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—VAI, PORRA! — Ouço Lionel gritar enquanto despejo a massa de macarrão dentro da panela com água fervente

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—VAI, PORRA! — Ouço Lionel gritar enquanto despejo a massa de macarrão dentro da panela com água fervente.

Acordei relativamente tarde hoje. Dormi bem e acabei levantando às nove da manhã para trabalhar. O fato de Sam e eu não termos ido para o trabalho ontem, não parece ter afetado em nada, até porque não levamos nenhum tipo de sermão desnecessário vindo de Thompson. Mas é claro que isso não muda em nada na questão de serviços, trabalhei como uma maluca o dia inteiro.

Acontece que mesmo que hoje tenha sido um dia cansativo, ele meio que está sendo um dos melhores dias da minha vida em meses, ou até anos. E sinceramente, suspeito que eu deva isso a Tom.

Ele realmente me trouxe para casa ontem. Não exatamente onde eu moro porque alertei a ele que se entrasse com aquele carro enorme e chamativo na minha rua, a chance de acabar sendo roubado seria grande. Não quis deixar minha gratidão muito transparente, mas não poderia deixar de agradecê-lo por tudo aquilo, então lhe dei um beijo leve na bochecha. Foi constrangedor, mas pelo menos o rapaz não vai poder dizer que fui grosseira.

—Ah, merda... — Um murmuro me chama a atenção e levo uns segundos para perceber que Lionel ainda está presente na casa. — SEUS COVARDES!

Aproveito que estou sozinha na cozinha e reviro os olhos. Lionel é um fanático por futebol americano, e quase todos os domingos somos obrigadas a ouvir seus berros para a televisão. E em dias de semana, como esse, que ele decide rever algum jogo passado em que não teve oportunidade de ver, é quase como suportar um porco grunhindo no chiqueiro. Bom, normalmente ele só perde um jogo quando decide dormir o dia todo ou quando resolve sair de casa para jogar pôquer com seus amigos igualmente emprestáveis. E meio que ele fez isso no domingo passado, então cá estamos nós, no final de uma quarta-feira, suportando o som de Lionel torcendo por um time péssimo.

—O jantar ainda não está pronto? — Ouço o homem perguntar assim que resolve entrar na cozinha.

Suspiro e o observo por cima do ombro.

—Não. — Respondo secamente enquanto vasculho por uma lata de molho de tomate dentro da despensa.

—Mas já deveria estar.

Abro a gaveta que fica embaixo da pia, buscando pelo abridor de latas, e me esforçando para não lançar algum tipo de objeto pontiagudo no homem atrás de mim.

—Você vir aqui me encher o saco não vai fazer com o que o jantar fique pronto mais rápido. — Digo.

Posso ouvir quando ele resmunga e se senta na mesa de jantar.

—Onde está Suzanne?

Dou de ombros.

—Deve estar no quarto, ela acabou de tomar os remédios. — Explico enquanto tempero o molho para o macarrão.

—Claro. — Ele diz e, por incrível que pareça, permanece em silêncio.

É estranho pensar que vivo com Lionel e Suzanne, basicamente, minha vida toda, e mesmo morando na mesma casa que os dois, eu quase nunca dou o azar de ter momentos a sós com nenhum deles. Suzanne é a pessoa com quem eu tenho mais proximidade porque ela consegue ser um pouco mais racional que Lionel em certas ocasiões, mas mesmo assim não somos chegadas. E mesmo que eu conheça meu tio há anos, eu não costumo me sentir confortável em estar sozinha no mesmo ambiente que ele. Principalmente porque sei que ele costuma ser mais escroto que o normal quando ninguém o está vigiando.

sua mente obscura - Tom KaulitzOnde histórias criam vida. Descubra agora