Pov'Giacomo.
Sentia meu peito apertar, era uma sensação quase dolorosa, o tempo parecia estar se arrastando e ainda sim passou rápido, estava cada dia mais ligado a máfia, sentia que minha alma estava sendo dominada, e eu não conseguia evitar, os meses voaram, e outra semana começou, a semana que Ellen estaria completando quarenta semanas, estaríamos a espera do nascimento do nosso filho, mas só existia um vazio, um buraco imenso onde eles deveriam estar.
E nada mudaria isso, mesmo que ela um dia me perdoasse, ou eu a perdoasse, nada traria ele de volta, e isso era ainda pior do que saber que eu a usei, saber que meu ódio me roubou outro filho, era tortura ser assombrado por isso, o pior era saber que eu quase tinha culpa, ou tinha total culpa, destrui minha vida por ódio, e agora eu só tinha que suportar o que viria, aceitar que eu não poderia me livrar de Giancarlo e do fardo que ele jogou sobre minhas costas.
- tá pensativo - ouvi a voz doce e aveludada de Gabriela.
- oi - respondi meio sem graça.
- posso sentar? - ela apontou o espaço no banco onde eu estava sentado.
- pode - concordei, não queria conversar com ninguém, mas não queria ser rude com a única pessoa que eu ainda poderia conversar se precisasse. Mas esse momento não era agora.
- tudo bem?
- não, mas não quero falar sobre isso - tentei ser gentil.
- tudo bem! Posso só ficar aqui?
- acho que não sou a melhor companhia - murmurei.
- para mim é perfeita - ela sorriu largo.
Nós últimos meses Gabriela se mostrou muito receptiva, sempre gentil, sempre atenciosa, não sei se estava só me achando muito, mas parecia estar dando sinais de interesse, mas eu não estava pronto para qualquer tipo de envolvimento, nem afim de me ligar a alguém no momento, então eu figia não notar os sinais cada vez mais nítidos.
- deve estar mais entediada do que eu então - zombei.
- porque não está lá dentro com os outros?
- para comemorar a morte de dez pessoas?
- pessoas ruins - ela argumentou.
- e o que nos faz melhor? - questionei. Eu nunca me acostumaria com isso, me sentir melhor por matar alguém supostamente mau, isso me fazia exatamente o que? O mocinho?
- não sei - ela suspirou - mas sabe que isso é uma guerra, ou você mata ou morre.
- as vezes eu acho que seria melhor morrer - falei baixo, mas não o suficiente, Gabriela me mostrou um olhar surpreso - hoje faz sete meses que a mulher que eu amei morreu, e nosso filho estaria prestes a nascer.
- Gio - notei que os olhos dela ficaram marejados - eu sinto muito.
- tudo bem... É minha culpa.
- como assim?
- não quero falar sobre isso, nem sobre a festa lá dentro, ou sobre qualquer outra coisa.
Levantei e segui para dentro da casa, a música alta era incomoda, acompanhada das conversas alteradas, e da notoria embreages de todos ali era o combo perfeito para me enlouquecer, segui até onde Giancarlo estava e me aproximei para falar em seu ouvido.
- estou indo embora.
- fique e comemore - ele mandou.
- Francesca está sozinha, e hoje é... Não é um bom dia para nós dois... Pai! Por favor.
O encarei.
- te espero na sexta.
- vou estar aqui - afirmei.
Segui novamente para fora da casa, Gabriela ainda estava sentada no mesmo lugar, ela levantou ao me ver, parei e esperei por ela.
- sinto por sua perda - ela me deu um abraço e beijou meu rosto.
- obrigado.
Me afastei sem falar mais nada, segui em direção ao carro e dirigi para casa tentando entender como consegui destruir tanto minha vida, e levei minha filha junto. Francesca parecia outra criança, ainda pior do que quando perdeu a mãe, sua tristeza estava estampada em seus olhos, parecia que havia a consumido por completo, e ela era feita de tristeza agora.
- oi filha - tentei sorrir de forma natural - como você está?
- Oi papai - ela não sorriu de volta, olhei a babá que deu de ombros parecendo preocupada.
Sentei no chão perto dela e beijei seus cabelo.
- o que está fazendo?
- pintando - ela mostrou - Meredith e meu irmãozinho, a mamãe e meu irmão - ela foi indicando.
- está lindo - falei sentindo um no se formar em minha garganta - estava pensando, o que acha de irmos ao parque?
- não sei.
- tem brinquedos novos, podemos comer algodão doce - tnetie soar animado.
- pode ser o rosa?
- claro que sim.
Eu não havia perdido tudo, mesmo com todos meus erros ainda tinha minha pequena Francesca, com tantas perdas, nós sempre teríamos um ao outro, e eu não ia deixar nada destruir isso, nem mesmo a dor que estávamos suportando nos últimos meses, ela era meu ponto de luz em meio as trevas que estava tomando conta de mim, por ela eu tentaria com todas as forças não ser consumido pela dor e por tudo que rodeava a vida que estava vivendo.
- papai olha - ela apontou o balão imenso em formato de uma princesa - posso ter um?
- quantos quiser - chamei o rapaz que vendia e comprei o balão que ela pediu - aqui - entreguei em suas mãos.
- obrigada papai - aquele foi o sorriso mais autêntico que vi minha filha dar nos últimos meses.
***
Acho que aquela foi a semana mais longa dos últimos meses, todos os dias eu pensava se teria sido AQUELE DIA, o dia do nasci do nosso filho, me perguntava se Ellen estava bem, se estava pensando nele, se sentia minha falta, minha mente não desacelerava, a única coisa boa foi que Giancarlo pareceu entender o que se passava e não me torturou me fazendo de pau mandado, ainda me ligou duas vezes, mas só para saber algumas coisas, agora que eu era responsável pelos envios, agora que minha vida estava totalmente ligada a máfia, mas eu tive um pouco de paz, algo que começava a ser raro naquela nova vida. A vida que eu escolhi ter, mas não era de fato que desejei, eu queria poder ter tido chance de contar tudo para Ellen, toda a história, mesmo que ela ficasse com mais raiva, mesmo que quisesse me bater, que me odiasse, mas que de algum jeito tivéssemos conseguido ficar bem, eu só queria não ter perdido ela, foi por todas essas dúvidas, todos os pontos soltos, tudo que eu sentia que decidi que ia procurar por ela, ia achar um modo de descobrir para onde Ellen havia mudado, eu não ia suportar viver sem saber dela, precisava tentar.
- oi!!!! Precisamos conversar.
******
Cara.... Cara... Cara... Espero que as coisas melhorem logo por Gio.
Hoje tô inspirada, 2 capitulos de love story e um aqui.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Vingança, segredos e poder.
FanfictionEllen uma jovem recém formada em medicina esta de volta a sua cidade natal na Itália, após. separação dos pais, ela e a mãe partiram para oa estados unidos, perder sua mãe a fez tomar a decisão de se tornar médica. vinda de uma família rica, Ellen n...