Todas as barreiras que construí

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Aimée Haase

A manhã na cafeteria passou voando como todas as outras, esse horário sempre é mais agitado e mal temos tempo para uma pausa. May saiu para fazer seu intervalo de almoço a uns minutos e a Rebeca está no escritório fechando pedido com alguns fornecedores, esse horário de meio dia sempre é bem tranquilo e eu cuido da cafeteria sozinha.

Escuto o sininho da porta tocar e olho para ver quem é, e nossa que homem bonito, o cabelo não tão curto dividido ao meio, óculos de grau retangular, e por trás dos óculos olhos pequenos e puxados que deixam claro sua descendência oriental.

- Bom dia, seja bem-vindo ao Moretti Café como posso ajudá-lo? – pergunto ao cliente.

- Bom dia, eu gostaria de um expresso duplo por favor. – e é nesse momento que ele realmente me olha, e nossa de perto ele é ainda mais bonito, sinto até vergonha de não ter me dado ao trabalho nem de passar um corretivo para esconder as olheiras hoje, acordei tão atrasada que só vesti a camiseta que é uniforme do café, fiz um coque no cabelo e sai.

- Para a viagem ou consumir aqui? – pergunto ao sair do meu momento de devaneio.

- Consumir aqui.

- Gostaria de algo para comer? – ele olha para a vitrine tentando decidir se aceita minha sugestão ou não, pela sua expressão vejo que rejeitou.

- Apenas o café mesmo. – diz me entregando o cartão para realizar o pagamento.

- Tudo bem, pode se sentar onde preferir, vou preparar e já levo para você. – ele apenas acena com a cabeça e se senta em uma mesa próximo a prateleira de livros do sebo.

Preparo o café e vou servi-lo, ao sair de trás do balcão vejo que ele está observando a prateleira, acho que é por não ser algo comum nos cafés da região.

- Aqui seu café. – falo chamando a sua atenção, ele me agradece e eu retorno para o balcão, aproveito a folga para dar uma olhada no instagram.

Escuto o sininho da porta tocar e levanto o olhar e vejo Mayra retornando.

- Já? – pergunto a ela, Mayra sempre aproveita até o último segundo do seu intervalo.

- Meu celular acabou a bateria e meu carregador ficou aqui.

- Tá explicado. – digo rindo e vejo o cliente bonito se levantando., ele está em uma ligação então faz apenas um sinal breve com a mão e sai do café.

- Minha Nossa Senhora dos Homens Bonitos, que que é isso minha gente. – Mayra fala levando a mão ao peito, dou risada do seu exagero. – Amiga esse homem parece ter saído daquelas séries coreanas que você assiste, agora entendi porque você assiste aquelas coisas.

- Larga de ser besta Mayra. – falo rindo ainda mais.

- Amiga você viu aquele homem? Ele não é um pedaço de mal caminho é a estrada inteira. – dessa vez não me controlo e gargalho alto, tão alto que Rebeca aparece na porta do seu escritório.

- Tá tudo bem aqui, parece que ouvi uma sirene soar. – ela diz só para me zoar.

- Tá tudo bem é só a Aimée imitando uma gralha como sempre.

Enxugo as lágrimas que começaram a escorrer e me levanto da banqueta em que estava sentada, já tirando o avental.

- Já que você voltou mais cedo eu vou sair mais cedo, e vocês duas parem de zoar minha risada. – falo pendurando meu avental no suporte e saindo de trás do balcão. – Até mais suas chatas.