- 05

66 20 6
                                    

o seu voto me ajuda muito.

K I N A — 09

Acho que subir as escadas não basta. — falo num tom mais alto do que gostaria.

Fizemos uma roda para decidir sobre como repartir a comida e como vamos correr as escadas a partir de agora. Quanto mais subimos, mais ficamos com fome, e a comida infelizmente não aumenta.

O Sete me olha, parece desapontado, como se fosse um segredo nosso, mas não é.

— Como assim? — Oito pergunta com um tom malicioso, como se estivesse prestes a pagar um boquete. Talvez tenha pagado, mesmo.

Olhem todas essas câmeras. — aponto para elas e todos acompanham — A gente achou que essas câmeras eram de supervisão, como se quem colocou a gente aqui estivesse olhando a gente.

— E não é? — A Dois pergunta.

— As câmeras não funcionam? — o Três pergunta, agitado como sempre.

— Elas funcionam. — o Sete fala. — E tem mais pessoas vendo.

— Eu não 'tô entendendo — O Um fala.

— Essas câmeras provavelmente funcionam, mas não só pra quem organiza o jogo. — O Sete começa a explicar — Se for o que eu 'tô pensando, estamos sendo gravados para um programa de TV.

— Pessoas assistem a gente?! — A Oito sorri, olha pra várias câmeras e começam a fazer poses.

— Sim, e o lance não é só subir escadas ou fazer pose. Pessoas querem entretenimento.

— Espera ai, vocês dois combinaram de falar com a gente? — A Quatro pergunta.

— Estão de namorico? — A Cinco me dá um tapinha e sorri.

Nós dois ignoramos a pergunta. Ele mexe no cabelo e ajeita os óculos. É um costume.

— A questão é — chamo atenção de volta — que a gente precisa entreter essas pessoas pra ganhar mais tempo.

Todos ficam confusos, pensando no que fazer para ganhar mais tempo, então o Sete tem uma ideia: formamos uma roda e discutimos ideias.

A Quatro canta, o Três também, o Um faz uma apresentação e o Sete toca instrumentos com o nariz.

Quando vou me levantar para apresentar, a Oito se levanta. Ela vai até o Sete com um olhar malicioso e eu fico incomodada.

— Vamos pro quarto. — ela passa a mão no ombro dele. O corpo dele fica tenso e ele ajeita os óculos de novo.

Oito, eu acho...— ele tenta falar, mas ela o interrompe.

— Em um show de talentos as pessoas mostram o que fazem de melhor. — ela leva a mão até a boca, como se estivesse fazendo um boquete.

Encosto o cotovelo no joelho e escondo os olhos com as mãos.

— É uma vadia. — a Dois sussurra.

— Tudo bem...— a Oito vai até o Seis — E você?!

Ele não fala nada, só se levanta, pega a mão da Oito e vai até o quarto dela.

— Tudo bem. — a Cinco se levanta, ajeita a calça e sorri — Quem é o próximo?!

— Vamos esperar. — o Sete começa — Por alguns minutos.

Depois de 15 minutos, o placar aumenta 69 horas.

— Sessenta e nove horas?! Que irônico. — a Cinco comenta.

— Ela deve ser boa no que faz. — a Dois fala, se levanta e vai pro quarto.

De repente, todos estão em seus quartos. Eu subo e o Sete vem atrás.
Quando passamos pelo quarto dele, não espero que ele suba e ele não o faz. Vamos para o meu quarto.

— Você não se apresentou. — ele fala assim que entra. Seguro a porta pra ele.

— Não gosto de mostrar meus talentos em público. — faço uma piada e o Sete ri — Mas e você?! Tocar com o nariz? É nojento! — ele ri mais ainda.

Nós nos sentamos na minha cama.
Ele me encara por um tempo e eu não fico desconfortável em encarar de volta.

Nossas conversas são normais de amigos, não vejo nenhuma maldade nele, então me mantenho tranquila.

— Você tem algum talento? — ele pergunta.

— Tenho.

— A gente não 'tá em público.

— Eu fico nervosa mesmo assim. — sorrio fraco. Sinto meu coração bater um pouco mais forte, mas ignoro a sensação.

— É algum talento parecido com o da Oito? — ele sorri — Sessenta e nove horas? Esse programa da muitas dicas pra gente!

— Não, mas são parecidos, de alguma maneira.

— Que pena.

— Não conseguiria transar com você depois de te ver tocando com o nariz. — nós dois rimos com o comentário.

— Sabe— ele fica pensativo — eu gosto de falar com você. Eu confio em você.

— Não mente, Sete. — dou um empurrão nele de leve — Eu não sei o seu nome, te vi a poucos dias, nem te conheço. É legal falar com você, mas não tem que confiar em mim.

— Eu confio, sim.

— Eu não confio em você.

— Vai ter tempo pra confiar. — ele fala tranquilo, convencido.

— Tá bom. — me levanto, querendo que ele se levante também. Pra sair do meu quarto.

Se você precisar de mim...— ele se levanta e vem até mim.

— Pra transar comigo? Me desestressar? — sorrio sarcástica — Não vou precisar. E caso você precise, não me chama.

THE 8 SHOW - número nove.Onde histórias criam vida. Descubra agora