Prólogo

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Algumas pessoas consideram normal se apaixonar pelo seu melhor amigo. Essa conexão profunda entre duas pessoas que se entendem perfeitamente a anos . E então você acaba contando o que sente e descobre que ele sente mesmo por você, e assim se torna um casal perfeito.

Claro que esse não foi o meu caso, até porque mês passado eu confessei para a minha melhor amiga que gostava dela. E a pior coisa não foi descobrir que ela não sentia o mesmo, foi o fato de ter me descoberto lésbica, gostando da minha melhor amiga.

Mariana sempre foi minha única amiga na escola, e nossa amizade começou no meu primeiro dia de aula na oitava série. Eu estava nervosa, mas ela puxou conversa comigo sobre a minha camiseta com a estampa da banda System Of A Down, que por coincidência também era a banda favorita dela.

-Ei, você também curte essa banda? - Ela perguntou, apontando para a minha camiseta.

-uh? Ah, sim eu curto bastante

-Caraca não conheço ninguém dessa escola que escuta eles sério, por isso só tenho amigos virtuais.

Sorrio, mas meio confusa.

Como é seu nome mesmo? - Ela disse, pegando uma cadeira da mesa ao lado e se sentando perto de mim.

-Cecília

-Prazer sou Mariana, podemos ficar juntas no Intervalo se quiser. Bem-vinda.

Aquele maldito charme que tinha nela, fez meu coração palpitar de uma forma diferente me deixando mais confusa do que eu já estava, e foi assim que passamos o resto da semana ficando juntas nos intervalos e falando sobre filmes e bandas. Ela me mostrou toda a escola, íamos na casa uma da outra quase todos os finais de semana. Quase sempre só ouvíamos músicas e assistíamos filmes de terror.

Nos próximos anos, tudo era muito divertido e incrível. Nossa amizade crescia cada vez mais. Fazíamos tudo juntas e sempre foi Eu e a Ela. Mas não demorou muito pra eu perceber que o sentimento que eu estava tendo pela Mariana estava ficando diferente. Percebi isso no final do nono ano, quando Erick, um garoto de nossa turma, começou a gostar de dela. Ela não dava trela, mas mesmo assim eu ficava com um sentimento estranho, e quando Erick pediu o número de Mariana, percebi que esse sentimento era ciúmes.

No começo, pensei que era só um ciúmes de amizade, apesar de que no fundo eu sabia que não era por conta disso. E sim porque eu estava apaixonada e sabia que não poderia revelar isso porque acabaria com tudo. As coisas já estavam de cabeça para baixo quando eu percebi que gostava de garotas, em específico, minha melhor amiga, se descobrissem isso, poderia ser o fim não só da minha reputação, mas também da minha única amizade.

Com o passar do tempo, fui ignorando a existência de Erick, tentando me convencer de que ele era apenas um garoto qualquer interessado em paquerar alguém. Mesmo assim, essa situação continuou no ano seguinte, até que Eu e Mariana discutirmos feio um dia depois da escola.

-É sério Ceci o'que há com você? Sempre que estou com Erik você trata todo mundo com ignorância. - Ela diz em um tom alto, e sério

-Para de drama Mari, isso é coisa da sua cabeça.

-Coisa da minha cabeça?! Ceci, todo mundo repara como você muda. O que foi, você gosta dele?

Senti meu estômago embrulhado, eu não queria dizer mas eu também não queria que ela pensasse que eu gostava do garoto dela. Ficamos um bom tempo discutindo até eu fazer Mariana entender que eu não gostava de Erik, mas mesmo assim ela não tinha outro pensamento a não ser esse.

-Confessa logo Ceci, eu sei que você gosta dele.

-Mari eu juro que não é ele. - Falo, com a voz trêmula

-Então oque é?

Respirei fundo. Mesmo sentindo que iria colocar tudo pra fora, criei uma coragem que não existia dentro de mim e fui.

-É você Mari. Eu gosto de você.

Tudo ficou em completo silêncio durante 2 minutos. Parecia uma eternidade. Eu vi o rosto de Mariana em completa surpresa.

-Ceci... eu sinto muito mas sabe? Somos apenas amigas entende? Desde sempre fomos e não faz sentido. - Ela se afasta um pouco, confusa.

Eu só queria sair dali.

-Eu sei Mari, sinto muito por isso.

Peguei minha mochila que estava jogada no chão. Agradeci a mãe dela, e voltei pra casa. Passava todos os dias trancada no quarto, apenas saia para ir à escola. Levantava só para ir ao banheiro, e mal comia o'que minha mãe levava para mim.

Duas semanas depois daquele dia. Mariana não me mandou nenhuma mensagem, ela andava com Erik sempre, como se eu nunca tivesse existido. Nos víamos pelos corredores da escola e mesmo ela me olhando como se sentisse pena de mim, não fazia questão de falar comigo.

Confesso que foi bem deprê no começo e parecia um looping. Minha mãe tentava falar comigo mas eu tinha tanto medo dela se decepcionar, então ela só me deu um espaço para pensar. No fundo ela sabia que eu iria me abrir com ela, eu só precisava realmente processar e ter meu espaço. Ao contrário da minha irmã Júlia, mesmo a quilômetros de distância de mim e estando do outro lado da tela do meu notebook, ela sabe quando há algo de errado comigo.


-Ceci, me conta. Foi aquela Mariana não é? Mamãe falou que vocês não se vêem a semanas, sei o quanto vocês são próximas. Vocês brigaram? - Ela me perguntou, com a sobrancelha direita levantada. Uma pequena pressão de quem sabia que se eu mentisse seria capaz de voltar ao país pra me sufocar de perguntas.

-Não foi nada demais lia, apenas discutimos por algo bobo.

-Ao ponto de acabar com a amizade de vocês? Você pode enganar a mamãe Ceci, mas não me engana.

-Ela pensou que eu estava afim do garoto que ela gosta só isso.

Tá bom, eu meio que menti pra minha irmã. Mas sério era pressão demais pra mim, eu não podia estragar minha amizade e ainda decepcionar minha mãe e irmã tudo de uma vez.

Lia arregala os olhos indignada com o que acabou de ouvir.

-Nossa, sério Ceci. Essa garota é ridícula.

Ela tinha razão. Mas não a culpo de ter agido daquela forma comigo.

Então, lia olhou para o lado como se estivesse pensando exatamente oque dizer.

-Olha, mamãe e eu estávamos conversando sobre você passar um tempo aqui comigo em Londres. Você sempre quis fazer intercâmbio, e acho que está na hora de você focar mais em seus estudos. E depois disso acho que seria bom recomeçar algo diferente o que você acha?

Eu fiquei surpresa, desde quando a Lia foi para Inglaterra ela sempre foi minha inspiração para ir mais longe em meus sonhos. Trabalhar fora do país,falar outro idioma. E desde de então eu estudei bastante para falar outra língua em específico o inglês, não sou fluente mas é o suficiente para começar meus estudos lá. Antes minha mãe não achava que eu estava pronta para encarar uma cultura nova com pessoas diferentes. Isso era um fato - talvez ainda seja. Mas, ao contrário de antes, agora fazer coisas novas não parece uma ideia assustadora.

Lia estava certa. Eu precisava recomeçar.

Amor Em Tons De Outono Onde histórias criam vida. Descubra agora