22. O Cervo Branco

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Capítulo 22

O Cervo Branco

A Mata do Rei era uma vastidão verdejante, um emaranhado de árvores ancestrais e trilhas, onde a luz do sol se filtrava através das folhas das árvores. O som das folhas ao balançarem e dos pássaros cantando criava uma sinfonia natural que acalmava o espírito e enchia o coração da princesa com serenidade.

A Targaryen cavalgava devagar ao lado de Gwayne, apreciando a companhia do Hightower que era extremamente agradável, algo que ela não sentia por nenhum outro membro da família dele, principalmente pela cunhada Alicent, cuja a presença era a que mais lhe incomodava.

—— Ouvi dizer que passou os últimos dois anos em Dragonstone. —— comentou Gwayne, quebrando o silêncio tranquilo enquanto cavalgavam.

—— Ah, sim. —— respondeu Visenya, num tom amigável —— Eu precisava passar um tempo longe da corte.

O Hightower olhou para ela, seus olhos azuis brilhando com um interesse genuíno.

—— Deve ter sido difícil para você, ter que ficar longe da sua família. Eu especialmente sinto falta do meu pai e da minha irmã em Oldtown. —— disse Gwayne, com um toque de melancolia na voz.

A Targaryen sorriu levemente, apreciando a sinceridade na voz dele.

—— Na verdade, eu me mantive bastante ocupada para não pensar na falta que meus irmãos me faziam. —— admitiu ela, sentindo-se mais aberta do que o usual —— Tentava não ficar sozinha por muito tempo, sempre estava acompanhada dos meus filhos, ou de um bom livro, porque quando eu ficava sozinha era quando mais pensava neles e mais sentia falta.

Ao terminar, Visenya ficou surpresa com sua própria franqueza, havia algo em Gwayne que a fazia sentir-se à vontade, uma sensação que ela não experimentava há muito tempo. Talvez fosse a gentileza em seu olhar ou a forma como ele parecia realmente interessado em suas palavras. Anos haviam se passado desde que ela sentira o calor de um homem próximo dela, e o Hightower, com sua atenção e charme discretos, começava a despertar emoções que ela pensava estarem adormecidas.

—— Posso imaginar. Em Oldtown, passo a maior parte do tempo ocupado treinando com a espada ou cavalgando. —— contou Gwayne, desviando os olhos para o horizonte —— Parte disso também é porque eu quero ser um cavaleiro da Guarda Real, um Manto Branco.

A princesa virou-se abruptamente para olhá-lo, surpresa.

—— Sério? —— indagou Visenya, virando o rosto para olhá-lo, intrigada.

—— Sim, por que a surpresa? —— perguntou Gwayne, curioso.

—— Não é surpresa, é só que... por que você iria querer ser um Manto Branco? —— questionou Visenya, ainda desconfiada das intenções dele.

Até aquele momento, Visenya desconfiava que Gwayne estivesse ali a mando de Otto ou de Viserys, para conquistá-la e arranjar um casamento, mas ouvir que ele queria ser um cavaleiro da Guarda Real a fez reconsiderar.

—— Meu pai sempre foi distante comigo. —— começou ele, escolhendo cuidadosamente suas palavras —— Ele depositou todas as expectativas na minha irmã, mesmo eu sendo seu primogênito, sempre fui visto como... dispensável. Tornar-me um Manto Branco é a minha chance de mostrar que sou mais que isso, que tenho valor próprio.

The Rise Of The Queen - House Of The Dragons Onde histórias criam vida. Descubra agora