2_Noite chuvosa

43 7 25
                                    

Dois dias se passaram e eu não vi o garoto desconhecido novamente, nenhum sinal mínimo dele. Durante esse tempo ele viveu sua vida normalmente, o problema era que a carne do coelho já tinha acabado, então precisava sair para caçar, o único problema era que já estava escurecendo e caçar a noite não era uma boa ideia. Na verdade era uma ideia de merda.

Então sua única opção era esperar até o outro dia, e era isso que faria, eu olhei os armários e encontrei cereal e leite na geladeira, essa seria a minha janta hoje, afinal eu esqueci de ir até o mercado então não tinha nada além disso para comer.

Eu peguei uma tigela média de porcelana e coloquei uma quantidade boa de cereal, em seguida fiz o mesmo com o leite, cobrindo o cereal com leite, por fim peguei uma colher e fui até a sala de estar. Me sentei no sofá macio, pegando o controle da televisão e colocando em algum canal aleatório em que estava passando algum filme de ação.

Enquanto comia o cereal com leite, em algum momento que não foi registrado com precisão por mim, como a chover, bem estava nas previsões do tempo então não foi surpresa, foi dito também que ficaria bem frio essa madrugada. E nesse momento, por algum motivo a minha mente voltou a imagem do garoto, eu não deveria me preocupar com ele, definitiva não deveria, mas me preocupei.

Ele disse que morava na floresta, porém eu nunca vi nenhuma outra construção por essas matas, e olha que nesses dois anos já andei por toda essa floresta. A cidade não era nem minimamente perto para para que o garoto pudesse simplesmente ir andando de um lado para o outro, indo e vindo quando quisesse sem um carro ou moto, oque eu duvido que ele tenha. Então cheguei a conclusão que o menor poderia simplesmente morar sim literalmente na floresta, tipo no mato, sem ter uma cama ou teto sobre sua cabeça durante a noite.

Ele estava lá fora nesse momento, a mercê das gotas frias da chuva, e do vendo gelado da noite, ele poderia adoecer e até se machucar.

Mas eu definitivamente não sairia agora para procurar ele por essas matas, nem fodendo, ele sabe onde eu moro e disse conhecer a floresta inteira, então se quiser um teto por uma noite, ele que venha até mim.

Foi isso que eu pensei por alguns minutos curtos, tentando me convencer que realmente não valia a pena sair e procurar ele por perto para talvez encontrar o garoto encolhido de frio em algum lugar, mas suspirei frustado e resmunguei um xingamento, quando a minha moral me disse que eu estava sendo um puta cuzão de merda.

Desde quando eu me preocupava em ser moralmente correto? Oque diabos estava acontecendo comigo?

Quando coloquei a tigela de porcelana - agora vazia - na mesa de centro, eu olhei para a janela, na intenção de ver o quão forte estava a tempestade, mas pulei de susto quando vi um pequeno animalzinho estranho pendurado na janela, olhando diretamente para mim. Eu definitivamente nunca tinha visto um animal igual a esse antes, de alguma maneira inexplicável o animal parecia brilhar, seu pelo era curto e azulado, seu tom puxava levemente para o verde claro, nos seus olhos não era possível ver sua pupila, era apenas branco e muito brilhante, e por fim tinha um estranho símbolo desenhado em sua testa, parecia algo como uma flor de cabeça para baixo.

Era bem exótico e estranho, mas também muito belo aos meus olhos, virei levemente a cabeça para o lado quando notei que o animal parecia aprontar com o focinho na direção da porta de entrada da casa. Ele queria entrar?

Antes que eu pudesse terminar a minha linha de raciocínio, o animalzinho pulou da janela, sumindo da minha visão, eu levantei do sofá e corri até a porta, pensando que ele poderia ter ido até a porta para entrar, então eu daria passagem para ele. Porém ao abrir a porta Não tinha nenhum sinal do animal, na verdade tinha sim algo na minha porta, mas era o garoto estranho que minutos atrás eu estava preocupado.

𝐄𝐬𝐩í𝐫𝐢𝐭𝐨 𝐚𝐝𝐨𝐫á𝐯𝐞𝐥 | ᴹᵃˡᵉ ᴿᵉᵃᵈᵉʳ ˣ ᴿʸᵘˢᵉⁱOnde histórias criam vida. Descubra agora