Os meus olhos contemplam a mensagem por momentos, não sabendo ao certo como é suposto eu reagir.
M: Meu último dia da AMON? Sim, será, porque me vou embora.
P: Não, não assim, Moon...
M: Phoenix, o que raio é que não me estás a contar?
P: Meu Deus, Garnet, mas será que não percebes? Eles não te vão deixar ir.
Os meus olhos afundam-se nos caracteres, tentando interpretá-lo. O Phoenix, sendo filho do chefe disto tudo, é dos agentes que cá está há mais tempo. Tem fortes conexões com alguns integrantes, uns que já atingiram a maioridade e quiseram ficar, mantendo amizade com ele; outros que escolheram sair e nunca mais lhes pôs a vista em cima.
Assim que um integrante atinge os 16 e decide deixar a AMON, são lhe retirados os pertences especiais, exceto o telemóvel, para que a organização possa ter ainda controle sobre as pessoas com quem ele se contacta, (claro que o agente pensa que é por pena e compaixão, pois ele sai à sua mercê, com dinheiro em falta, sem possibilidades para um aparelho assim, mas claro que não é essa a intenção) e depois das despedidas, é levado para o exterior.
O que acontece é que ou eles se matam assim que pisam o solo desprotegido, que são apanhados com as identidades que lhes são entregues e são condenados por serem falsas, ou que, pelo contrário, safam-se tão bem que se esquecem quem foi que os apoiou quando aqui estavam, já que ninguém, nunca, depois de se ir embora, nos voltou a contactar.
Phoenix é um ano mais velho que eu. Estamos ambos próximos do nosso aniversário - ele faz dia 4 de abril, eu dia 1 - um ano e três dias de diferença entre nós.
O Phoenix detesta a AMON. Detesta o pai, o monstro que ele é, detesta o que se passa aqui dentro.
Mas ano passado, o Phoenix decidiu ficar.
Por mim.
Pela Annora e por mim, essa é a verdade.
Não nos queria deixar sozinhas neste inferno.
Por isso sacrificou a liberdade para vir arder connosco.
M: O que queres dizer com isso, Deadly? Ele não têm escolha, é a lei.
P: Mas desde quando é que ele se importa com a lei?
M: Ele não tem o direito de fazer isso.
P: Ele não tem o direito de fazer muita coisa. Ouve, Moon. Já algumas vez falamos com alguém que foi? Gregory? Joshua? Asfill? Carlan? Alguma vez voltamos a ouvir deles?
O meu silêncio é a sua resposta.
P: Precisamos de falar, Moon. Tu e eu, cabeças frias, mentes racionais, calmos e sérios. Precisamos de ter uma conversa.
M: De que porra é que estás a falar, Phoenix? O que raio é que estás a dizer? Que os matam, é isso? Que chegam lá fora e os executam a sangue frio? É essa a imensidão do problema?
P: Não, Moon. Eles levam-nos para o 1.
O ar à minha volta de repente torna-se azedo e pesado e sinto a minha temperatura corporal a descer, o que é estranho, porque o meu batimento cardíaco acelera como louco.
Sento-me direita na cama e fixo a mensagem, para ter a certeza de que é isso que diz, de que li bem, e rezo, rezo, rezo, para que esteja a desenvolver uma doença qualquer, miopia, dislexia, burrice, sei lá, só para que esteja errada.
Mas não. É isso mesmo que diz.
- Eiiiii adivinha quem voltou com pipocas! Não digas a ninguém, que estas foram difíceis de arranjar - reconheço o som da porta a abrir e a voz de Annora, longe, muito longe, mas os meus olhos ainda estão pregados à mensagem - Estás bem?
Oh meu deus. Oh meu deus. Oh meu deus.
Apetece-me vomitar.
Uma outra mensagem surge no ecrã. E mais uma. E outra. Enquanto Annora me tenta abanar, murmurando alguma coisa sobre eu estar numa espécie de transe e chamar o meu nome.
P: Supostamente eles não conseguem ler as conversas entre os membros, mas receio que também nos tenham mentido em relação a isso e já estejamos em sarilhos. Tenho que falar contigo pessoalmente.
P: Calculo que estejas com a Nora. Trá-la também.
P: Biblioteca, sabes o lugar. Encontrámo-nos em quinze minutos. Deixa o telemóvel. Traz uma faca. Sabes o resto.
Do que é que será que a Moon tem tanto medo? O que é que há no 1º andar? Não tenham medo de comentar as vossas teorias, eu lerei e reagirei a tudo. Espero que estejam a gostar!
P.S.: é a partir daqui que a ação começa.
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Segredos de Sangue
ActionEstamos em 2126. O Mundo não foi dominado por robôs como se pensava no passado, nem as secas e inundações destruíram o planeta. O Fim do Mundo não aconteceu. Bem, pelo menos, não da forma que se pensava. Agora, o planeta inteiro é controlado por alg...