Capítulo 21, Caos.

16 6 1
                                    


──────⊱◈◈◈⊰──────

彡★ Capítulo: 21, Caos.

Minhas pernas queimavam como brasa enquanto corríamos cada vez mais rápido em direção ao castelo. Xariar liderava, nossos braços esticados ao máximo enquanto segurávamos as mãos um do outro. Eu segurava meu vestido para evitar tropeçar, desviando das pessoas que corriam em todas as direções, ao mesmo tempo em que olhava ao redor para não nos perdermos naquele caos. Foi complicado chegar ao beco, mas à medida que nos aproximávamos do destino, a maioria das pessoas já havia entrado em suas casas. O festival, antes animado, transformou-se em um completo deserto. Ainda dava para ouvir os passos e gritos dos que fugiam das explosões, mas ao olhar por cima do ombro, não vi ninguém nas ruas, embora algumas janelas ainda estivessem abertas com rostos curiosos espiando.

Passamos rapidamente pela passagem no muro, e Xariar me entregou a sacola com os ingredientes quando precisou passar pelo buraco. Agora, eu carregava a sacola e o papel que Xaya me dera, dobrando-o e guardando no bolso. À medida que nos aproximávamos do castelo, os sons de uma batalha ficavam mais intensos. Nos escondemos por um momento atrás de algumas moitas para avaliar a situação. Muitos nobres e servos estavam no jardim, sentados no chão, apavorados, enquanto soldados traziam corpos — vivos ou mortos — e os alinhavam no chão. Magos e curandeiros ofereciam os primeiros socorros às pessoas ainda conscientes, a maioria com queimaduras graves.

Perto de nós, um homem estava com panos enfiados na boca, provavelmente para abafar seus gritos. Algumas pessoas, que deviam ser sua família, estavam ao seu lado, oferecendo palavras de apoio enquanto o curandeiro examinava suas queimaduras. A carne de suas pernas estava tão queimada que o tecido das calças havia se fundido com a pele, tornando impossível distinguir o que era tecido e o que era carne na vasta extensão rosada de sua pele. O curandeiro se inclinava sobre as pernas do homem, aplicando pomada e pedindo para que a mulher que estava ao lado dele, lhe fizesse beber algo que estava em uma xícara.

Senti náuseas. O jardim estava repleto de cenas como aquela. Xariar apertou minha mão com mais força e saímos de trás das moitas, avançando com firmeza entre as pessoas. Quando notaram que era o sultão, os rostos se ergueram, surpresos. Para eles, parecia que o sultão havia surgido do nada, como um herói. Súplicas e agradecimentos desesperados ecoavam de todos os lados, enquanto nobres e servos se ajoelhavam aos pés de Xariar, que claramente estava desconcertado. Três guardas vieram em nossa direção com olhares incrédulos, enquanto as pessoas se afastavam, dando espaço para eles passarem.

— Vossa graça, procuramos o senhor por toda parte... — disse o guarda que parecia ser o líder, ofegante. Seu bigode espesso e chamuscado indicava que ele havia passado por uma situação crítica, e o cheiro de cabelo queimado o acompanhava.

— O que está acontecendo, capitão? — Xariar perguntou, e uma explosão ressoou na janela acima de nossas cabeças, provocando gritos de horror. Xariar se jogou sobre mim, tentando me proteger.

— É o Ifrit, senhor! Ele começou a atacar de repente. Há muitas pessoas na sala do trono tentando detê-lo! — o capitão continuou, desesperado. — Eu não sei mais o que fazer, senhor... tivemos muitas baixas...

O capitão caiu de joelhos diante de Xariar, chorando como uma criança. Os soldados atrás dele pareciam perplexos; ver seu superior, um homem de grande porte e título, desmoronar daquela forma era algo difícil de presenciar.

Eu sabia que não podíamos perder tempo ali. Um pânico cego tomou conta de mim ao pensar em Omar, Duni, minhas criadas, e... Rosa. Ela estava presa no esconderijo. Procurei com os olhos no jardim, tentando encontrá-los, mas o espaço era grande demais para cobrir tudo de uma vez.

O feiticeiro e o deserto.Onde histórias criam vida. Descubra agora