Fiquei nervosa de repente. Nunca tinha feito uma entrevista antes, ainda que fosse perfeitamente capaz de falar no microfone e na frente de um público razoável.
Na escola eu sempre apresentava os trabalhos na linha de frente, por causa da minha boa dicção e também pela boa capacidade de falar em público.
Mas ali, sendo vista e ouvida por milhares de telespectadores, meu nervosismo bateu com força.Mordi o lábio pensativa.
- Para que dia é, Daivy? - Perguntei, me sentando na minha cama e encarando o girassol, querendo que ele me trouxesse um pouquinho de calmaria.
- Amanhã a noite, o que significa que a senhora tem o dia todo para se arrumar, porque sabemos que são milhões de telespectadores. - Meu coração palpitou, estranho. - Posso ir com você, se quiser.
- Isso. Você vai comigo, preciso de você lá comigo. - Só a ideia de ter Daivy ao meu lado, eu não ficaria tão assustada. O meu estúdio era recente, agora que estava decolando e eu não sabia se me assustava mais a ideia de ter aqueles milhões de olhos me observando ou se a ideia de ele perguntar perguntas inusitadas, perguntas desconfortáveis como as quais eu não estava disposta a responder em público.
Rezei para que ninguém fizesse perguntas íntimas sobre meu irmão. Rezei para que tudo saísse com esmero e que eu não cometesse nenhum gafe, porque depois daquele programa, meu estúdio decolaria.
- Então, ok. Respire fundo, se acalme. Vou passar o resto da noite estudando possíveis perguntas que cairão e estudar o roteiro para passar para a senhora logo cedinho, tudo bem? - Eu não poderia ter contratado pessoa mais experiente para aquela área.
- Ótimo. Obrigada, Daivy. Vou me preparar.
Quando ele fez menção de desligar, o chamei.
- Pode me chamar de Rebeca. - Escutei ele sorrir do outro lado da linha e eu também sorri, grata.
Desliguei o telefone e me joguei na cama, encarando o teto. Meu Deus! Como a minha vida pôde mudar tanto em poucos dias, poucas semanas?
Participar daquele programa seria o maior desafio que eu já pude desfrutar em toda a minha vida.Em instantes, Daivy já estava comunicando sobre a entrevista com os outros do estúdio e eu desci para jantar e falar sobre a entrevista com o meu irmão e pedir suas dicas, já que ele participou do mesmo programa um tempo atrás.
- É só ser você mesmo. - Deu de ombros, enfiando uma garfada de macarrão na boca. - Não há truques e eu não posso deduzir as perguntas que cairão, porque raramente eles repetem as perguntas. Então... só respire.
- Como se fosse fácil, né, Alex. - Pensei por um instante. - É um salto muito grande para mim. Até pouco tempo atrás eu não tinha mais do que dez alunos, hoje já conto com mais de trezentos e milhares de seguidores no Instagram. Não sei bem o que fazer a partir de agora é para falar a verdade, estou assustada. - Murmurei as duas últimas palavras e abaixei o olhar.
- Ôh maninha, eu sei como é estar na sua pele, mas não se assuste. Ao contrário, se anima! - Olhei para ele. Senti tanta ternura. Eu não era nada parecida com Alex, até porque, éramos irmãos adotivos, mas tinha algo que tínhamos em comum: força de vontade, vontade de vencer na vida. - Tudo está acontecendo por causa do seu talento e você sabe disso! Se anima porque mais do que tudo, EU estou na torcida por você. Estou sempre ao seu lado...- Ele estendeu a sua mão sob a mesa e eu estendi a minha também. Não importava o que acontecesse, se meu estivesse orgulho de mim, isso bastava.
- Obrigada. Eu te amo muito. - Falei, tentando não chorar.
- Eu também te amo demais. A única coisa do mundo que faria eu largar tudo. - Eu sorri, feliz. Ainda que eu sofresse na vida, eu tinha o meu irmão e isso bastava.
Naquela noite, peguei algumas dicas com Alex sobre como me comportar e esperar sair primeiro as perguntas e responder com cautela.
Ouvi atentamente e depois das dez da noite, me retirei para o meu quarto, me jogando na minha cama novamente. Tirei o dia de amanhã para acordar mais tarde e me arrumar, não compareceria a escola devido a entrevista.Meus pensamentos voaram até Adrien e no seu girassol. Pensei que um girassol não bastaria e que aquele logo morreria. Com essa desculpa esfarrapada, pesquisei seu nome no Instagram e digitei a seguinte mensagem:
" Esse girassol vai morrer e eu ficarei muito triste. Um não é o bastante, Rodrigues."
Esperava que ele não me chamasse de ingrata por isso e como ele me chamava de Garcia – combinava tão bem comigo, nunca imaginei que seria tão perfeito, – imaginei que poderia chamá-lo de Rodrigues.
Enquanto esperava uma resposta, fiz minha skin care noturna. Quando meu celular vibrou, corri para pegá-lo e sorriu quando vi que a mensagem era dele."Se quiser, posso te mandar um punhado de girassóis para você ou um por dia, você que sabe. Não é muito para mim."
Dei um sorriso tão bobo quando li a mensagem e tapei meu rosto com o travesseiro, pensando no que responder.
"Eu gostaria."
Pensei no convite e imaginei se meu irmão já teria falado com ele e então abordei o novo assunto, ainda mais entretida na conversa.
"Meu irmão falou com você sobre a viagem para Malibu? Você vai?"
Tomara que sim!
Tomara que sim!
Tomara que sim!Eu torci mentalmente, rezando para ele dizer que sim, que iria viver aquela experiência conosco.
Mas quando a mensagem chegou, retirei imediatamente o sorriso do meu rosto."Não."
***
Seguinte...
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Como Consertar Meu Coração.
Novela JuvenilA decepção é realidade frustrante de colocar ou criar expectativas e no final tudo dar errado. Rebeca perdeu o seu chão quando seu namorado a traiu com a sua melhor amiga. As decepções são inevitáveis. Por mais que ela fosse melhor, o melhor é sub...