Ele não retornou desde aquele dia.
A única pessoa que eu via, era o seu irmão.
Ele trazia duas refeições todos os dias, com água. Os sucos acabaram no dia em que Kael saiu pela porta e não retornou.
O irmão dele não respondia a nada que eu perguntava, entrava com o prato e saia sem ele, sem sequer abrir a boca.
Todos os dias quando a porta se abria, eu tinha esperança, e toda vez que ela se fechava, a levava junto consigo.
Todos os dias, colocava um pouco de comida embaixo da cama para que um rato comesse ela, se ele sobrevivesse, eu comia o que restava no prato.
Nenhum rato morreu.
Dias se passavam e eu não fazia ideia de aonde ele estava, ou se retornaria, quem sabe estava agora mantendo no mesmo cativeiro outra pessoa...
Não me permiti pensar em detalhes.
Mas conforme os dias se passavam, percebi que estava recuperando a massa que havia perdido, meu rosto já não estava tão pálido, e pela contagem da luz e do escuro através da pequena fresta na parede, contei duas semanas.
Com mais forças a minha disposição, veio sentimentos fortes também.
Meu psicólogo ainda estava abalado, mas a cada dia, me conformava mais com o fato de que as pessoas lá fora não gostavam de mim. Que ao ver delas, eu era uma criança mimada.
Ao ver de Kael.
Nunca me veriam novamente, e essa onda ia passar ora ou outra.
Eu já havia desistido de falar com o irmão de Kael, suas entradas já não significavam mais nada, e naquele dia não era diferente, até que um som do lado de fora perturbou ele, que ficou ereto e pôs a mão no cós da calça.
E sacou uma arma.
Ele carregava uma arma sempre que entrava no quarto? Meu corpo estremeceu.
Mas sua atenção não era para mim.
Ele saiu cuidadosamente do quarto, um passo após o outro com a arma em mãos.
E deixara a porta aberta.
Meu coração rugia para que eu corresse o mais rápido possível, mas minha cabeça dizia para que ficasse quieta. Ele devia estar fazendo um teste. Aquela arma podia ser para mim.
Um breve momento e houve uma inquietação na casa.
Minha mente estava a mil. Ninguém apareceu na porta.
Me levantei e me esgueirei até a porta, o mais silenciosamente que consegui, cruzando o batente. A última vez que eu estive ali fora no dia que cheguei, ou no dia seguinte. Não há como saber.
Sai pela porta e cruzei o corredor, escolhendo a esquerda, assim que passei pela virada, me dei de cara com o irmão de Kael.
Merda.
— Garota insolente — ele agarra meu pulso com força o suficiente para doer e me puxa para onde vim.
Tento recolher meu braço, esse aperto dói.
Isso só faz com que ele aperte mais.
— Me solta!
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𝓨𝓸𝓾𝓻, 𝙵𝚘𝚛𝚎𝚟𝚎𝚛 𝘢𝘯𝘥 𝙀𝙫𝙚𝙧
RomanceEsse criminoso promete ser a catástrofe de sua vida, um serial killer contratado para tirar a vida de Emily Carson. Maldito seja Kael Antonella.