02 - Surpresas

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Quanto mais me aproximava, mais dava para ouvir sua respiração ofegante. ― Não... Não se aproxime. ― fala nervosamente. Levantando a mão e estica os dedos, em um sinal de "pare".

― Estou falando sério, não se aproxime. ― diz, com a voz grave. ― WEDNESDAY! ― grita, suficientemente para conseguir ver as presas de sua boca.

― Você não pode me impedir. ― digo, ainda andando em sua direção. ― Se for preciso morrer para que você se acalme, eu faço. ― falo, ficando perigosamente perto dela.

― Eu não sei como te ajudar. ― falo, pegando suas mãos e as tirando para conseguir ver sua cara. ― Mas, me ensine como fazer isso... ― ela não falou mais nada, mas olhou para os meus olhos. Dava para ver a coloração de seus olhos contrastarem entre azul-marinho claro e vermelho, era incrivelmente bonito mas, mesmo assim, um tanto curioso.

Seus olhos brilharam em lágrimas, logo vendo ela berrar e desabar. Não sabia o que fazer então a puxei para um abraço, a apertando contra meu corpo e sentindo meu ombro ser molhado.

Passou-se um tempo e ela já havia acalmado mais, estava com a cabeça enterrada no meu pescoço e fungando. Havíamos nos sentado no sofá e ela continuou grudada em mim.

― O que acha de sairmos? ―  perguntei. ― Pedi algumas coisas para você comer. ― falo, movendo meu pescoço para o lado, permitindo ver sua face com o nariz vermelho.

Por que tão... Fofa? 

Deixo esse pensamento de lado, de onde estou tirando essas asneiras? Espero que a Sinclair não esteja usando algo para me manipular e me fazer pensar coisas desse tipo.

― Pode ser. ― diz, finalmente se levantando e saindo de cima de mim, também me levantei e limpei poeiras imaginarias que tinham ali. ―  Ah, Wed? ― resmungo em resposta, ajeitando minha roupa. ―  Obrigada. ― chega mais perto e pega minha cabeça, com uma das mãos na minha bochecha e a outra afastando um pouco a minha franja, para depois deixar um sigelo beijo na minha testa e ajeitar minha franja novamente.

― Vou te esperar lá na mesa! ―  diz e simplesmente, sem mais nem menos, sai. Fico estática no mesmo canto, olhando para o nada por alguns segundos.

Vou até uma das milhares pias e ligo a torneira, passando água no meu rosto. ― Recomponha-se, Addams. ― digo para mim mesma, olhando para o espelho, e percebo que a maquiagem que passava em meu rosto havia saído, fazendo com que minha sardas fossem ser livremente vistas.

― Será que estou com febre? ― ainda falo comigo mesma, passando minha mão pelo pescoço e depois a testa, mas sinto meu corpo na temperatura natural, mais fria o possível. Consto que não deve ser nada, apenas um possível breve mal estar.

Finalmente saiu do banheiro, abrindo a porta e fechando a mesma, passando pelo estreito e pequeno corredor até chegar onde ficavam as mesas, me dirigi até a mesa que estávamos sentados, sentando ao lado de Enid. Vi que meu café estava lá, em um copo de plástico - ou papelão - de cor cinza, um listra marrom e a tampa preta. Retirei a tampa do copo e provei do líquido, não estava tão quente quanto esperado, o que sinaliza que estava ali a um bom tempo a minha espera, mas o gosto estava agradável.

Degusto do café de olhos fechados, percebendo que não há mais nenhum diálogo animado entre Enid e Yoko, a vampira parecia falar com Divina no momento, já Enid permaneceu em silêncio.

Estranho...

Ainda mais quando sinto uma respiração perto do meu ouvido. ― Ei, obrigada por isso. ― sussurra, para apenas eu escutar o que estava falando, me fazendo sentir o cheiro inebriantemente doce de seu perfume e também com que alguns pelinhos do meu pescoço se arrepiem, e depois beija minha bochecha.

Romance | WenclairOnde histórias criam vida. Descubra agora