Barata enorme

79 8 1
                                    

Tavin

Tô ficando maluco! Deitei na minha cama, observando o teto do quarto tentando matar a expectativa pela ligação da garota, mas as chances dela retornar eram mínimas, bom foi o que pensei mas o toque do meu celular chama. O número desconhecido brilha na tela.

Olá, amor! — digo de primeira. As vezes me faltava um pouco de vergonha na cara.

Oi, cantor! — escuto sua voz assustada, o que me deixa em alerta.

Tá tudo bem? — ela demora a responder.

Não, tem um bicho de 6 patas e duas anteninhas me ameaçando. A barata é enorme — disse ela.

Você tá com medo de uma barata? — perguntei, rindo da situação.

Você tá rindo imbecil? — falou irritada — É um inseto extremamente perigoso você sabia que elas podem voar? — grita do outro lado linha brava.

O que eu posso fazer pra te ajudar? — ela bufa com mais raiva. Eu tô brincando com fogo.

Vai se foder, cantor. Vou chamar outra pessoa que possa ser útil — resmungou — Percebi, o quanto a rua da minha casa é movimen... — um grito agudo vibra no meu ouvido.

Puta merda, a piranha acabou de voar na minha direção — sua respiração estava falha. Eu fiquei com uma imensa vontade de rir, mas matei no mesmo instante precisava salvar a garota.

Eu indo te salvar, amor. — digo desligando o celular, peguei minhas chaves e um moletom vestindo por cima da camiseta.

Dirigir o mais rápido que posso sem quebrar as leis de trânsito, a sorte que nossas casas eram próximas. Estacionei em frente da casa branca, passei pela portão iria bater na porta, mas Adeline apressa minha entrada.

— Tá aberta, entra de uma vez — empurrei e adentrei na casa, vejo Adeline encolhida na ponta do sofá encarando o inseto inofensivo por outro lado ela tinha razão, é bem enorme. Sem pensar duas vezes peguei a vassoura jogada no chão, espanquei a barata que cai morta.

— Não sabia desse seu lado dramático — tirei sarro. Ela revira os olhos.

— Obrigada, por vim me ajudar! — Adeline se levanta do sofá. Ela vestia uma calça moletom, blusa curta deixando a mostra parte da sua cintura. Notei os seus lábios perfeitamente desenhados, os olhos verdes tão grandes e hipnotizantes e o cabelo desgrenhado dando o toque especial. Deus, ela é linda.

Escutou o que eu disse? — saio da transe com a sua voz.

— O quê?

— Perguntei se você estava ocupado quando liguei.

— Não — respondi. Dei uma vasculhada pela casa, havia muitas plantas na sala — Tá sozinha? — perguntei.

— Sim, você foi minha última opção para pedir ajuda. Minha mãe deve estar atolada no trabalho e Emília saiu com o seu amigo — explicou.

— Pode confessar que arranjou essa  desculpa para me ver.

— Poupe meus ouvidos, Otávio — ela se joga novamente no sofá — Eu detesto baratas, pernilongos e principalmente aranhas, eu tenho um medo absurdo.

— Vou me certificar de sempre lembrar dessa informação.

Reparei em papéis espalhados em cima da mesinha de centro. Sentei ao seu lado no sofá por sinal muito aconchegante.

— O que são? — perguntei, pegando os papéis.

— São papéis — ironizou, tinha um sorriso travesso em seus lábios.

Estava escrito Romeu e Julieta. Suas falas estavam marcadas de roxo.

— Quando esse monstro apareceu, eu estava ensaiando cenas da peça porém ainda estou um desastre — contou cabisbaixa.

— Se você quiser posso te ajudar — me ofereci de imediato, mesmo sendo totalmente leigo no assunto.

— Tem certeza? — questionou, ela arqueia as sobrancelhas.

— Claro, amor. Não deve ser tão difícil — dei de ombros.

— Ok, cantor — Adeline joga os papéis na minha mão — Leia, depois começamos.

Foi o que fiz. Minhas conclusões é que o cara é meloso pra caralho. E eu ator sou um ótimo como cantor.

— Tá pronto?

Assenti com a cabeça. Ficamos frente a frente, então Adeline diz suas falas, fico tão admirado do quanto ela é talentosa. Eu também digo o texto, no entanto muito abaixo dela. Tínhamos uma certa química contracenando.

— Ô, Romeu, Romeu! Quem o trouxe aqui?

— Meus pés — respondi.

— Seu palhaço, você tem que falar o amor.

— Estamos a um bom tempo nisso, você por acaso não tá cansada também?

— Ok, você ganhou. Tô morrendo de fome — ela solta um longo suspiro.

— Podemos pedir comida ou eu posso tentar meus dotes culinários — digo, a garota me lança um olhar desconfiado.

— Vai me dizer que além de cantor, rimador, quase ator. Você também sabe cozinhar? — disse sarcástica.

— Não tenho culpa se sou bom em tudo que faço.

Adeline solta uma gargalhada, com sons que imitavam um porquinho.

— O que é isso? — perguntei rindo da sua risada escandalosa.

— Foi mal, eu não tenho controle — falou, suas bochechas ficaram vermelhas — Esse seu ego, cantor. Me diz, qual sua especialidade na cozinha?

— Arroz e ovo.

— Não quero te desmerecer, mas você tem cara de quem é péssimo no fogão prefiro pedir comida do que uma intoxicação alimentar.

Na moral, me ofendendo de graça amor — no fim pedimos comida japonesa, demorou uns 30 minutos entre esse tempo conversamos sobre coisas aleatórias.  Descobri que sua é mãe advogada, começou a fazer teatro quando tinha 9 anos. É fácil trocar ideia com ela, podia passar horas conversando.

Não quis tocar no assunto dos sites de fofoca sinto que estragaria o clima e nem como eu fiquei puto quando vi Adeline nos braços de outro.

...

Hoje tem BDA 8 anos e o divo vai brilhar muito.

Rosas e Rimas - Tavin McOnde histórias criam vida. Descubra agora