Capítulo dois

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Ao acordar na manhã seguinte percebo que Atlas já havia acordado, sua cama estava arrumada e ele não estava mais presente. Não dei importância e entrei para o banheiro, estava muito calmo o dia, conseguia até ouvir os pássaros cantando o que não é comum quando se trata de um alojamento cheio de soldados e recrutas, muito estranho.

- QUE? JÁ SÃO 10 HORAS? MAS QUE DROGA EU TO FUDIDO. - tá explicado o por que de estar tão silêncioso, ninguém mais tava no alojamento a não ser eu, todos estavam no campo de treinamento, aquele desgraçado do Atlas nem pra me acordar, mas ele ainda vai precisar de mim. Me arrumei o mais rápido possível e corri para o campo.

- quem é você rapaz? o treinamento já começou a muito tempo. - sargento Buck me perguntou.

- recruta Cassini senhor. - disse tomando  posição e tentando recuperar o fôlego.

- recruta Cassini, você não se envergonha? todos estão aqui a horas dando a vida em seu treinamento enquanto você vagabundiava pelas ruas, você não devia nem pensar em dar as caras por aqui, não passa de um vagabundo inútil.

- peço mil desculpas senhor, peço para que me dê permissão a prosseguir com o treinamento e aceitar qualquer tipo de punição. - odiava precisar abaixar a cabeça para alguém, ainda mais quando esse alguém não passa de um covarde igual ao sargento Buck, fala sério o único sobrevivente do esquadrão? isso não é honra pra ninguém, aposto minha vida que ele largou os companheiros sozinhos e fugiu pra bem longe do campo de guerra.

- hm, permissão concedida. Atenção recrutas, este jovem rapaz precisa receber uma lição, vocês irão lutar contra ele, não tenham pena. - que porra é essa, é sério mesmo que ele vai fazer todos os caras lutarem contra mim? eu sozinho não tenho a menor chance de lutar contra todos.

- com licença senhor, se nós obedecermos a sua ordem, a probabilidade do Cassini falecer são altíssimas, não podemos perder recrutas. - disse Atlas.

- se o recruta for um vagabundo sem compromisso, podemos sim e outra coisa você está me contrariando?, Atlas.

- estou senhor, ao contrário do que o senhor disse eu não acho que o Cassini seja um vagabundo, ele pode sim se tornar um soldado extremamente forte. - Atlas respondeu ao sargento Buck, esse cara tá querendo morrer. antes que sargento Buck pudesse responder eu respondi Atlas.

- está tudo bem Atlas, se eu não vencer, serei um homem morto, mas ao menos vou provar meu valor. - assim que terminei de falar, sargento Buck deu permissão para começarem.

Passei a minha vida inteira treinando um estilo de luta conhecido como muay thai, no orfanato em que eu crescei após a morte de meus pais, Carter, um homem de 23 anos, preso naquele orfanato desde os seus 16 anos, me ensinou esse estilo de luta originária do seu país, eu o via como meu irmão mais velho, admirava ele como homem, mas ele foi mandado embora do orfanato mesmo trabalhando e ajudando com as despesas. tempo depois recebemos a carta que o prédio onde ele trabalhava havia sido bombardiado e ele havia falecido.

Não seria fácil me derrubar, mas contra tantos assim, as chances pra mim eram quase nulas, mesmo nessa hipótese, eu não baixei a cabeça e prossegui em posição de defesa, desviava de alguns ataques, e aguardava alguma brecha para atacar, e quando finalmente encontrei, acertei o nariz de um recruta que explodiu em sangue, ele caiu no chão urrando de dor, enquanto continuava desviando dos socos fui surpreendido por uma rasteira que me fez cair no chão e antes que pudessem me acertar empurrei com as pernas o recruta que vinha pra cima de mim, ele acabou batendo em alguns outros recrutas derrubando-os, consegui me manter de pé e estava pronto para atacar novamente, enquanto eles tentavam me acertar eu desviava e contra atacava. Têmpora, queixo, nariz, traquéia, pulmões e genitálias, eram esses os pontos em que eu mirava, se eu pudesse acertar esses pontos com força o suficiente, os adversários iriam desmaiar ou perder o controle.

Faltava apenas um cara para finalmente acabar com tudo isso, não lutei com todos os recrutas, alguns se recusaram a lutar e entraram para o alojamento, o sol já estava se pondo e o tempo começava a esfriar, não havia comido nada até agora e estava por um fio de desmaiar, mal conseguia enxergar o adversário por conta de meus olhos inchados, meu nariz e gengiva sangravam sem parar, meus punhos, joelhos e cotovelos tinham pequenos cortes que sangravam, estava exausto, arrisco a dizer que a única coisa que me mantia de pé era o orgulho de não me dar por vencido.

Meu adversário, recruta Ezra, não se encontrava muito diferente de mim, também arrisco a dizer que ele não quer se dar por vencido, e em um piscar de olhos, ele corre em minha direção conseguindo me derrubar no chão, enquanto ele está por cima de mim me desferindo socos continuamente eu seguro em seu pescoço apertando o mais forte que conseguia, quando percebo os socos ficando mais lentos e fracos eu sei que ele está quase inconsciente, mas não podia soltar ainda. Quando ele finalmente cai desmaiado ao meu lado, escuto palmas vindo em minha direção, não consigo ver quem é, minha visão estava turva e acabo desmaiando logo em seguida.

Enquanto tentava abrir os olhos lentamente, escuto uma voz dizer -  senhor Buck ele está voltando-  era Lucy, tentei me levantar mas fui impedido por ela, estava lembrando um pouco sobre o que aconteceu na noite anterior, meu corpo inteiro doía, parecia que meus ossos tinham sido esmagados.

- você precisa ficar de repouso, está muito machucado, só vai se recuperar cem por cento dentro de duas semanas. - disse Lucy sentada ao meu lado enquanto lia um livro.

- onde eu estou?.

- no seu quarto, sargento Buck pediu pra mim ficar de olho em você, não se acostuma, só estou aqui por ordens superiores e se você puder calar a boca eu vou ficar muito grata. - não pretendia conversar com ninguém mesmo então por mim tudo bem.

- senhorita Lucy, pode se retirar do quarto, agora sou eu quem vai ter uma conversinha com ele. - era o sargento Buck.

- sim senhor. - Lucy saiu de meu quarto fechando a porta.

- não estou surpreso pelo que vi ontem, jovem Cassini, não esperava menos de você. - ele me põe pra morrer e agora fala isso? - só de assumir um risco tão grande como esse, sabendo que podia morrer é um ato de coragem imenso, meus parabéns. - sem esperar por minha resposta ele saiu de meu quarto e pediu para Lucy voltar.

- por que você é uma soldada nomeada se parece ter a mesma idade que os recrutas?. - minhas dúvidas sobre Lucy eram imensas, essa garota era um mistério completo.

- diferente de inúteis como vocês eu fui criada para funcionar como uma arma, e eu achei que tinha dito que não queria ouvir sua voz. - optei por não dizer mais nada e fechei os olhos por um breve momento até ouvir Atlas entrar no quarto. Abri os olhos e pude ver em suas mãos uma bandeja com o almoço.

- licença senhorita Lucy, eu vim trazer o almoço do Cassini. - disse Atlas.

- tudo bem, você vai ser o responsável por alimentar e limpar a bunda dele?. - que? limpar a minha bunda?.

- não senhorita Lucy, ainda não foi discutido sobre quem ficará cuidando do Cassini. mas sei que o responsável pelo almoço de hoje será você, foram ordens do sargento Buck. - pela expressão de fúria que Lucy fez, ela não fazia ideia disso e quem pagaria o pato por isso com certeza seria eu. engoli seco com o pensamento.

Enquanto Lucy pegava a comida com a colher e socava goela abaixo, sem nem se importar se estava quente ou não, eu não tive outra opção a não ser pedir para que ao menos me deixasse assoprar a comida. ela ficou ruborizada e pediu perdão por ter sido tão indelicada.

fiquei contente com a situação, não imaginei que Lucy o terror dos recrutas, ficaria envergonhada.

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⏰ Última atualização: Jul 25 ⏰

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