01 | o dia em que conheci um anjo.

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EU NÃO acreditava em anjos

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EU NÃO acreditava em anjos.

Sabe aqueles com auréola e asas brancas? Eles são uma farsa. Até porque, o único anjo que eu conheci não tinha nada disso e era loiro.

Acho que essa foi a característica mais marcante que pude lembrar dele, antes que o garoto corresse pra longe, como se tivesse visto uma assombração.

───── Desculpa! ── Ele gritou pra mim, com o rosto todo vermelho de vergonha.

Confesso que quando senti o café gelado começar a molhar minha camisa e o rosto dele ainda estava abaixado, pensei em xingá-lo, agora se eu não me engano...Me lembro que devo ter soltado um ''porra, fala sério!?'' bem alto mesmo. Coitado, talvez não esteja tão errado assim em fugir de mim.

O rosto dele, de familiar não tinha nada, justamente por isso, deve ter me chamado mais atenção que o normal, afinal, conhecia todo mundo da escola e nunca tinha lhe visto antes.

───── Eu em... ── Coloco uma mão no peito, ainda estranhando a situação e balanço a cabeça, tentando esquecer o flahshback de poucos segundos atrás.

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Parece que meu dia estava sendo abençoado, já que por pura sorte, havia um moletom extra do time que pude substituir pelo sujo de café.

Depois de me trocar no banheiro masculino, cumprimentei algumas pessoas no corredor e as meninas como sempre, cochichando e rindo pra mim, pensando que eu não escutava.

É engraçado ser popular, por mais que seja difícil, eu sorrir muito em público.

O sinal toca e logo, me dirijo até a sala no segundo andar pra primeira aula.

Todos pareciam estar a espera de alguém e também mais agitados que o comum.

Pensei que fosse eu e até fizeram festa quando me viram por alguns minutos, antes que descobrisse que a atração era maior e tínhamos um novo colega transferido.

───── Um aluno novo? ── Pergunto curioso e sento de costas pro quadro, do lado do Lee que estava pouco preocupado com a informação, dando de ombros.

───── Pelo jeito, sim. ── Comenta enquanto joga um joguinho aleatório em seu telefone e arrisco dizer que é Brawl Stars. ───── Merda. ── Murmura baixo depois de perder a partida e me dá uma encarada. ───── Cadê a blusa que você tava usando hoje mais cedo? Sunghoon pelo amor de Deus, é o primeiro dia de aula! Não acredito que já levou alguém pro vesti-

───── Não, não é isso! ── Exclamo rápido, antes que ele conclua a besteira que estava falando. ───── Um menino atrapalhado derrubou café em mim, achei essa no meu armário. ── Explico segurando no tecido vermelho com meu nome e o número 24 escrito em branco no fundo.

───── Você ao menos sabe quem foi pra gente cobrar depois? ── Pergunta curioso, se divertindo com a história.

───── Não sei. Nunca vi ele na vida. Só lembro do cabelo loiro. ── Comento coçando o cabelo, tentando lembrar de mais alguma informação útil.

É então que o burburinho começa a sumir devagar e me viro de frente, já sabendo que o professor chegou.

Ele nos cumprimenta com um bom dia, pergunta das nossas férias brevemente e faz o tão esperado anúncio.

───── Como alguns de vocês já sabem, esse ano temos um aluno novo na turma. ── Diz sério e então vai até a porta chamar o tal garoto.

O efeito câmera lenta se inicia desde o momento em que ele pisa dentro do local e sorri pra todos nós, visivelmente incomodado e sem jeito.

───── Apresente-se por favor, Sr. Kim. ── O professor indica e ele assente dando um passo a frente meio nervoso.

───── Meu nome é Kim S-Sunoo, err...Eu tenho d-dezessete anos, vim de Suwon e espero que...T-Tenhamos um b-bom ano letivo. ── Suas bochechas coram no meio da frase enquanto ele fala, sem parar de mexer os dedos e desviar o olhar.

Parece que seus olhos encontram os meus no rápido lance que observa a turma, então, provavelmente estava se escondendo com medo de que eu o reconhecesse.

───── Por acaso o menino do café, é ele...? ── Heesung sussurra pra mim e eu assinto com a cabeça, sem acreditar que seríamos colegas de turma pelo resto do ano.

───── Obrigada, Sr. Kim, pode se sentar ao lado do Sr. Shim, por favor. ── Aponta pro garoto australiano sorridente em sua direção e então timidamente pede licença pra sentar.

O lugar de Jake não era muito longe do nosso, eu e Hee sentávamos no fundo da classe, era na mesma fila, só um pouco mais na frente.

A turma observa ele, cochichando entre si e deixando a criatura com mais vergonha ainda.

Sorte a dele, que Jake o distrai com algumas perguntas tão rápidas que parecem estar no 2X e se apresenta, informando que é um dos escritores do jornal do Royalty.

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Como pode inglês ser a pior matéria?

Essa pergunta é unânime pra maioria dos meus colegas, já que pra nós, falantes maternos de coreano é mais complicado lidar com o sotaque americano.

Sunoo tem uma boa pronúncia, apesar da sua dificuldade camuflada. Misturado, isso fica uma graça nele mas também, não sei se acharia uma graça em todo mundo.

Parece não ter tanta facilidade assim, mas devagar, ele vai conseguindo ler o texto indicado pela professora e todos estamos entendendo, ou, ao menos, tentando, porque além de não sabermos quase nada, quem está lendo é ele e todas as atenções são atraídas pra si naquele momento.

Assim que termina, a mais velha o agradece e então, ele sorri apertando os olhos, porém deixa o lápis cair, vira de costas pra pegá-lo e na subida, acaba me encarando.

Na minha cabeça, eu olho pras pessoas de um jeito totalmente diferente do que elas descrevem.

Todo mundo diz que minha feição é intimidadora e que na maioria das vezes, estou sério.

Eu espero mesmo que não pareça que esteja assim agora, porque estou apenas analisando detalhadamente seus olhos verdes meio azulados, suas mãos delicadas e a canetinha com um enfeite da My Melody que segura.

O garoto percebe meu olhar e logo toma um sustinho, virando-se pra frente rápido, tentando fingir que não aconteceu nada.

Alguns minutos depois, continuo-o lhe encarando enquanto troca bilhetinhos com Jaeyun no meio da aula e em uma das trocas se vira pra mim, provavelmente pra checar se eu ainda estava o encarando.

Kim Sunoo parece ser um garoto comum vendo-o de fora, ele é baixinho, da altura de um anão de jardim, sorri com grande frequência, gesticula muito os braços e as mãos, é tímido e o que tem de tímido, tem mais ainda de desastrado.

Ele só era uma pessoa muito bonita, talvez deva acrescentar o quanto é meigo, fofo e adorável também.

Espero que apareçam chances melhores e mais decentes de conhecer O Anjo daqui pra frente e que por favor, não terminem em desastres com café.

touchdown ~ sunsunOnde histórias criam vida. Descubra agora