Sentimentos Compartilhados

Capítulo 11

Martín L Arango

Desabafar sobre Soledad com Lana foi como tirar um peso das costas, ninguém pergunta em relação ao nosso casamento, achavam que me causaria algum dano, às vezes somente Cecília, pois essa não tem nenhum cuidado com nada.

Já com a minha niña, o covarde sou eu, assistir aqueles olhinhos vazios, doía-me. A partir de agora, vou falar de Sol a todo momento, respeitando o limite da executiva.

Os dois Vásquez não pararam de me lembrar de comprar o ingresso do filme do Homem-Aranha, recorri a minha irmã para comprar as entradas, estávamos nós dois no balcão com o notebook aberto no site do cinema. Ela com a inseparável cerveja.

- Qual o sobrenome da tua dona?-pergunta debochada.

- Vásquez!-A resposta saiu de forma desdenhosa.

- Ela está casada, amorzinho!

Eu peguei o aparelho do bolso, iniciei a chamada para supracitada, para me informar os dados. A mulher da minha vida atender de maneira provocativa.

- Oi, cariño, que surpresa! A que devo a honra?

- Além de querer escutar tua voz.-eu disse charmoso, encarando Ceci com meu sorriso cafajeste de lado e ela colocou o dedo na boca, imitando quando alguém quer vomitar. - Pedir os nomes completos para comprar os ingressos.

- Julie e Alisson Vásquez Avelar e o meu você sabe, cariño!

Eu repeti os nomes para a baterista, que seguiu com a compra.

- Não adicionou o nome do marido?-pergunto divertido.

- Claro que não, amorzinho! O único homem que vai me tornar a senhora de alguém é você. Señora Arango soa bem para ti, cariño?

A descarada me quebrou, fiquei boquiaberto, não sei quanto tempo, mas foi o necessário para Cecília erguer a cabeça em minha direção, com o semblante confuso e bateu a mão no meu queixo, tirando-me do transe que entrei.

- Fecha a boca, muchacho!

Eu pigarreei ganhando tempo, Lana gargalhou com outro lado da linha, sou um idiota de estimação dela.

- Hasta la vista, mi amor!

Quando escutei o movimento para desligar, gritei:

- Ei, cariño, soa muito bem!

Sem respostas, escutei o barulho que indica o fim da chamada, mas sei que nos lábios finos que amo degustar tinha um sorriso aberto.

Cecília me encara com a feição franzida em deboche, devia estar com a cara de bobão apaixonado, acenando em negação, empurrou o notebook para perto de mim.

- Tu és muito golden. Preserve-se!

Ela saiu de maneira teatral, desviei o olhar para tela, que anuncia a compra de cinco ingressos da estreia de Homem-Aranha. Essa saída ao cinema promete.

Eu chamei a versão mulher de mim, para irmos a loja de roupas masculinas, quero mudar um pouco a cor da minha vida. Não aprendo nunca, Cecília é insuportável e sempre caio nas armadilhas dela, encheu a minha paciência no final, saí da loja com dois looks completos.

Na quinta-feira, dia dezesseis, a estreia do tal filme de herói. A euforia toma conta do meu ser, é algo inédito sair com ela e os filhos e o coração emocionado deste artista está em êxtase.

Na minha residência, o quarto principal a se preciso arrumando-me, de calça de um modelo que nunca usei, cargo marrom e sapatênis da mesma cor e camiseta vermelha de manga comprida; a minha digníssima escolheu.

Eu desci as escadas, após pegar a carteira e o celular, a mencionada sentada no sofá com os pés sobre a mesinha de centro e a parte essencial na mão: a cerveja. Ela jogou o pano vermelho em mim, segurei na mão e abri para reconhecer a máscara do herói, já que se encontra nós dois, resolvi aceitar a brincadeira pondo no rosto e imitando o trejeito do personagem.

- Legal! Tio Martín vai a caráter!-exclama Ally assustando-nos.

- Vamos que já está na hora.-Encarei a ridícula Cecília que sorria.- Quando sair encosta a porta.

Ela nem me deu atenção.

O início do percurso para o shopping foi tranquilo, parecia que era do nosso cotidiano. No banco traseiro, Luna ficou entre os irmãos Vásquez nas respectivas janelas. Allana ao meu lado no carona, reivindicando o lugar de señora, pôs a playlists mexicanas.

As crianças ansiosas para assistir o tal filme, não calavam as bocas.

É esse passeio em família promete.