Ladar - Sangue & Sacrifício - CONCLUÍDO

12 - Reivindique as Feras - Parte Final

Diante do majestoso Palácio da Estrela, em Elvenear, dois grifos estavam a brincar sob o céu límpido, suas figuras imponentes se destacando contra a grandiosa estrutura. Um dos grifos, com plumas de uma cor que mesclava dourado e marrom, movia-se com graça e força, suas asas se abrindo e fechando em movimentos harmoniosos, enquanto o outro, de uma brancura impecável, quase reluzente, acompanhava-o em uma dança aérea cheia de vigor e elegância. As penas brancas deste segundo grifo captavam a luz do sol, refletindo-a como milhares de pequenos cristais, conferindo-lhe uma aparência singular.

Os grifos, criaturas de beleza e poder inigualáveis, podiam atingir impressionantes quinze a vinte metros de comprimento em sua maturidade, com asas amplas e plumas densas e fortes que lhes proporcionavam uma proteção robusta e uma aparência imponente. Em sua juventude, ainda que já magníficos, pareciam relativamente menores, mas era inegável que possuíam um potencial esplendor que se revelaria com o tempo. No continente, havia milhares dessas criaturas majestosas, todas notórias por sua habilidade e rapidez, além da lealdade inquebrantável a seus donos e montadores. No entanto, eram exigentes quanto à pureza do sangue daqueles que os montavam, preferindo aqueles com menos impurezas em sua linhagem. Descendentes mais próximos das águias gigantes e das quimeras, os grifos possuíam um espírito livre inigualável, amando a liberdade acima de tudo. Suas celas, quando necessárias, eram tão belas quanto eles, ornadas com detalhes que refletiam seu status e magnificência.

Enquanto Calum, Rasmus e Joakim conversavam nas proximidades, o ruído dos grifos enchia o ar. Seus grasnados eram altos e ressoantes, como trombetas que anunciavam sua presença. Em momentos de brincadeira, os sons tornavam-se mais suaves e quase musicais, como uma melodia selvagem.

— Veja como eles são magníficos — comentou Joakim, observando os grifos com admiração. — É quase como se estivessem dançando. Contam os Altos Elfos do Norte que os Grifos vieram de uma chama fria da Lua, quando o Sul caiu em desgraça, Antuniel, Primeiro Senhor dos Elfos, recebeu uma criatura como guia na jornada pelos Ermos de Telman. A amizade foi tanta que o elfo se viu na necessidade de presentear a criatura com a grandiosidade. Porém, para os homens mais céticos, elas vieram das águias gigantes e das quimeras, mas as duas vertentes são gloriosas e recebidas.

— Meu tio contou-me uma vez sobre o herege que os reivindicou. Como conseguimos que eles nos obedeçam? — perguntou Calum, fascinado pela majestade das criaturas.

— É uma questão de respeito e compreensão — explicou Joakim. — Eles não são como cavalos ou outros animais de carga. Os grifos exigem um vínculo profundo. Você deve se comunicar com eles, mostrar que é digno de sua confiança. Eles julgam até mesmo a alma.

Joakim se aproximou dos grifos, levantando a mão com um gesto cuidadoso. O grifo dourado inclinou a cabeça, observando-o atentamente. Joakim emitiu um som baixo, quase um sussurro, que parecia uma mistura de palavras e canto. O grifo respondeu com um grasnado suave, aproximando-se, como se o reconhecesse.

— Vejam — disse Joakim, olhando para os outros. — Eles respondem a sons específicos, mas mais do que isso, respondem à intenção por trás dos sons. Não basta apenas fazer os ruídos corretos, é preciso senti-los. É a língua nobre dessas criaturas, os maiores sábios de meu povo, ajudou a criar.

Rasmus tentou imitar Joakim, aproximando-se do grifo branco. Emitiu um som similar, mas hesitante. O grifo observou-o por um momento antes de se mover lentamente em sua direção, como se testasse a confiança de Rasmus.

— Isso — incentivou Joakim. — Mostre a ele que você é confiável. Não tenha medo, mas também não seja arrogante.

Com o tempo, Calum e Rasmus conseguiram se comunicar com os grifos, cada movimento e som tornando-se uma dança de entendimento mútuo. Joakim observava com um sorriso satisfeito, sabendo que haviam dado os primeiros passos para criar um vínculo verdadeiro com aquelas criaturas magníficas.