viva. - sai andando novamente pra dentro.

Coloco a mão na boca e começo a chorar, não queria creditar naquilo. Minha mãe nunca faria isso, e ela mandou mata- la. Me encolhi mais deitando no chão molhado, deixei o choro me tomar.

Chorava por tudo, não aguentava mais aquilo. Tudo tudo estava indo por água abaixo, minha vida se tornou um caos. E eu não sabia mais o que fazer.

Acordei com o sol forte no meu rosto, havia amanhecido. Vi alguns caras armados andando pelo barco ignorando totalmente minha presença. Algumas horas depois, Hugo me levou de novo pro carro dizendo que finalmente ia tomar o que é dele. Acho que meu pai aceitou a proposta.

Ele acelerava o carro pela estrada igual doido, estava morrendo de medo dele bater em algo. Mais três carros o seguia com o resto do pessoal dele. De repente ele freou, graças a Deus eu estava de cinto, se não tinha voado lá na frente.

— Puta que pariu. - ele diz e escuto muito barulho de tiro.

Foi tudo muito rápido que nem olhei de onde vinha, me abaixei no banco tentando me proteger, mas a cada segundo os barulhos de tiro chegava mais perto.

— fica aí porra, se sair vai morrer. - diz pegando uma arma e saindo com o capanga dele do carro.

Os tiros duraram vários minutos, vi que o barulho se distanciou um pouco. Estava com a mão amarrada, tentei tirar o cinto mais sem sucesso.

Porra precisava sair dali.

Me mecho de novo tentando alcançar o fecho do cinto e me assusto com três batidas no vidro. Olho assustada e vejo PK, um vapor lá do morro. Ele abre a porta do carro me olhando.

— bora luna, bagulho tá louco aqui. - tira meu cinto me puxando pra fora.

— o que você tá fazendo aqui? - digo

— nois veio te buscar po, agora bora logo sem tempo pra papo. - sai me correndo me puxando.

Que coisa difícil correr com as mãos amarradas pra trás, não recomendo.

Ele abriu a porta de um carro prata mandando eu entrar, praticamente pulei dentro e vi Marçal no volante. Suspirei aliviada, PK entrou no banco correndo e desamarrou as minhas mãos.

— bora luninha, enchemo o cu desses fudido de bala. - acelera o carro rindo.

— Como vocês saíram? Meu Deus. - queria chorar.

— relaxa depois te explico tudo, tá tudo bem agora. - sinto um conforto com a sua fala.

Saímos da estrada, Marçal dirigia pelo mato a fora e PK a todo momento atualizava o radinho se comunicando com os outros.

Depois de um tempo entramos na favela Marçal estacionou o carro na boca e desceu me ajudando.

— Patrão mandou você esperar aqui até ele chegar. - abre a porta da sala de Grego.

— obrigada, onde o coimbra tá?. - me sento na cadeira e o encaro.

— Po, ele tá lá no morro do tucano. - coça a cabeça. - teu pai falou que se ver ele vai matar, ele ficou puto por causa da foto lá e pa. Espancou o Junin, sem motivo po. Só descontando a raiva mermo.

Fico calada, sabia que a foto poderia piorar mais. E foi o que aconteceu. Quando eu acho que as coisas vão melhorar, pioram.

— Como vocês saíram de lá? - prendo o cabelo num coque.

— Aqueles cuzoes largaram nos lá amarrados, aí a faxineira que limpa lá domingo chegou e conseguimos sair. - recarrega a pistola. — Te caçamos pela praia toda, casas próximas, estrada e nada. - me encara. — cheguei aqui e fiquei sabendo do vídeo lá deles te afogando, porra bando de filho da puta.

Engulo seco lembrando, as lágrimas voltaram em meus olhos.

— Achei que eu ia morrer - sussurro, olhando pro chão.

Antes de Marçal dizer algo a porta é aberta com brutalidade, meu pai entra com os olhos arregalados e me encara. Vi que sua blusa estava com uma mancha de sangue perto do ombro.

Ele não falou nada, veio até mim me puxando pra um abraço. Fiquei alguns minutos sem entender aquela reação, mas correspondi depois.

— Graças a Deus. - Grego murmura baixo.

Ele me solta e resmunga um pouco segurando o ombro, saia mais sangue.

— Grego tu tomou um tiro, tem que ir no postinho logo. - Marçal diz

Meu pai concordou e saiu da sala sem me olhar, Marçal falou algo no radinho e saiu também. Sentei na cadeira de novo e respirei fundo, que final de semana.

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* não revisado*

Beijos da cindy 💋

Ate o próximo...

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