Legados - Meu Eterno Shelby II

59.Meu olá favorito

3 dias depois

[ P.O.V PHILLIPE ]

Já haviam se passado quase três semanas desde que estávamos viajando por todo país, visitamos muitas cidades, pessoas importantes, escolas, orfanatos e etc. Eu já havia perdido as contas de quantas lugares visitamos e de quantas pessoas conheci. Mas eu poderia contar em uma mão os poucos momentos em que tivemos sozinhos como uma verdadeira família. Eu estava contando os minutos para tudo isso acabar, era simplesmente insuportável passar praticamente o dia todo com os meus pais e ainda ter que fingir um sorriso a cada segundo.

A essa altura já estava mais que claro que a suposta viagem em família foi apenas uma mentira de meu pai para me convencer, ele era muito bom nisso. A coroa estava acima de qualquer coisa, acima da família, acima dos princípios e com toda certeza acima do coração. Esse mundo era tudo o que eu conhecia, eu não conhecia nada além de riquezas, segredos, mentiras e muito jogo de poder. Eu era apenas um reflexo, e eles eram o meu espelho, estava no meu sangue, na minha natureza.

— Infelizmente dessa vez não foi possível, mas prometo que vamos fazer uma viagem em família. - Meu pai diz, tomando seu café. - Está me ouvindo Phillipe?

— Hum? - Olho para ele, saindo de meus pensamentos. - O que eu deveria fazer? Fingir que acredito? - Arqueo a sobrancelha.

— Sempre tão rancoroso, eu já disse que vou recompensar. - Revira os olhos. - Você sabe que temos prioridades maiores, nem tudo é diversão.

Ele não se cansava de deixar claro o quanto dava  valor a todo o seu poder e nada mais importava. Éramos meros acessórios em sua coroa, eu não fui fruto de um amor, mas sim de um casamento arranjado, eu era uma das cláusulas mais importantes do contrato. E o mais patético era que todos viviam bem com isso, cuidando de suas vidas e exercendo seus devidos papéis. Não tinha emoção, não tinha absolutamente nada, tudo era aparência e eu não era muito diferente dos demais...

— Eu entendo, não se preocupe. - Assinto, respondendo de forma fria.

— Você sempre foi apagado a promessas. - Desdenha. - Tem que parar de ser tão sentimental, não é mais um garoto.

— Eu não costumo quebrar as minhas, apenas isso. - Limpo minha boca e me levanto.

— Aonde pensa que vai?! - Me olha seriamente.

— Perdi a fome, nos vemos no carro. - Digo enquanto caminho até a porta.

— Phillipe volte aqui! - Minha mãe  chama por mim.

Simplesmente saio e antes que eu pudesse me afastar da porta, ouço dizerem:

— Eu vou dar um jeito nele. - Minha mãe diz.

— Deixe! - Ouço meu pai dizer. - Não vamos piorar a situação, você sabe como ele é. Em breve o drama acaba e ele volta a ser um homem.

Era assim que eles viam qualquer tipo de emoção contrária a ambição e frieza, qualquer mero sentimento era fraqueza. Me segurando para não voltar lá, vou às pressas para meu quarto, eu nem ao menos conseguia entender o porque eu ainda me estressava nessas situações. Eu conhecia bem o meu pai e por incrível que pareça ele ainda era melhor que a minha mãe, ela era a pior, e mesmo assim eu os amava por serem minha família, o amor que eles me ensinaram era o único que eu conhecia. Mas doía, porém eu achei uma arma pra acabar com tudo isso, frieza, o segredo era não amar coisa nenhuma.