Dançando na chuva - Philoise (EM REVISÃO)

Dançando na chuva

Phillip

Senti sua delicada mão segurar a minha e vi uma expressão de júbilo em seu rosto, me trazendo um fascínio por poder admirar seu belo sorriso com covinhas em suas bochechas.

Abri levemente a porta que abafava o som de dentro da casa e a guiei correndo para longe dali, o suficiente para sairmos da área coberta e sairmos do campo de visão de quem estivesse próximo às janelas.

A melodia que tocava distante dali era bastante animada e a dama parecia não se importar com os pingos de chuva que caíam sobre seu rosto.

Eu a segurei pela cintura e dançamos sem nos preocuparmos com as pequenas poças do chão que molhavam nossos pés. Éramos eu e ela naquele momento sublime.

O sorriso dela era contagiante e preenchia o meu coração com os melhores sentimentos que existiam. Naquele instante, me esqueci de todos os meus problemas e me entreguei às sensações que tinha sobre minha pele. O toque macio de suas mãos, os respingos gelados fazendo meu cabelo e minha roupa encharcarem-se, o tecido fino de seu vestido quando a tocava na cintura e o vento batendo em meu rosto.

A música acabou e com uma reverência finalizamos aquela bela apresentação, que para quem visse de fora não seria algo tão belo de ver, seria algo mais desengonçado do que bonito. Mas para mim era lindo. Ela era linda.

A chuva começou a engrossar e fugimos dali para um lugar seguro como crianças arteiras depois de verem a encrenca em que se meteram. Nos encostamos na parede ofegantes, recuperando as forças depois de uma longa corrida. Coloquei minhas duas mãos sobre os joelhos e caí em mim.

— Já não estou tão jovem assim. E preciso fazer mais exercícios. — Ela me olhou ao me julgar.

— Se não está jovem, então não estou tão diferente. — A moça tem razão, aparentamos ter a mesma idade.

Eu olhei para ela e segurei o riso, até que ouvi uma gargalhada gostosa sair de sua boca, me arrancando uma risada sincera também.

Ficamos por um tempo ali, recostados naquele muro um ao lado do outro. Percebi que ela esfregava suas mãos tentando aquecer-se.

— Venha cá.

Lhe mostrei a palma das minhas mãos oferecendo-as para aquecê-la. Ela as segurou, aproximei seus delicados dedos dos meus lábios e assoprei um ar quente com minha boca enquanto olhava em seus olhos.
Ela os fechou por um momento, concentrando-se no toque e abriu seus lábios levemente.
Por um instante me perdi naquele gesto e me esqueci do que tinha de fazer. Somente permaneci segurando suas mãos.
Ela abriu os olhos novamente e desta vez, eles que antes eram azuis acinzentados, agora tinham quase toda a iris coberta por sua pupila dilatada, parecendo um buraco negro em que eu poderia facilmente despencar em queda livre.

Me aproximei lentamente deixando pouco espaço entre nós, sentindo sua respiração ofegante, rocei meu nariz no dela e selei seus lábios com ternura, me demorando um pouco naquele beijo para aproveitar sua maciez e calidez antes que o momento acabasse.

A senti envolver meu pescoço e em resposta envolvi suas costas com meus braços colando seu corpo contra o meu. Minha língua buscava a dela com gentileza e pressionava minhas mãos sobre sua pele que já estava quente. Senti seus pêlos eriçarem sob meu toque e ouvi sua voz sussurrando coisas do tipo que me atiçavam ainda mais. Precisei me controlar, não queria que esse beijo pudesse trazer algum arrependimento para nenhum de nós dois, mais para ela na verdade, seria muito difícil eu me arrepender de fazer tudo o que queria fazer com aquela dama.

Separei meus lábios dos dela e a observei sair de seu transe vagarosamente. Ela tinha suas pálpebras relaxadas, e mordia seu próprio lábio ao soltar lentamente meus cabelos que antes puxava com força. Aquela visão, aquele beijo, tudo aquilo me desmontou inteiro.