[ Olá! Um capítulo pequeno, mas apenas para mostrar um pouco do ponto de vista do nosso peão violeiro! Obrigado pela atenção. ]
- Capítulo 09: Trindade -
Tê-la em meus braços foi confortável, sua pele gelada tocando a minha quente, um contraste estranho, mas de alguma maneira consegui sentir algo diferente. Pela primeira vez o cramulhão soprava enigmas, palavras difíceis de compreender.
Naquele momento meu coração errava uma batida, a preocupação percorria dentro de mim.
O vento cortava o ar enquanto eu galopava pela estrada. O cavalo respondia aos meus comandos, suas patas batendo no solo com força. Tibério seguia logo atrás, seu cavalo também em galopes rápidos.
Respirava fundo, sentindo o cheiro da terra molhada e do suor dos cavalos. Torcia para chegarmos logo à fazenda. A mulher estava inconsciente, seu corpo frágil e frio contra o meu peito. Não sabia exatamente o que estava acontecendo comigo naquele momento, mas só conseguia pensar nela, na ruiva em meus braços.
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Agora estou aqui, apenas pensando naqueles lindos olhos verdes. Assim que meu olhar encontrou o seu, não pude conter um sorriso.
Todos estavam preocupados com Ruby, a mulher que antes era totalmente desconhecida por mim. Após alguns minutos que a ruiva acordou e a discussão acabou, o patrão mandou eu, Tibério e Tadeu para o trabalho. Claro ainda tínhamos muito o que fazer. Fique incomodado de sair sem antes falar ou analisar melhor a mulher encantadora.
Apenas soltei um suspiro pesado.- Que foi peão? Tá perdido. - Tibério falou do meu lado, apenas levantei os olhos em sua direção.
- Só pensando, peão. - solto um sorriso divertido.
- Ah larga a mão! Ocê' tá é pensando na moça né? - ele responde com um sorriso maroto, cutucando meu ombro de maneira brincalhona.
- Sai fora Tibério, só achei tudo aquilo estranho. - indireto a postura. - Quem tá pensando numa moça é ocê, Muda né? - vejo Tibério mudar de cor, isso pode ser a vergonha no momento.
- Eu acho que tamo proseando demais!
- Oxe! Com vergonha peão? - brinquei com sua expressão, compartilhamos alguns risos depois.
Depois da nossa conversa, peguei meu chapéu e saí para terminar meus afazeres. O sol estava alto, lançando sombras longas sobre o chão poeirento da fazenda. O trabalho era árduo, mas eu me sentia em casa, entre os campos e os animais.
Mais tarde, voltamos ao alojamento. Estava cansado e suado, a poeira grudada na pele e o cheiro de terra impregnado nas roupas. A luz do entardecer pintava o céu com tons de laranja e rosa, e eu me permiti um momento de descanso.
Finalmente, pude tomar banho. A água morna escorria pelo meu corpo, tirando a sujeira e o cansaço. Fechei os olhos e respirei fundo, sentindo a tensão dos músculos se dissipar. O cheiro do sabonete era simples, mas reconfortante. Meus cabelos, antes emaranhados e empoeirados, agora estavam limpos e soltos.
A noite caiu, e eu ainda estava acordado. O silêncio era profundo, apenas o vento sussurrando pelas frestas do alojamento. O resto da peonada estava dormindo, suas respirações ritmadas e tranquilas. O cansaço persistia, mas o sono teimava em não chegar.
Não aguentava mais. Me levantei da cama, a noite lá fora parecia chamar meu nome. Segui em passos calmos e sem rumo, a luz da lua iluminando meu caminho. Até que minha visão foi agraciada com ela: a mulher de cabelos vermelhos como o fogo. Senti um suspiro escapar, escondido pelas sombras que se faziam presentes. Ela estava ali, misteriosa e com uma expressão serena, como se fosse parte da própria noite.
A primeira vez que vi Ruby, seus olhos verdes me prenderam. Eram como esmeraldas brilhantes, capazes de revelar segredos e ocultar outros. Seus cachos ruivos dançavam ao vento, rebeldes e cheios de vida. Mas o que mais me marcou foi seu olhar determinado, como se ela carregasse o peso do mundo nos ombros. Porém, por trás de toda aquela coragem, havia uma tristeza profunda, algo que eu não conseguia decifrar completamente.
' Ela é seu destino '
O sopro do tinhoso fez meu corpo estremecer.
Pude escutar sua voz calma, aquilo fez um sorriso pequeno surgiu em meu rosto. Finalmente sai do meu pequeno "esconderijo".— Cê tá com Sardade', porque ficou aqui? – me aproximei com passos lentos até ficar frente a frente com ela. Aquele feitiço em seus olhos, que eu não poderia escapar com facilidade.
— E ocê porque não cuida da sua vida? – arrebate rapidamente.
— A moça é cheia das respostas, pra alguém que ajudou ocê. – dou um passo adiante e vejo ela se afastar de forma arredia. – não tenha medo.
— Não tenho medo de nada. – ergue a cabeça mostrando confiança. Sua expressão é pensativa e logo depois conclusão dos seus pensamentos. – Agora entendo, ocê que foi xeretar a tapera né?
— Sim, eu mesmo, Xeréu Trindade, seu único criado. – estendi a mão em sua direção, ela olhou desconfiada, mas não fez nada, fui ignorado, soltei um suspiro. – Ocê é a Ruby, não fomos apresentados devidamente. O que a moça faz aqui fora?
— E Pur'que ocê que sabe? – a ruiva se afastou novamente, se escondendo com a manta que a cobria do frio.
— Só curiosidade, não é bão andar sozinha por aqui. – olhei pelos lados, estávamos realmente sozinhos.
— Ocê é xereta, eu sei me cuidar! – aos poucos sinto o tom da sua voz se alterar e logo depois um empurrão, fazendo minhas costas baterem na parede próxima.
Ela me empurrava literalmente para longe, e a dor nas minhas costas era um lembrete constante da sua força.Mas, estranhamente, eu a admirava por isso.
A ruiva saiu correndo, seus cabelos flamejantes voando atrás dela como uma bandeira de desafio. Ruby não era uma mulher que precisava de proteção; ela era uma tempestade em forma humana, capaz de enfrentar qualquer adversidade com uma determinação feroz.Enquanto a observava desaparecer na escuridão, vi a bravura em seus olhos.
Levantei, massageando minhas costas doloridas. A noite estava silenciosa, apenas o vento sussurrando entre as árvores. A lua brilhava acima de mim, e eu me permiti um momento de reflexão.
E naquele momento, sob o manto prateado da noite, eu soube que não poderia mais fugir. Ruby havia se tornado parte do meu destino, e eu estava disposto a enfrentar todos os mistérios que ela trazia consigo. Afinal, o fogo que ardia em seus cabelos também queimava em meu peito, e jamais irei ignorar.
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◌◦𝙐𝙢 𝙇𝙤𝙗𝙤 𝙑𝙚𝙧𝙢𝙚𝙡𝙝𝙤 - PANTANAL ᠂◞
Fanfic━━──🍂── ◌◦Ruby é uma mulher que cresceu longe da civilização, com uma estranha magia correndo por suas veias. Ela é a única herdeira de uma longa linhagem antiga. Após ser acolhida pela família Marruá, Ruby finalmente encontra um novo lar, mas a do...