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Toda ação tem sua própria e igualada reação, quem diria que fazer uma aposta com seus amigos faria você voltar à mesma metrópole qual você abominava, seja a quantidade exorbitante e desnecessária de prédios ou a incapabilidade de respirar ar fresco em meio à tanto barulho e tráfego.

São Paulo não era a cidade mais apropriada para sua mente idealista e fantasiosa, mas é claro, quem não desejaria viver em meio à uma aventura medieval? Uma distopia futurista? Qualquer coisa seria melhor que sua vida monótona, que só se agravava em cidades mais monótonas ainda, as flores não floresciam do mesmo jeito que uma cidade menor com rumores que burburavam em uma comunidade próxima e pequena, no inverno não havia neve e pisca-piscas e a juventade que antes coloria um pouco da sua paisagem cinza, havia esvaecido em meio a todas as preocupações adultas e fúteis, na sua visão.

Você não era uma velhota de 30 anos ou algo do tipo, bem ao contrário, você deveria estar em festas, boates, sendo uma jovem de 18, caloura na faculdade, sei lá, qualquer coisa que te fizesse sentir mais como os outros, diferente da sua época da escola. Parecia que algumas coisas não mudavam nunca, sua satisfação podia ser simplesmente composta por uma paisagem romantizada, um café superfaturado com 70% leite vaporizado, 20% chocolate, 10% café e um excesso de chantilly por cima e uma musica de adolescente descontente.

Mas algo que com certeza não mudava era o cheiro de mofo nas minúsculas moradias dessa cidade, sério, num bairro decente, cara até demais para o seu bolso e com esse ambiente insuportável? Você não podia esperar pra esses 3 meses acabarem tão rápido!

Respira... Respira... São só 3 meses, isso é só uma viagem de estudos, e logo logo você vai estar no exterior, observando alguma árvore da janela, sendo triste em outro país! Você pensou, suspirando fundo, enquanto deixava a primeira caixa, das grandes 6, na sua mais nova casinha, era simples, mas dava pro gasto pelo tempo que você iria passar ali.

- Curtiu? É... aceitável, mas você consegue aproveitar seu tempo aqui com isso, querida. - Sua tia solteirona que morava na cidade sozinha, pelo menos desde que você tinha ido embora, Margarete, exclamou, um sorriso gentil estampado sobre seu rosto rechonchudo, enquanto entrava no cômodo com mais uma caixa.

- Eh, dá pro gasto. - Você suspirou, forçando um sorriso para sua tia.

- Pelo preço... - Ela riu, deixando a caixa sob o chão. - Ah, e o moço da imobiliária deixou isso aqui... - Margarete murmurou, tirando um pequeno cartão do bolso. - Vai que você precisa, tem o número deles.

- Ah, sim. - Você respondeu, estendendo seu braço para pegar o cartão, que lia; "Imobiliária Fachada". - Que nome.. Criativo. - Você murmurou, colocando o cartão no bolso da sua calça.

Após cerca de meia hora, todas as pacatas caixas tinham sido devidamente colocadas na casa, sua tia já havia se despedido, e você se encontrava jogada em meio a um colchão, completamente esgotada.

"Plim! Plim! Plim!" Você ouve, vindo do seu celular. Apesar da preguiça te consumindo, você se estica levemente, pegando o mesmo.


' Mãe '

+55 54 XXXX-XXXX

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🔴 🟢

Você grunhiu, se levantando contra a parede, e atendendo a chamada.

post mortem - agatha volkomenn x fem!readerOnde histórias criam vida. Descubra agora