Um pouco de emoção numa vida monótona

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Hermione aparatou no banheiro da cafeteria trouxa. Verificou se estava vazio e, olhando para o espelho, transfigurou a sua aparência. Transformou os cabelos longos, castanhos e crespos em um chanel loiro e liso. Colocou óculos escuros bem grandes para esconder os olhos e mudou as vestes rígidas de ministra da magia para jeans, tênis e camiseta trouxa. Também modificou a sua altura, ficando 15 cm mais alta. Ela sempre quis ser mais alta. 

Com 40 anos, ainda era muito bonita. Não estava transfigurando a sua aparência por querer melhorá-la, mas sim para não ser reconhecida. Ela ocupava o importantíssimo cargo de ministra da magia, era mãe de um casal de filhos e era casada desde muito novinha com o único homem que teve na vida, um marido carinhoso, leal, amigo e bom. 

Tinha conquistado tudo o que queria: sucesso, amor, prestígio, respeito da comunidade bruxa, paz, um filho chamado Hugo e uma filha chamada Rose. As duas crianças eram adoráveis e enchiam a sua vida de alegria.

Mas, nos últimos anos, entrou numa crise de meia-idade. Sentia que faltava paixão à sua vida monótona. Por mais que amasse muito o marido, sentia que a vida sexual deles estava sem sal. Eles transavam com frequência, mas de forma meio burocrática nos últimos tempos. Durante a campanha dela para ministra da magia, a crise explodiu: ficou 3 meses sem fazer sexo, de tão cansada que estava da dura rotina das eleições. O marido reclamou, mas ela não tinha ânimo, nem desejo. 

Depois de  eleita, sem a desculpa da campanha, sentiu que a sua vida sexual estava naufragando de vez. Não queria se separar, amava muito o marido, mas sentia que o tempo estava passando sem que ela vivesse uma paixão proibida, uma fantasia pecaminosa... sem que ela sentisse um desejo sexual arrebatador. 

Até que um dia tudo mudou. Logo depois que ela foi eleita ministra da magia, Draco Malfoy, de quem ela havia se tornado amiga depois da guerra, a encontrou sozinha em um bar e, depois de algumas garrafas de firewhisky, abriu o coração para ela:

- Minha esposa é maravilhosa, Hermione. Ela é realmente perfeita... Eu tenho muita sorte de tê-la ao meu lado e muito orgulho da família que construí com ela... mas... o sexo não está bom.  

- E por que você não conversa com ela, Malfoy? 

Ele riu, já meio embriagado pela bebida.

- Ela tem dificuldade de falar dos  próprios desejos, dos próprios sentimentos... E o que eu queria mesmo não dá pra ela, sabe? Ela é... um pouco conservadora na cama...

Hermione se irritou. Os homens sempre acham mais fácil buscar fora do casamento o que não têm coragem de pedir para a própria esposa, em casa. 

- Sei... E o que você quer? Um ménage à trois com duas mocinhas de 18 anos? - ela zombou.

Ele fez uma careta:

- Não! Que fantasia mais clichê! Não é isso que eu quero... Eu quero, bem...

Ele tomou mais uns goles de firewhisky para ter coragem de confessar:

- Eu tenho bastante interesse em BDSM... Não preciso te explicar o que é, não existe nada neste mundo que você desconheça... - ele brincou.

- Você quer ir num desses clubes de sadomasoquismo, é isso? - ela perguntou, curiosa.

- Não! - ele reagiu fazendo outra careta. - Nestes lugares o verdadeiro fetiche é o do exibicionismo. Fica tudo muito exposto, muito explícito... E eu não gosto disso, eu gosto de discrição... Na verdade eu queria um relacionamento extraconjugal com uma mulher em quem eu confiasse muito... uma amiga, sabe? Algo bem escondido... seria um segredo muito bem guardado entre nós... nem nossos melhores amigos saberiam...

Ela suspirou, nervosa.

- Seria um segredo só entre vocês dois? Então por que você me contou?

Ele ficou levemente corado:

- Por que você acha, Granger? 

Ela fez que não com a cabeça.

- Eu tenho muito mais a  perder do que você... Eu sou a porra da ministra da magia! Não posso ser pega traindo o meu marido! Imagina o escândalo??? 

Ele sorriu:

- Se esse é o problema, não se preocupe... Sonserinos são muito bons em quebrarem as regras sem serem pegos! Eu tenho um plano se... se você quiser se arriscar comigo...

Hermione não podia, não devia, mas... queria. A atração que sentiu por ele ali naquele bar, abrindo o coração para ela, era avassaladora. Era sujo e errado e pecaminoso...  mas mesmo assim sentiu uma vontade louca de arriscar. 

- E como seria? Como manteríamos algo assim em segredo?

E foi aí que ele contou todo o plano para ela.

Ela concordou porque acreditava que seria um caso rápido.  Achava que o desejo iria se desgastar em questão de semanas... Mas, seis meses depois, lá estava ela num banheiro de uma cafeteria trouxa, mudando de aparência antes de aparatar na porta de um hotel trouxa. Todo aquele trabalhão e ela ainda tinha medo de estar sendo seguida por algum jornalista intrometido. 

Ela sempre foi perseguida por ser a garota de ouro de Potter, mas depois que foi eleita ministra, até a agenda dela passou a ser pública. Ela se arriscava muito em cada um desses encontros clandestinos. Mas não conseguia parar.... Draco Malfoy era viciante!

As tardes de sábado eram deles! As crianças ficavam na casa dos pais dela e ela só as buscava à noite. Toda semana ela tinha aquelas poucas horas livres para encontrar Malfoy antes de buscar os filhos na casa dos avós. Ela achou que logo se cansaria, que não valeria o risco, mas em pouco tempo os sábados passaram a ser os dias mais felizes de sua vida. 

Quando chegou ao hotel trouxa, ele já esperava por ela: o cabelo estava transfigurado em cachos negros, ele usava óculos escuros e estava mais gordo. Subiram juntos para o quarto e sentiam sempre a mesma emoção de se despirem não só das roupas, mas também dos disfarces. 

Durante a semana, ela era a ministra da magia dedicada, a mãe amorosa, a esposa paciente. Mas aos sábados ela era simplesmente livre! 

Ela se sentia viva!

Não tinha como aquilo acabar bem, mas nenhum dos dois conseguia parar. Estavam viciados!


O delicioso pecado da traiçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora